Às Vezes, Uma "nova" tendência que surge é muito parecida com uma antiga, quase esquecida.
Uma nova tendência em cuidados de saúde, relacionada com a medicina preventiva e com a maior responsabilidade por parte do indivíduo no cuidado de sua própria saúde, lembra-me do que minha família fazia quando eu era pequeno.
Essa "nova" tendência estava já bem firmada em nossa família, antes de eu conhecer a Ciência Cristã. A idéia básica era que se você leva uma vida boa, toma conta de si próprio, não corre riscos desnecessários, repousa o suficiente e se alimenta devidamente, então a saúde é algo natural. E era. Poucas vezes se procuravam ou eram necessários medicamentos.
Quando conheci a Ciência Cristã, o que mais atraiu meu interesse não foi a ausência de medicação — isso não teria sido uma mudança tão drástica em meu estilo de vida — mas sim a declaração radical de que de fato vivemos perto de Deus e O conhecemos de modo prático, isso, sim, era novidade.
Ainda outra mudança ocorreu em nossa casa. Um parente terminou sua licenciatura em farmácia. Uma das conseqüências que isso teve em nossa família foi que, de repente, os remédios passaram a fazer parte da vida familiar. A saúde, que até aí fora considerada um fato normal, passou a precisar cada vez mais de ajuda da química.
Essa percepção de que a saúde necessita de uma grande dose de intervenção exterior para a sustentar, não ocorreu apenas em nossa casa. E hoje, muitos vêem a necessidade de um "novo" enfoque. Um comentarista recentemente observou na revista Time: "É evidente que o povo americano precisa ser reeducado quanto à sua saúde.... Precisa perder o medo da doença." Hoje em dia, presta-se mais atenção à forma como cada um vive e pensa. As pessoas examinam com cuidado as coisas que fazem, susceptíveis de minar a saúde normal.
O médico George Engle, num relatório intitulado The Task of Medicine: Dialogue at Wickenburg (A Função da Medicina: Diálogo em Wickenburg), descreveu o ponto de vista que está sendo desafiado, quando disse que somos confrontados com a "noção de que o corpo é uma máquina, a doença é o resultado de avaria na máquina e a tarefa do médico é consertar a máquina." Por outro lado, a nova ênfase está na incipiente noção de que o homem é algo muito superior ao que essa perspectiva mecânica e fora de moda sugere.
Com efeito, o homem é muito mais do que aquilo que um ponto de vista material e mecânico faz supor. E isso é o que torna a cura espiritual tão surpreendente, mesmo numa cultura associada há muito ao cristianismo e a Cristo Jesus, que curou os doentes apenas por meios espirituais.
Duma perspectiva em que a matéria constitui, para todos os efeitos práticos, a única base da realidade, até mesmo a mais singela cura resultante da oração pode parecer uma anomalia. Tal idéia fixa pode impelir sua energia no sentido da negação da causa espiritual. Multiplique-se esse raciocínio e ponto de vista pelo sistema social estabelecido em apoio a uma perspectiva totalmente material e à maciça indústria da medicina que dela resulta, e das duas uma: ou a cura espiritual é uma charada (ou uma aberração psicossomática imprevisível) ou é razão fundamental para se reavaliar a natureza inteira do homem.
De certa forma, pode-se dizer, é precisamente isso o que acontece em escala individual, cada vez que alguém é curado pela Ciência Cristã. A cura põe em andamento uma reavaliação básica da vida. O Novo Testamento descreve isso nos seguintes termos: "E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus."
No livro The People's Idea of God: Its Effect on Health and Christianity, Mary Baker Eddy resumiu a base espiritual e mental da cura cristã. A certa altura, ela escreve: "Para remover esses objetos do sentido, chamados enfermidade e doença, temos de apelar à mente para melhorar seus conceitos e objetivos de pensamento e dar ao corpo esses contornos melhores. A descoberta científica e a inspiração da Verdade ensinaram-me que a saúde e o caráter do homem se tornarão mais perfeitos, ou menos, à medida que seus modelos de pensamento forem mais espirituais, ou menos. Porque Deus é Espírito, nossos pensamentos precisam ser espiritualizados para se aproximarem dEle e nossos métodos têm de se tornar mais espirituais para corresponderem aos nossos pensamentos. A religião e a medicina têm de ser desmaterializadas para apresentarem a idéia correta da Verdade; então essa idéia expulsará o erro e curará os doentes."
É óbvio que a Sra. Eddy está se referindo a uma transformação com maior alcance, na qual os objetivos e métodos de viver se tornam de fato mais espirituais e cristãos — promovendo maior amor a Deus e ao homem e conduzindo ao eventual abandono do pensar e viver autodestrutivos.
Os pilares morais da prática médica que se traduzem em desejo de saúde e bem-estar, não estão em desacordo com o propósito moral da Ciência Cristã. No entanto, métodos de tratamento mecanizados, baseados no conceito do homem como máquina ou organismo material, podem ser bastante antagônicos ao desenvolvimento espiritual e moral. Com efeito, se a medicina convencional continuar a salientar a reparação do corpo como se de uma máquina se tratasse — usada pelo mal viver — e negligenciar a natureza moral básica da vida que flui no sentido da saúde e amor cristão, o próprio tratamento médico se tornará parte do problema, pois retardará aquele processo de reforma que promove saúde, bondade e justiça social. Essas três qualidades são o resultado da compreensão de que o homem é intrinsecamente valiosa — é a criação espiritual de Deus.
