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Reflexões da mãe de um filho pródigo

Escrito especialmente para esta seção

Da edição de setembro de 1991 dO Arauto da Ciência Cristã


Devido à proliferação do uso de drogas e de atividades amorais, as famílias, muitas vezes, precisam enfrentar e resolver graves problemas e penosos choques de opiniões. O que um filho ou uma filha quer ter, ou ser, ou fazer, pode ser o oposto dos padrões de seus pais. Pode até mesmo ser um comportamento autodestrutivo. A oração que se volve a um senso seguro do propósito de Deus e que reconhece que Deus cuida de todos os Seus filhos, traz soluções.

Muitos pais talvez digam que se você não sabe onde quer chegar na educação de seus filhos, se você não tem uma noção definida de suas próprias aspirações, está realmente andando em círculos. Assim, quais foram suas linhas mestras para ser mãe, criar uma família, lidar com seus seis filhos? Por certo, toda mãe tem objetivos para seus filhos. Principalmente, que sejam bons cidadãos, que amem a Deus. Meu marido e eu sabíamos, desde cedo, que amávamos a Deus e que, como Cientistas Cristãos ativos, queríamos que nossos filhos crescessem sob os ensinamentos de Cristo Jesus. Isso era muito importante para nós.

Um de nossos meninos era um encanto quando pequeno e passou pelos primeiros anos de vida com pouquíssimos problemas. Até que, no início da idade escolar, começamos a perceber uma irritabilidade, uma vontade de brigar pelas coisas erradas, enfurecendo-se quando as coisas não saíam do seu jeito. Oramos vigorosamente, obtivemos algum êxito mas, por fim, as coisas escaparam ao controle.

À medida que Chuck crescia, havia uma constante luta, para diante e para trás, entre o certo e o errado. Levava uma vida precária. Quando era bom, ele era muito bom, mas quando estava mal, era insuportável.

Como era sua comunicação com ele? Ele vinha e expunha seus problemas para mim de um modo muito explosivo. E depois de larger todo o problema, podíamos conversar calmamente. A coisa mais importante que eu tive de aprender foi ouvir e não reagir ao que saía de sua boca. O momento crítico para mim foi durante o seu primeiro ano do curso secundário. Eu havia captado o ponto metafísico de que o homem — o verdadeiro homem da criação de Deus — nunca é o agente do mal. E senti que toda essa situação era para trazer cura, tanto para mim quanto para ele. Aliás, eu ainda penso desse modo. Tive de aprender a separar "o precioso do vil", como a Bíblia diz em Jeremias.

Do ponto de vista emocional, algo terrível para os pais, talvez mais para a mãe, é que o filho parece estar rejeitando você e seu amor. Há muita mágoa que tem de ser curada. Sem dúvida. Tínhamos certeza com relação a todos os filhos (Chuck é o segundo) que suas necessidades e fases estavam relacionadas, que estávamos juntos, todos, na família. Não era somente problema dele ou meu. Era uma situação da família e precisávamos resolvê-la juntos. Foi assim que continuamos tentando.

Ele tornou-se destrutivo? Para com os outros, ele nunca foi fisicamente destrutivo. Era mais sua própria destruição, através das drogas e isso começou durante seu primeiro ano no curso secundário. Havíamos nos mudado de uma cidade muito pequena para outra, onde a escola secundária tinha mais de três mil alunos. Era fácil para um menino ficar perdido nessa situação.

Logo que nos mudamos, Chuck foi aparentemente muito bem aceito por seus companheiros, sendo convidado para festas e atividades escolares. Mas, não demorou muito, suas notas baixaram e seu temperamento começou a agitar-se seguidamente. Ninguém conseguia satisfazer Chuck. O quer que você lhe desse, ou fizesse por ele, nunca era a coisa certa.

Durante todo esse tempo ele freqüentou a Escola Dominical da Ciência Cristã e eu me sentia muito grata por isso. Ele não se rebelava quanto a ir à Escola Dominical.

