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O espírito do Primeiro Mandamento

Da edição de maio de 1991 dO Arauto da Ciência Cristã


O Primeiro Mandamento é tão básico e fundamental para os ensinamentos de Cristo Jesus, que seria difícil nos denominarmos cristãos se não tomássemos esta imutável lei da tradição judaico-cristã como ponto de partida para nossas orações e nosso dia-a-dia.

Que nos diz esse mandamento?

O CENÁRIO

Examinemos, em primeiro lugar, a breve e significativa introdução aos Dez Mandamentos, constante da Bíblia: "Então falou Deus todas estas palavras: Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão" (Êxodo). Dessa introdução e dos mandamentos seguintes aprendemos coisas importantes sobre Deus. Primeiro: que o próprio Deus nos deu os mandamentos. Segue-se daí que os mandamentos não têm origem humana. De igual importância é outro ensinamento dessa introdução: Aquele que outorgou os Mandamentos, ou "Dez Palavras," é um Deus que tem um registro incontestável de boas açães: Eu "te tirei da terra do Egito." Deus, portanto, não é fruto da imaginação ou da filosofia humana, mas é um Deus que responde por meio de atos comprovados de libertação.

"DEUS FALOU"

Analisemos mais a fundo esta notável afirmação contida nos Dez Mandamentos — "Deus falou". O que disse Ele? Trata-se de uma mensagem que revela à consciência humana a verdadeira natureza de Deus. Conseqüentemente, o Decálogo não constitui uma lei apenas para o povo hebreu; trata-se, sim, de uma lei universal, ou melhor, não uma lei universal, mas a lei para o homem e o universo!

"Deus falou." Duas simples palavras que revelam uma profunda convicção transmitida pelo Antigo Testamento: o fato de que Deus é na realidade o único criador de tudo; que nada pode ser corretamente interpretado a menos que Deus esteja na premissa de nosso pensamento. Atesta que toda ordem e lei procedem de Deus, da Mente infinita, não de um cérebro humano limitado, ou de um conclave de mentes humanas iluminadas. A lei e a ordem, portanto, expressam a própria natureza de Deus como Princípio, causa perfeita, a verdadeira origem e fonte de todo desejo, sentimento, pensamento, ação, forma e motivo bons.

Outro aspecto marcante do prefácio dos Dez Mandamentos é que Deus refere-Se a Si mesmo de forma direta e clara. "Eu sou o Senhor teu Deus." Apenas isso! Eu sou Único. Nenhum outro. Nada de argumentos. Nenhuma explicação é dada. Nenhum raciocínio elaborado é desenvolvido. Nada de teorias. Nenhum apelo à razão e à lógica. Nenhum apelo a alguma autoridade exterior. Apenas uma afirmação sobre um fato, na certeza de que apenas isso é necessário dizer.

A COMPROVADA CAPACIDADE DE DEUS

Deus tirou o povo "da terra do Egito, da terra da escravidão" e o libertou. A idéia é clara. Tendo Deus sido capaz de libertar o povo uma vez e em circunstância tão extraordinária, que o fato ainda hoje é lembrado, Ele poderá fazê-lo de novo, quantas vezes forem necessárias. Ele o fará porque Ele é Princípio imutável. Podemos, então, estar certos de que também hoje Ele pode libertar-nos e o fará, porque Deus, o Princípio, é Amor sempre ativo. É esse Amor que nos liberta porque o Amor está baseado na lei divina e não na importância da posição social das pessoas ou nas realizações humanas; não se fundamenta no capricho ou na vacilação, na parcialidade ou na predileção. O Amor, como Princípio, não tem favoritos.

O PRIMEIRO MANDAMENTO: DEUS É TUDO

A mensagem que o Primeiro Mandamento nos transmite é de que Deus é Tudo e essa mensagem é tão profunda quanto simples. Aliás, é tão simples que poderá ser facilmente negligenciada por suas palavras nos serem muito conhecidas. Elas simplesmente dizem: "Não terás outros deuses diante de mim."

A mensagem é simplesmente esta: há um único Deus, o bem infinito e nada mais. Nenhuma outra consciência, nenhum outro deus ou deuses, nenhum outro poder ou presença, ou seja, absolutamente nada; e nada existe que se Lhe oponha. Ele é Tudo-em-tudo. Além d'Ele não existe Espírito e matéria; não existe Amor e ódio, como um "complemento" que Lhe seja "necessário:" não existe Vida e morte como o "lado obscuro da Vida," nem tampouco Verdade e erro como concomitantes da Verdade, nem mesmo Alma e pecado, nem tampouco luz e trevas. Há apenas Verdade, Vida, Amor, Espírito. Há unicamente Deus, o Princípio, a fonte de todo ser.

A NATUREZA DO HOMEM

Ora, se há apenas Deus e nada mais, onde se encaixa o "homem" nessa totalidade? O homem não é "nada?"

Como Deus é a causa única, ou o único criador, esse criador deve ter criado algo que possa ser identificado como Sua criação. Um pai sem filhos não seria pai; um pintor sem quadros não seria pintor. Deus, sem a expressão de Sua presença e o poder do bem, seria incompleto, não seria Deus. Em outras palavras: Deus, o criador, é causa. A causa tem de ter um efeito. O criador tem de ter uma criação. Ambos andam juntos.

Deus Se expressa e a expressão de Deus é o homem. O homem, o efeito, é a própria evidência de Deus, a causa. Ele é a composição de Deus, Seu poema, Sua obra de arte. Deus e Sua expressão são um.

