Nelsinho estava afundado no banco, olhando para o assoalho da igreja. Sentia-se infeliz.
Ele gostava das reuniões de testemunhos das quartas-feiras à noite, na igreja da Ciência Cristã. Ia quase todas as semanas e sentava quietinho entre o pai e a mãe. Não queria perder nada do que era dito. Apreciava especialmente as histórias da Bíblia que o Primeiro Leitor lia do púlpito e gostava dos trechos de Ciência e Saúde, da Sra. Eddy.
O que Nelsinho mais gostava, porém, eram os testemunhos que vinham depois da Oração do Senhor e do segundo hino. Algumas das pessoas presentes simplesmente se levantavam e contavam o que estavam aprendendo acerca da bondade de Deus. Falavam de como haviam sido curadas por confiar no cuidado constante de Deus. Era muito bonito.
Nessa noite, o menino estava triste porque queria contar uma cura que tivera. Só que não criava coragem para levantar-se e falar. Achava que talvez não conseguisse colocar sua gratidão em palavras. Estava com medo de esquecer o que queria dizer, bem no meio do testemunho. Parecia que nessa quarta-feira aconteceria a mesma coisa que se dera nas outras vezes: acabaria não falando, apesar de querer dar o testemunho.
No começo daquela semana, Nelsinho dissera à mãe que queria dar um testemunho. Por isso, sentados no sofá da sala, os dois haviam lido, na Bíblia, as palavras que Jeremias, o profeta, ouvira de Deus. “Não passo de uma criança; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto eu te mandar, falarás. Não temas diante deles; porque eu sou contigo para te livrar, diz o Senhor.” Jeremias 1:7, 8. Após a leitura, a mamãe disse: “Se você prestar atenção ao que Deus disser, você vai saber o que dizer.”
Claro que Nelsinho sabia que Deus está sempre conosco e nos ama, onde quer que estejamos. Lembrou-se do que a mãe havia dito: “Tudo o que é verdade a respeito de Deus e de Seu amor pelo homem, vai ajudar a todos na reunião de testemunhos.”
Apesar disso tudo, naquela hora, na reunião de testemunhos, Nelsinho não tinha certeza de estar ouvindo mensagem alguma de Deus. Mas confiava n'Ele assim mesmo. Aí, ele teve uma idéia sobre como começar. Agora ele tinha certeza de que Deus estava com ele. Não demorou muito, Nelsinho levantou-se para falar. O Primeiro Leitor sorriu (isso foi bom) e fez sinal para ele começar.
As palavras vieram facilmente. O garoto contou que caíra da bicicleta e machucara o cotovelo no cascalho da rua. A mãe lavara o corte, que era fundo, mas ainda doía. Eles oraram com a “exposição científica do ser” A “exposição científica do ser” diz, na íntegra (Ciência e Saúde, p. 468): “Não há vida, verdade, inteligência, nem substância na matéria. Tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus é Tudo-em-tudo. O Espírito é a Verdade imortal; a matéria é o erro mortal. O Espírito é o real e eterno; a matéria é o irreal e temporal. O Espírito é Deus, e o homem é Sua imagem e semelhança. Por isso o homem não é material; ele é espiritual.” de Ciência e Saúde. Começa assim: “Não há vida, verdade, inteligência, nem substância na matéria. Tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus é Tudo-em-tudo.” Quando terminaram de orar, o braço não doía mais. Dois ou três dias mais tarde os machucados sumiram completamente. Aí Nelsinho disse: “Muito obrigado, Deus!” E sentou-se.
Depois do último hino, as pessoas vieram agradecer-lhe, mas isso não era importante para Nelsinho. Importante mesmo era que ele agradecera a Deus. Daí por diante, Nelsinho deu testemunho sempre que tinha algo a contar. Às vezes falava pouco, outras vezes muito. Em cada testemunho relatava algo de novo que ele tinha aprendido a respeito de seu Pai-Mãe Deus. E tudo começou naquela quarta-feira, quando ele sentiu com certeza a presença de Deus.
