Alguma Vez Já repararam na beleza de um muro de pedra bem construído? Alguns dos muros de pedra que admiramos agora foram erigidos há décadas, talvez séculos atrás. Como foram bem construídos, venceram o desafio do tempo.
Ao planejar o jardim de nossa casa, eu tive a oportunidade de construir um muro desse tipo. Era algo que eu nunca fizera antes e gostei muito de aprender os detalhes. Deve-se começar com um alicerce sólido e firme e depois utilizar os materiais adequados. Cada camada de pedras serve de suporte para a camada seguinte, por isso a estabilidade é essencial. É preciso estabelecer uma integridade estrutural à medida que o trabalho avança.
Eu gosto de traçar um paralelo entre esse trabalho de construção e os esforços individuais de construir nossa vida. Todos nós buscamos a estabilidade e a confiança, queremos um fundamento que não desmorone. Muitos já descobriram que tal estabilidade só pode ser encontrada em um senso espiritual de vida. Se acreditarmos que a vida na matéria é tudo o que existe, então nosso bem-estar dependerá erroneamente do senso humano das coisas. Nosso alvo será uma existência mortal confortável. Procuraremos a substância nas coisas materiais, ao passo que a compreensão de nossa verdadeira identidade espiritual e de nosso relacionamento ininterrupto com Deus é o que nos proporciona a perene e real estabilidade que procuramos. O que quer que façamos, acabamos descobrindo que a vida baseada em um senso material das coisas desmorona, pois a verdadeira substância vem de Deus, o Espírito, não da matéria.
Na Bíblia, Cristo Jesus ensina que, a menos que nasçamos do Espírito, não podemos entrar no reino de Deus (João 3:5). A fim de compreender e sentir a realidade do reino de Deus, devemos ter a mente voltada para as coisas espirituais e não materiais. Portanto, o que realmente precisa ser “construído” é nosso próprio senso espiritual. Sem esse sentido, não podemos compreender nossa verdadeira identidade espiritual. Devemos então examinar o alicerce sobre o qual estamos construindo.
Em uma de suas parábolas, Jesus ensina que o homem sábio constrói sua casa sobre a rocha e ao caírem as chuvas, transbordarem os rios, soprarem os ventos e darem com ímpeto contra aquela casa, ela não desmorona. Ao mesmo tempo, ele adverte que o homem tolo constrói sobre a areia e, quando vem a tempestade, a casa cai em grande ruína. A seguir, Jesus explica que o ato de construir sobre a rocha equivale a ouvir e seguir suas palavras (ver Mateus 7:24–27).
A Ciência Cristã lança nova luz sobre os ensinamentos de Jesus, mostra como podemos colocá-los em prática e repetir hoje suas obras de cura. A verdade que serve de fundamento a essa Ciência é a de que Deus é Espírito, o Princípio divino do universo. O reflexo ou idéia desse Princípio perfeito é o homem imortal e espiritual, inseparável de seu Criador. A criação do Espírito nunca poderia ser mortal, ela tem de ser espiritual. Praticar os ensinamentos de Jesus requer que estabeleçamos em nossa própria consciência essa verdade absoluta do ser e vivamos de acordo com esse padrão espiritual. A atividade do Cristo, da verdadeira idéia de Deus que Jesus encarnou com tanta perfeição, está presente aqui, com o mesmo poder que tinha nos tempos de Jesus. Corrige os conceitos falsos e mortais com a verdade sobre nosso ser. Mediante essa atividade do Cristo, desenvolvemos uma compreensão correta.
Quando somos tentados a acreditar que nossa vida tem base material, podemos saber que esse é um conceito equivocado a nosso próprio respeito, e devemos negá-lo. Em contrapartida, devemos afirmar aquilo que sabemos ser verdade a respeito de Deus e do homem. Esse era o método do Mestre, como a Sra. Eddy explica em Ciência e Saúde: “Jesus via na Ciência o homem perfeito, que lhe aparecia ali mesmo onde o homem mortal e pecador aparece aos mortais. Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto de ver o homem curava os doentes. Assim, Jesus ensinou que o reino de Deus está intacto e é universal, e que o homem é puro e santo.”
