Como os leitores provavelmente se recordam, ao fim do capítulo anterior desta série, no mês passado, falamos sobre a maneira como a tradução latina que Jerônimo fez da Bíblia — a Vulgata — foi deturpada através dos anos. No capítulo deste mês, continuaremos essa narração.
No século XII, um livro de Pedro Lombardo, erudito italiano, causou, inadvertidamente, uma deturpação ainda maior da Vulgata. O livro de Lombardo, Sentenças, consistia de quatro volumes de doutrinas sobre temas teológicos, tais como a Trindade e os sacramentos. O aspecto mais importante dessa obra estava nas profusas citações dos antigos padres da igreja, e no sistema complexo de raciocínio teológico que se tornou conhecido como “escolástica” ou “escolasticismo”. Com o tempo, esse livro altamente ortodoxo tornou–se a obra–padrão de teologia para a Igreja Católica da Idade Média.
Infelizmente, estudiosos, em Paris, introduziram o comentário escolástico de Lombardo numa nova edição da Bíblia de Alcuíno, em princípios do século XIII. Resultou daí a “Bíblia de Paris”, uma edição contendo camadas e camadas de teologia escolástica intercaladas com o texto bíblico. Essa nova Bíblia de um volume foi logo disseminada por toda a Europa, por estudantes da Universidade de Paris.
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