Ele sabia que vocês o amavam? Ele diz que, agora, ele sabe que nós o amávamos. Mas quando tinha dezessete anos, chegou um momento em que, apesar do amor, tivemos de nos separar. A influência das drogas e da bebida começara a afetar o resto da família.

E quando você o enfrentava, o que dizia ele? Sempre havia negação, sempre negava que tivesse algo a ver com isso. Então, uma noite, ele voltou para casa tarde, muito mais tarde do que o habitual.

Eu acabara de adormecer, cansada de esperar. Mas, às duas e meia, o alarme do rádio do quarto dele tocou. Quando abri a porta do quarto, pude sentir o cheiro do álcool. Ele ficou espantado ao me ver entrar no quarto e ri ao pensar que descobrira, de um modo tão inesperado, que ele bebia. Nenhum de nós havia ajustado o alarme. Ambos consideramos o incidente como uma resposta à oração. Isso abriu o caminho para falarmos sobre a situação. Realmente, eu não podia admitir essa influência de bebida alcoólica e drogas em nossa casa.

Por Chuck gostar de cantar, falamos sobre o texto de um de seus hinos favoritos, do Hinário da Ciência Cristã. O texto é de autoria da Sra. Eddy: "Mostra, Pastor, como andar...." Ele contém uma promessa que me deu muita esperança: "O revel hás de amarrar." Compreendi que era Deus que amarraria esse revel que estava se recusando a se adaptar e a continuar no caminho certo.

Naquela noite também falamos sobre outro hino, que diz:

Que vais tu receber?
Herdeiro és de Deus.
O Pai fez com saber
Um plano para os Seus.

 Isso revelou-me, outra vez, a capacidade de separar meu filho do mal, do hipnotismo, para dizer ao certo e eu comecei a ver que somente o bem e sua influência pura podiam ter domínio.

Em algumas famílias, ter um filho que insiste em beber, talvez algumas cervejas, e fumar um pouco de maconha, não é considerado alarmante nem incomum nesta época. Por que isso foi uma coisa terrivelmente perturbadora para você? Quando eu era criança, havia um alcoólatra na família e eu não queria agora esse ambiente para nossos filhos. O álcool e a droga estavam controlando Chuck. Ele tornara-se muito inconstante e seu comportamento começou a controlar a família e a atemorizá-la. Sentíamo-nos como pisando em ovos, por medo de dizer alguma coisa que pudesse causar uma violenta explosão verbal. As duas crianças mais novas tinham medo dele.

Assim, depois de tentar tantos anos, finalmente fomos obrigados a dizer: "Olhe, estas são as regras de nossa casa. Não queremos álcool ou drogas de qualquer tipo. Suas explosões coléricas e sua falta de autocontrole estão afetando nossa família e não podemos viver de um modo feliz e normal."

Nessa altura eu havia pensado muito sobre a história do filho pródigo, na Bíblia (ver Lucas 15:11-24). Comecei a ver que o controle real somente podia estar nas mãos de Deus. Penso que, talvez, com o filho pródigo ocorrera uma situação semelhante à nossa. As ações de Chuck estavam dizendo: "Eu não quero ser ajudado a deixar esse comportamento. Decidi continuar a usar drogas e álcool. Faço o que eu quero." Eu tinha uma responsabilidade para com os outros filhos e para com a minha própria vida conjugal.

Eu amo a Bíblia e a maneira como a Sra. Eddy nos revelou o significado das histórias bíblicas. Essa experiência com Chuck realmente levou-me a crescer em amor e a compreender o patriarca Abraão que tinha dois filhos, Ismael e Isaque. Teve de tomar algumas decisões difíceis sobre a vida deles. Ele confiou em Deus (ver Gênesis, cap. 20–22). Abraão possuía esse senso de confiança no bem e eu comecei a admirar isso. A Sra. Eddy escreve sobre o significado de Abraão, em Ciência e Saúde. Ela diz: "Esse patriarca ilustrou o propósito do Amor de criar a confiança no bem, e demonstrou o poder da compreensão espiritual para preservar a vida."

Um dia senti que não era mais possível continuar com Chuck. Comecei pensando na história do filho de Abraão, Ismael, e como ele e sua mãe, Hagar, foram mandados por Abraão para o deserto. Não havia mais água e parecia que não havia nenhum auxílio para eles.

