Muitos livros, filmes, programas de televisão e canções populares ilustram o amor romântico como sendo o verdadeiro amor, como o relacionamento ideal entre um homem e uma mulher. De acordo com essa teoria, se tivermos sorte encontraremos alguém feito sob medida para nós e nós também seremos o ideal desse alguém.
Muitas vezes, porém, até nossos melhores esforços para manter um bom relacionamento não são bem sucedidos, ou um casamento termina em divórcio. Isso nos ensina que personalidades e circunstâncias mudam e não raro falham em prover estabilidade, harmonia e paz duradouras.
Como podemos curar um coração partido ou alicerçar relacionamentos em base de alegria e harmonia, que seja firme e duradoura? Pelo amor — o verdadeiro amor.
A Bíblia nos ensina em 1 João, que "Deus é amor" e afirma que somos Seus descendentes. Porque o Amor, Deus, é o único criador e tudo o que cria deve ser semelhante a Ele, segue-se que todos os Seus filhos expressam amor. Assim o amor, em vez de ser uma emoção ou um sentimento passageiro por outra pessoa, precisa de uma base espiritual mais profunda. Em verdade, todos nós somos a imagem do Amor. Não há amor mais autêntico do que aquele cuja base é o Espírito, que o descendente de Deus expressa.
A inteireza compensadora de nosso relacionamento com Deus, como a expressão do Amor, é o que todos nós, no âmago de nosso ser, almejamos alcançar. Como o Amor não poderia existir sem nós, seu reflexo, nem nós sem o Amor, encontramos nesse relacionamento tudo o de que precisamos. Ao refletir Amor, sentimo-nos amados. Essa convicção interior de que Deus nos ama toma forma de modo inteligível e visível.
Um jovem, por exemplo, sentia necessidade de companheirismo. Mas não tinha ilusões nem vontade de procurá-lo em festinhas e locais públicos noturnos. Finalmente, afastou-se dessas atividades com decisão. Pediu a um praticista da Ciência Cristã que orasse por ele e iniciou um estudo profundo de seu verdadeiro relacionamento com o Pai-Mãe Deus. Esse jovem orou persistentemente todos os dias para reconhecer a ternura, a continuidade e a inteireza desse relacionamento.
Certo domingo de manhã, acordou em cima da hora para ir à igreja. Sentiu-se, contudo, compelido a ir assim mesmo e obedeceu, de imediato. Na igreja, notou uma jovem sentada perto dele e, quando o culto terminou, dirigiu-se a ela. Pouco tempo depois, ficaram noivos.
Soube, mais tarde, que sua futura esposa freqüentava regularmente outra filial da Igreja de Cristo, Cientista, numa cidade vizinha, e que havia decidido assistir ao culto na igreja dele, naquele domingo, devido a circunstâncias incomuns. Nos anos que se seguiram, o casamento desses dois jovens tornou-se uma bênção para eles e para outros.
Para vermos o amor de Deus manifestado de modo mais claro em nossos relacionamentos humanos, não podemos permitir que esse sentimento se torne possessivo. A tentação de se tornar possessivo, de ver a outra pessoa como "minha" e assim sentir-se justificado na expectativa ou exigência de que essa pessoa se comporte dessa ou daquela maneira, não é de modo algum uma característica do verdadeiro amor. Pelo contrário, ser possessivo significa, de certo modo, roubar desse indivíduo a liberdade. Para demonstrar em nossa vida o verdadeiro amor que Jesus demonstrou, temos de amar de modo impessoal, imparcial e incondicional. Precisamos sempre nos esforçar para conhecer e fazer a vontade de Deus como o Mestre o fez, quando declarou, no livro de Lucas: "Não se faça a minha vontade, e, sim, a tua." Essa perspectiva deveria permear cada cantinho de nosso pensamento e de nossa ação.
Cristo Jesus tratou a todos com o mesmo puro amor. Não amava apenas por causa de laços de família ou de amizade pessoal. O Mestre tornou bem claro que para ser seu discípulo, era necessário pôr de lado o amor meramente pessoal e mutável.
Ao nos desfazermos do sentimento possessivo, pessoal e egoísta de amor e passarmos a expressar, de modo ativo, o Amor puro, divino e universal, não precisamos ter a sensação de perder algo ou de deixar algo para trás. Bem ao contrário, devemos sentir que ganhamos aquilo que tem valor inestimável, pois, o que estamos fazendo é de fato voltar para nosso lar espiritual. Ao refletirmos melhor o Amor divino, perceberemos que somos todos parte da família de Deus.
A devoção a um amor tão puro, tão universal, tão abrangente, um amor semelhante ao de Jesus por toda a humanidade, tem efeitos incríveis sobre o casamento, ou a família. Ao invés de se tornar um acordo cordial (ou, às vezes, não tão cordial) entre dois mortais, o casamento pode tornar-se veículo para a demonstração mais elevada da perfeita união entre Deus e o homem. Ao invés de ser motivado pelo interesse pessoal, impelido por interesses mesquinhos, o casamento passa a ter uma meta básica para ambos: glorificar a supremacia do Amor, Deus. Assim, em vez de se apoiar apenas na atração físico, o casamento fica ancorado no genuíno amor do Espírito eterno, o Amor. Inspirado pelo Amor divino, infinito, a vida conjugal e a vida familiar tornam-se o centro, mas certamente não o limite de nossa demonstração do verdadeiro amor. A Sra. Eddy explica em Ciência e Saúde: "O lar é o lugar mais querido da terra, e deveria ser o centro, mas não o limite, dos afetos."
Quando nos esforçamos para permanecer fiéis ao Amor infinito, escrevemos, com nossa vida, nossas próprias histórias de amor verdadeiro. Sempre unidos a nosso Deus, nos regozijamos por reconhecer cada vez mais que não existe coisa alguma que nos possa impedir de amar aos outros com amor espiritual total. Esse amor espiritual abençoa e cura.
