Uma Amiga Minha, que não é Cientista Cristã, comentou recentemente em tom um tanto jocoso: “Com todo o estudo que fazes e que vens fazendo há tantos anos, a cura na Ciência Cristã deve se tornar cada vez mais fácil.” E depois, ficando séria, perguntou: “Será que fica mesmo mais fácil?”
Respondi quase automaticamente, adotando o termo que ela usara, que sim, fica mais “fácil”. Mas essa conversa permaneceu em meu pensamento e, mais tarde, percebi que minha rápida resposta não tinha sido exatamente correta. O que por fim me veio à mente surpreendeu-me, como por vezes surpreendem as respostas que recebemos quando escutamos em espírito de oração.
A Sra. Eddy freqüentemente usa uma palavra que me parece ser a que melhor descreve a cura tal como é praticada na Ciência Cristã. Ela se refere à cura como natural, e em seu livro Miscellaneous Writings ela escreve acerca de Cristo Jesus, sobre cuja missão, ensinamentos e curas ela estabeleceu sua própria obra e a Igreja que fundou: “Foi a total naturalidade da Verdade, na mente de Jesus, que tornou fácil e instantâneo seu trabalho de cura.”
A cura cientifica cristã é a operação do Principio divino, Deus, compreendida. Em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy qualifica tais curas como “supremamente naturais”, ocorrendo “tão natural e tão necessariamente como as trevas dão lugar à luz, e o pecado cede à reforma.” Citando uma passagem de Isaías, Ciência e Saúde diz de tais curas: “São o sinal de Emanuel, ou ‘Deus conosco’ — uma influência divina, sempre presente na consciência humana, e que se repete, vindo agora como fora prometido antigamente:
Para proclamar libertação aos cativos [do sentido],
E restauração da vista aos cegos,
Para pôr em liberdade os oprimidos.”
Imaginem! Uma influência divina sempre presente na consciência humana.
Quando iniciei o estudo da Ciência, em minha juventude, não o fiz porque necessitasse de cura física. O que me atraiu foi o conceito de que há leis espirituais científicas, que, compreendidas e obedecidas, trazem inevitavelmente cura e respostas à oração, cumprindo assim a promessa de Isaías.
Ainda hoje sou grata, passados que são mais de quarenta anos, por uma das primeiras curas que testemunhei, que estabeleceu para sempre a noção de que tais curas são naturais, apesar dos desafios parecerem humanamente insuperáveis.
Apenas algumas semanas após ter iniciado o estudo da Ciência Cristã, um tio muito querido ficou gravemente doente com uma infecção nos rins. Foi levado para um hospital a fim de receber tratamento.
Cerca de uma semana depois, recebi, por volta da meia-noite, um telefonema interurbano de um médico do hospital, dizendo que meu tio tinha dado meu nome como parente chegado.
O médico queria que eu soubesse que o estado de meu tio tinha piorado e agora nada mais poderia ser feito por ele, em termos médicos, pois todos os tratamentos disponíveis tinham sido tentados e haviam falhado. Os médicos tinham abandonado todas as tentativas e não se esperava que meu tio sobrevivesse mais do que uns poucos dias.
Durante a conversa, mencionei a esse amável médico que eu era estudante da Ciência Cristã. Ele aparentemente conhecia algo da Ciência e mostrou respeito por ela; disse que se eu orasse na Ciência Cristã, talvez pudesse ajudar meu tio.
Telefonei, então, a um querido amigo de meu marido, um praticista da Ciência Cristã, e expus-lhe a situação. Ele aceitou orar por meu tio, disse-me para estudar uma passagem de Ciência e Saúde, que contém esta declaração: “Nenhum poder pode resistir ao Amor divino.”
Ele salientou que eu não deveria apenas ler e repetir palavras, mas deveria perceber e compreender seu profundo significado espiritual.
À medida que estudava e orava, comecei a compreender que esse Amor mencionado no texto não era apenas um terno e benigno afeto humano, mas era, em realidade, um outro nome para Deus, dado na Bíblia.
Estudei durante horas e fiquei profundamente inspirada, sentindo a presença e o poder desse amoroso Deus, todo o Ser real, enchendo todo o espaço e comecei então a perceber por que é que nada podia resistir ao Amor divino.
Não havia nada, nenhuma força opositora, capaz de lhe resistir, uma vez que o Amor é por si só, e sempre foi, o único poder e presença. Comecei então a compreender, embora tenuemente, que, sendo Deus Tudo e não podendo estar doente, meu tio, como criação dEle, também não podia estar doente. Tudo aquilo que Deus tinha criado tinha de ter origem nEle e tinha de compartilhar completamente de Sua natureza.
Nunca mais tive a oportunidade de falar com o médico que sugerira que eu orasse por meu tio. Mas na tarde seguinte, um outro parente telefonou-me dizendo que se tinha dado uma recuperação completa. Meu tio estava bem e sairia do hospital dentro de vinte e quatro horas. Nem esse parente nem os médicos puderam explicar como é que se tinha dado a melhora; eles apenas sabiam que tinha acontecido.