Ao ler essa história naquele dia, percebi que a mãe teve de confiar em Deus e não temer por seu filho. Realmente, a Bíblia diz que o anjo falou a Hagar e disse: "Não temas; porque Deus ouviu a voz do menino, daí onde está." Foi realmente como se um tremendo fardo tivesse sido tirado de cima de mim.

A Bíblia também diz que Hagar afastou-se porque não queria ver a morte de Ismael. O pensamento que me veio foi: "Ótimo, se Hagar não queria ver a morte, o que ela queria ver?" A resposta foi: "vida". E a minha responsabilidade era ver meu filho como um filho de Deus, estabelecido na Vida e em perfeição, não nesse cenário horrível e tumultuoso.

Foi uma forte inspiração e eu persisti nela durante os poucos encontros seguintes com Chuck. Finalmente, pude, sem emoção, com muita calma e de forma racional, dizer: "Chuck o que você está fazendo não é bom para mim nem para a família e, obviamente, o que eu quero e o que estou pedindo em oração não é o que você quer. Portanto, precisamos realmente nos afastar."

Chuck de fato saiu de casa mas nos mantivemos em contato. Depois de ter completado dezessete anos e com nossa permissão, decidiu entrar na Força Aérea. Estava muito claro que ele ainda tinha o problema de drogas. Seu raciocínio para entrar na Força Aérea foi: "Mamãe, sei que necessito de disciplina, sei que preciso ter meu dinheiro e sei que não quero voltar para casa."

Quando Chuck estava no serviço militar "Deus ouviu a voz do menino", ali onde ele estava? Sem dúvida, e de muitas formas. Essa parte é a cura dele, que algum dia será relatada. Posso dizer-lhes que houve crescimento e regeneração. Mas o que lhes contei é o ponto de vista e a cura da mãe — como os pais podem confiar na intuição espiritual e no cuidado de Deus. Chuck disse-me que, quando realmente chegou ao fundo do poço, "as coisas que você e papai haviam me ensinado tão claramente — o que Deus é e como escolher entre o certo e o errado — foram as coisas nas quais me agarrei e que me capacitaram a sair do abismo."

Foi uma surpresa maravilhosa quando, em seu vigésimo primeiro aniversário, ele nos entregou a distinção de Aeronauta do Ano, que continha uma menção honrosa por autodisciplina. Tantas coisas que havíamos desejado para Chuck e para nós mesmos sobre "Que vais tu receber? Herdeiro és de Deus" e as muitas que queríamos que ele aprendesse e que nós mesmos procuramos pôr em prática, estavam aparecendo.

Como sabemos, está sendo feito um apelo em nosso país e em outros, para libertar a sociedade do vício das drogas. É bom que haja esse apelo. A resposta a esse chamado deve vir dos indivíduos e das famílias. Agir de acordo com a frase "Diga 'não' às drogas" exige coragem e força. Essas qualidades se originam na disposição de dizer "Sim" ao bem. "Sim" a tudo o que é bom em nós e nos outros. Em seu livro Retrospecção e Introspecção, a Sra. Eddy escreve claramente sobre esse assunto: "Deus é bom, por isso a bondade é algo, pois representa Deus, a Vida do homem. Seu oposto, o nada, chamado o mal, não é outra coisa senão uma conspiração contra a Vida e a bondade do homem." Mais adiante, ela diz: "É científico permanecer na harmonia consciente .... Para fazer isso os mortais precisam primeiramente abrir os olhos a todas as formas, métodos e sutilezas enganadoras do erro, a fim de que a ilusão, o erro, possa ser destruída; se não se fizer isso, os mortais se tornarão vítimas do erro."

Por aí se vê que estou convicta de que os pais podem confiar completamente no poder do bem. E podem, pela oração e pelo Amor divino, pôr a descoberto a destrutividade do uso de drogas. As famílias e os indivídous absolutamente não devem ser vítimas, porque Deus, em verdade, é a Vida de cada um de Seus filhos.

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