O AMBIENTE ONDE O HOMEM VIVE

Quando aceitamos a infinidade da totalidade de Deus, a diferença entre o "interior" e o "exterior" torna-se irrelevante. O homem criado por Deus está sempre na Mente. O homem, a expressão do Princípio, ou Mente, só pode ver, sentir e vivenciar as idéias e os elementos da Mente que o cerca. A Bíblia o confirma no livro de Atos com esta memorável afirmação: "Nele [Deus] vivemos, e nos movemos, e existimos."

A Mente de fato determina a vida do homem e como o homem é a corporificação da substância, dos elementos e das qualidades da Mente divina, ele vive como expressão da Mente. O Apóstolo Paulo tinha, portanto, bons motivos para assim aconselhar aos Gálatas: "Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito."

NOSSO DEVER: IDENTIFICAÇÃO CORRETA

De um modo geral seria honesto dizer que "conhecemos" o Primeiro Mandamento, mas que Deus e o homem que Ele criou continuam em grande parte "desconhecidos." Em vez de percebermos o homem perfeito, criado por Deus, vemos a humanidade, uma espécie de homem, como uma mistura entre bom e mau, por vezes mais mau que bom! Por quê? Isso deve-se á ignorância que temos de Deus e de Sua O resultado, portanto, é que fazemos uma identificação errônea. Por exemplo: em nossa ignorância de Deus talvez identifiquemos a causa com a matéria, com o indivíduo, com o corpo material, com o cérebro, com o meio ambiente, com um vírus, apesar de o Primeiro Mandamento nos admoestar que não devemos ter outra causa além do Espírito, o bem.

Por ignorância, talvez identifiquemos a divina com a lei da probabilidade, da hereditariedade e com tabelas de mortalidade humana. O Primeiro Mandamento, no entanto, é enfático. Assevera que temos de reconhecer apenas a lei que procede de Deus, o Princípio, e nenhuma outra. Por ignorância talvez relacionemos substância com uma conta bancária, com um bom emprego, com posição social ou fama. O Primeiro Mandamento, porém, deixa claro que a substância só é substância quando deriva do Amor, Deus. Por ignorância talvez confundamos o conhecimento com ciências naturais e sociais, com fatos humanos e opiniões. O verdadeiro conhecimento, no entanto, é a Ciência, e a Ciência é divina, não humana, porque a Verdade, Deus, é sua fonte.

Se desejamos obedecer ao Primeiro Mandamento precisamos deixar de fazer identificações incorretas e passar a identificar corretamente a todos e a tudo. Ao voltar a identificar todas as coisas em sua natureza original espiritual, verificaremos que os efeitos da identificação errônea — o pecado, a doença e a morte — serão curados.

NOSSO PRIMEIRO AMOR

Para tomar o rumo correto precisamos estabelecer nossas prioridades. Certo dia meu filho de seis anos aproximou-se de mim muito pensativo e perguntou: "Papai, é verdade que quando penso que alguma coisa é mais importante do que Deus, essa coisa é meu deus?" Creio que ele percebeu o espírito do Primeiro Mandamento. Sempre arranjamos tempo para fazer as coisas de que gostamos. O Primeiro Mandamento, porém, fala de prioridades verdadeiramente importantes, não apenas das prioridades que competem entre si. Fala de nosso verdadeiro primeiro amor, Deus.

Será que nosso amor a Deus se transformou num amor entre muitos outros? O livro de Isaías nos admoesta sobre esse perigo: "Ó Senhor Deus nosso, outros senhores têm tido domínio sobre nós." A admoestação não pára aí. A essa descrição do quadro humano, um quadro onde há muitos deuses e desafios, acrescenta esta certeza: "mas graças a ti somente é que louvamos o teu nome." Não está versículo dizendo que somente Deus pode ser a fonte do bem em nossa vida? que somente o Amor pode ser a fonte do amor? que apenas a Vida pode dar ímpeto a nossos esforços? Seguir essa orientação por certo exige disciplina, vigilância constante e oração. O cumprimento desse propósito não é fácil, mas compensa. A recompensa se manifesta sob a forma de cura e regeneração espiritual.

É grandioso o resultado da correta identificação e da seleção de pensamentos e desejos, frutos da obediência ao Primeiro Mandamento. A Sra. Eddy descreve essa regeneração de forma maravilhosa em Ciência e Saúde: "Um só Deus infinito, o bem, unifica homens e nações; constitui a fraternidade dos homens; põe fim às guerras; cumpre o preceito das Escrituras: Amarás o teu próximo como a ti mesmo'; aniquila a idolatria pagã e a cristã — tudo o que está errado nos códigos sociais, civis, criminais, políticos e religiosos; estabelece a igualdade dos sexos; anula a maldição sobre o homem, e não deixa nada que possa pecar, sofrer, ser punido ou destruído.

Se esse é o fruto da obediência ao Primeiro Mandamento, quem duvidará, ao contemplar o mundo de hoje, de que temos urgente obrigação de nos fazer esta pergunta, do seguinte hino:

Como apressar o tempo, e dizer
Que o dia enfim virá,
Quando a glória de Deus toda
a terra encher
Como as águas cobrem o mar?

Comecemos agora por esse ponto de partida! Todos sabemos que esse é o único ponto de partida válido se quisermos ser cristãos genuínos. Temos outra escolha?

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