Só Um Pouquinho não te pode fazer mal!”
“Toda a gente bebe.”
“Ficarás mais desinibida.”
“Por que não?”
Ouvia constantemente essas insistentes tentações a tomar bebidas alcoólicas. Eu acabava de ser transferida de uma faculdade, onde tinha muitos amigos que não bebiam. Mas nesta escola, beber parecia ser o principal divertimento em todos os lugares que eu freqüentava nos fins-de-semana. Estava me sentindo diferente e isolada.
Eu não queria beber, mas o medo de ser excluída e não aceita estava minando minha confiança e alegria. Participar das atividades do grupo e, no entanto, viver segundo um padrão impopular parecia incompatível. Apesar das mudanças de atitude que estão ocorrendo com relação ao consumo do álcool, ainda existe grande pressão para se tomá-lo.
Por que era tão importante não beber nem sequer um gole? Se isso deixasse meus amigos satisfeitos e me desse a aceitação pela qual eu ansiava, por que não fazê-lo? Será que, se bebesse, seria de fato aceita? Dar-me-ia satisfação genuína? Talvez a questão de tomar ou não uma bebida fosse apenas uma armadilha para encobrir a questão mais profunda de “Quem sou eu?” e “O que é que realmente satisfaz?”
Se de fato somos apenas aquilo que os sentidos materiais apresentam, um corpo material composto de elementos materiais, de necessidades e físicos, então seria bastante lógico procurar satisfazer essas necessidades com meios materiais. Mas, e se não formos, de modo algum, aquilo que os sentidos materiais nos dizem? Se formos, de fato, algo muito mais especial, muito mais espiritual?
Cristo Jesus veio para nos apresentar, para sempre, a prova surpreendente de que o homem é, na verdade, o exato oposto da matéria. O Mestre, através do seu exemplo, viveu o fato de que o homem é espiritual, o próprio filho de Deus, completo, totalmente bom e plenamente satisfeito. Ele viveu sua vida numa base espiritual: Deus, o Espírito, sendo tudo, logo tudo é espiritual e muito bom.
Nessa base espiritual a matéria não tem lugar e, portanto, não tem capacidade para melhorar ou satisfazer alguém. Jesus mostrounos, através da sua própria vida, que a única coisa que pode satisfazer verdadeiramente é obedecer ao plano de Deus, seguindo Sua orientação e governo. O plano de Deus inclui todo o bem, alegria, paz e satisfação. Jesus provou que essa obediência a Deus dá ao homem domínio sobre as limitações que a matéria apresenta.
Seguir a Deus, o bem, a todo momento, nem sempre é fácil ou popular. Mas, na realidade, nem a pressão das amizades nem o próprio álcool têm o poder de nos deter, porque Deus é o único a exercer influência real sobre nós. Por vezes, quando confrontados com enorme pressão para nos ajustarmos à visão materialista da vida, são-nos exigidos poderosos esforços para seguir a orientação de Deus. Mas podemos vencer. As recompensas do domínio e da genuína satisfação estão ao alcance de todos aqueles que fielmente O seguem.
Somos ajudados nesses esforços. A Sra. Eddy diz-nos que o esforço constante para sermos bons é oração e daí nos assegura que nossas orações são respondidas. Ela escreve em Ciência e Saúde: “O esforço habitual para sermos sempre bons é oração incessante.” E também isto: “Somos beneficiados por orar? Sim, o desejo que parte faminto em busca de justiça, é abençoado por nosso Pai, e não nos volta vazio.” Ciência e Saúde, p. 4.
Muitas personagens bíblicas defrontaram-se com severas lutas e obtiveram maravilhosas vitórias graças a seu desejo de viver segundo um padrão mais elevado, centrado em Deus. Jacó defrontou-se, durante toda uma noite, com uma intensa luta, antes de se encontrar com seu irmão Esaú, após vários anos de separação e ressentimento. Ver Gênesis 32:24–30. O livro do Gênesis diz-nos que ele foi deixado a sós a lutar com seus pensamentos. Recusou-se a ceder, até obter um novo vislumbre de Deus e de si próprio.
Ele pôde dizer, após aquela noite, que tinha visto a Deus “face a face”, pois vira de modo mais claro a totalidade e a bondade de Deus e sua própria perfeição como filho espiritual de Deus. Logo depois, quando se encontrou com Esaú, constatou também uma nova e mais elevada visão sobre seu irmão. O esforço valeu a pena para Jacó: ganhou nova compreensão de Deus, de si mesmo e de seu irmão e o velho ódio desfez-se num caloroso abraço.
A luta de Jacó faz-me lembrar bastante a minha própria luta com a questão de beber. A pressão que tinha vindo a sentir continuava a aumentar até que, uma noite, percebi que tinha de encontrar uma solução. Decidi não me deitar até encontrar essa resposta. Peguei meus livros (a Bíblia e Ciência e Saúde) e fiquei em silêncio.
Escutei e orei com devoção para saber o que Deus me queria dizer. No silêncio daquela noite, senti a presença e a proximidade de Deus. Fui envolvida por um inquestionável sentimento de paz e confiança. Comecei a sentir-me como filha de Deus, pura, inocente, segura e muito amada. Nesse momento, a totalidade de Deus e meu relacionamento com Ele satisfizeram-me e confortaram-me em abundância. Senti-me como se tivesse visto melhor a Deus, tal como Jacó, face a face: como Pai-Mãe a filho. Percebi que esse era meu relacionamento permanente.
Nessa altura, a questão de beber ficou resolvida. Jamais precisaria beber e tive a certeza de que o amor e a providência divinos me sustentariam, em todas as situações.
A partir dessa noite, nunca mais me senti ameaçada pelos comentários de amigos sobre bebidas. E, em várias ocasiões, outros tiveram coragem de recusar bebidas devido à posição que tomei.
Podemos nos sentir seguros de que nosso Pai-Mãe Deus está nos mostrando, face a face, nossa mais elevada identidade e o melhor modo de vivê-la.