Ainda hoje, pensando nesse acontecimento, estou tão reverente e grata como naquela ocasião, sentindo outra vez a especial maravilha da naturalidade da cura espiritual.
O amoroso e dedicado praticista tinha feito o trabalho; ele tinha percebido a plena verdade de Deus e do homem feito à Sua imagem, que eu estava apenas começando a descobrir. Mas eu estava grata por eu própria não ter, de fato, ficado surpresa quando soube que meu tio estava bem. Eu simplesmente achei que não poderia ser de outra maneira.
Nos anos que se seguiram, tive inúmeras curas, não apenas de males físicos, mas também em todos os aspectos da experiência humana. Algumas foram extremamente rápidas, outras demoraram mais; mas sempre voltei a sentir, inevitavelmente, a onipresença do Amor, ao qual nenhum poder consegue resistir.
Cristo Jesus curou aqueles que vieram a ele e fez isso de modo simples, natural e com amor compassivo. Também é útil recordar as palavras de Cristo Jesus, tão queridas ao coração de todos aqueles que o consideram o Guia da humanidade para escapar da mortalidade, do pecado e da morte: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. ... Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.”
Com a palavra jugo, ele deve ter tido a intenção de indicar toda a disciplina que ele próprio aprendeu pela oração e prática. Ele a havia transmitido a seus discípulos, ensinando-lhes como curar, como amar, como vencer a dor, a decepção, a traição e mesmo a morte, através do conhecimento de Deus — para aliviar não só o sofrimento de seus contemporâneos, como também o de seus inúmeros seguidores das gerações sucessivas. Esse jugo era e é “suave”, porque a oração e a prática cristãs trazem-nos a paz. A disciplina é excepcionalmente exigente, mas é ao mesmo tempo reconfortante e repousante.
Não, a Ciência Cristã não fica mais “fácil”, porque em verdade isso não é possível. Ela é, por sua natureza, divinamente natural.
O que pode se tornar mais fácil é nossa caminhada individual para a cura, para aquele estado de pensamento espiritualizado, no qual nós cada vez mais vemos o homem, isto é, nós mesmos e os outros, como verdadeiramente somos, como idéia de Deus, Sua descendência e emanação, criados à Sua própria imagem e originados em Sua totalidade.
Podemos às vezes despender horas para captar a compreensão que traz a cura, mas uma das características desse trabalho espiritual é nunca ser complicado, não importa quão impossível a situação possa parecer ou quão desanimados ou assustados possamos nos sentir.
Se nosso trabalho curativo começa a ficar pesado e fatigante, devemos estar alerta para a possibilidade de talvez estarmos nos afastando, de alguma maneira, da simplicidade inerente ao genuíno cristianismo e do esforço humilde que é exigido de nós para compreender e realizar nosso ser puro e completo, como reflexo individual do Deus que é Tudo-em-tudo.
Por exemplo, talvez tenhamos caído na armadilha de acreditar que a oração cristãmente científica é uma espécie de pensamento positivo. Tentamos “olhar para o lado bom” duma situação humana, em vez de elevar o pensamento para o reconhecimento da totalidade de Deus, o bem, e da irrealidade do mal, da doença, da injustiça, da dor e assim por diante. Talvez também estejamos orando “automaticamente”, usando passagens da Bíblia ou dos escritos da Sra. Eddy, ou ainda usando, quase como fórmulas, afirmações bem conhecidas da Verdade, em vez de, suave e claramente, em oração, abrir nosso pensamento para as frescas e vivas correntes da inspiração que vêm da Mente divina, o Amor. É isso que talvez esteja nos dando a sensação de fatigante labuta, sem que consigamos alcançar aquele ponto onde nós, de fato, sentimos a presença curativa do Amor.
Se nossas buscas parecem estafantes, pode também ser que precisemos lembrar de nossa alegria dada por Deus. “Vós com alegria tirareis águas das fontes de salvação”, diz Isaías.
Temos o direito de deixar a fadiga e relembrar, com alegria, não apenas nossas próprias curas anteriores, mas também as inúmeras curas efetuadas por Cristo Jesus e por todos os seus seguidores, ao longo dos quase vinte séculos desde que ele pisou este planeta.
Em nosso estudo para aprender mais a respeito de Deus e de Seu Cristo — essa “influência divina”, que cura, “sempre presente na consciência humana,” — aprendemos mais de nossa própria natureza pura e espiritual, imune a toda noção de mal, intocada pelo mal, pois este não pode atingi-la nem desvirtuá-la. Tornamo-nos cada vez mais conscientes de que somos os amados do próprio Amor, esse definitivo e único poder, ao qual a materialidade e a mortalidade não podem resistir.
Essas são realidades que nós podemos captar de imediato, quer quando somos estudantes “novatos” da Ciência Cristã, quer quando já a estudamos há bastante tempo. A verdade do ser permanece para sempre simples e a cura espiritual é “supremamente natural”.
Ocoração do homem pode fazer planos,
mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor.
Confia ao Senhor as tuas obras,
e os teus desígnios serão estabelecidos.
Provérbios 16:1, 3