Nossa intenção de alicerçar-nos sobre essa rocha da espiritualidade deve vir acompanhada de um modo de vida em que todos os motivos e ações tenham por base essa compreensão espiritual. Se conhecemos a nós mesmos como semelhança de Deus, esse conhecimento deve se evidenciar em nosso viver diário. Se corrigirmos as imagens doentias ou pecaminosas a respeito do gênero humano, como Jesus fazia, descobriremos que esse método crístico é totalmente prático, pois proporciona cura.
Conheci uma adolescente que tinha familiaridade com a Bíblia, especialmente os ensinamentos de Cristo Jesus, e com a Ciência Cristã. Ela já tivera muitas curas mediante a aplicação desses ensinamentos. No colegial, porém, começou a acumular conceitos errôneos sobre si mesma. Acreditava que em casa ninguém a compreendia, que na escola devia seguir os outros em tudo, para ser benquista. Achou que a rebeldia seria uma maneira de estabelecer sua individualidade. Ela começou a acompanhar as tendências de seu meio e a consumir drogas, como os outros. Todos os seus problemas pareceram sumir por algum tempo e pensou estar se beneficiando com a liberdade recém-descoberta, embora sua consciência a incomodasse. Não queria admiti-lo, mas sentia muita falta da paz que há na honestidade e na retidão.
Não demorou muito, sua conduta foi descoberta e ela se encontrou envolvida em problemas com a justiça e foi suspensa da escola. Não só havia se prejudicado muito, mas também havia causado profundo dissabor à família. O fundamento falso que escolhera para erigir sua vida caiu por terra em um só golpe. Sentiu desgosto e arrependimento por ter sido tão egocêntrica e cega, a ponto de não praticar o que ela sabia ser o certo.
Onde antes houvera a areia do materialismo, agora parecia haver um grande vazio. Desejou sentir o consolo do Cristo, como já sentira quando criança. Ela compreendeu que obviamente precisava da Ciência Cristã para voltar a colocar sua vida sobre bases sólidas. Percebeu que, se tivesse aplicado as muitas verdades espirituais que aprendera quando criança, nunca teria se deixado enganar pelas astuciosas tentações em que caíra. Cabia-lhe reconstruir sua existência. Dessa vez resolveu pôr em prática o que lhe fora ensinado na Escola Dominical. Ela aprendera, da maneira mais difícil, que a vida baseada em prazeres materiais não tem boa qualidade nem estabilidade duradoura. Os pais ajudaram-na com amor e ternura a resolver seu problema por meio da Ciência Cristã.
Voltar-se para o Cristo foi como voltar ao lar. Seu senso espiritual do ser foi restaurado pelo Amor divino. Quando voltou à escola, os velhos amigos quase não a reconheceram. Depois disso, ela fez novas amizades e seguiu os estudos superiores com um senso renovado de sua verdadeira identidade espiritual, que de novo é evidente em sua vida.
O indivíduo cuja existência está construída sobre a rocha do Cristo compreende a irrealidade do mal de toda espécie. Assim toma a firme determinação de comprovar a totalidade de Deus. O ponto de partida é colocar nossa confiança em Deus. Ao fazer isso, aprendemos a não confiar nos sentidos físicos, que apresentam apenas um conceito limitado e mortal do homem. A consagração a Deus nos leva a procurar fazer apenas a vontade de Deus. Se desenvolvemos tal consagração, começamos a sentir prazer em fazer o bem mesmo quando não é fácil, porque nosso alvo é servir a Deus, não o próprio ego. Embora o mundo argumentasse que era mais fácil para minha amiga ignorar aquilo que sabia ser correto e se deixar absorver por opiniões generalizadas, seu desejo real, de amar o bem acima de tudo, trouxe-a de volta para o bom caminho, mantendo-a em linha com a integridade.
Se quisermos levar uma vida estável, sadia e verdadeira, devemos estar alerta contra a mentalidade material que tenta nos acorrentar a um senso mortal de nós mesmos. Passo a passo, quando consagramos nossa vida a Deus, construímos sobre um fundamento sólido, um fundamento que dura.