O Que É que você pode fazer ao encontrar-se numa situação muito assustadora — não um caso de ficar com medo do escuro ou preocupado com a escola, mas uma situação na qual você está sendo ameaçado por outra pessoa, sem poder fazer nada? Isso aconteceu comigo quando eu estava na quarta série. Fui salva do perigo por ter escutado e obedecido a Deus. Mas para compreenderem como pude resguardar-me, preciso contar-lhes algo sobre minha personagem favorita na Bíblia.
Meu pai costumava contar-me histórias antes de eu dormir, histórias que ele mesmo inventava sobre dois cachorrinhos. Um dos cachorros era muito gordo e sempre se metia em apuros. O outro era muito magrinho e sempre salvava seu amigo. Os nomes que meu pai dera aos cachorrinhos eram Josafazão e Josafazinho. Mais tarde, dei-me conta de que Josafá (como consta da Bíblia) era, na verdade, o nome de um ótimo rei citado no Velho Testamento. O rei Josafá não era nada parecido com o filhote egoísta das histórias que meu pai contava: ele era sempre fiel a Deus. O rei volvia-se a Deus, ouvia cuidadosamente a orientação divina e lhe obedecia.
A Bíblia nos conta que, certa vez, vários exércitos se uniram para atacar o rei Josafá e seu país, também conhecido como o Reino de Judá. Ver 2 Crôn. 20:1–30. O povo de Judá estava em grande desvantagem numérica e muito assustado. Josafá convocou a todos a fim de, juntos, orarem — homens, mulheres e crianças. Eles se volveram a Deus e prestaram atenção quando o rei rogou a Deus que os protegesse.
De repente, um homem do grupo, chamado Jaaziel, percebeu a mensagem de um anjo vindo de Deus. Ele contou a toda a congregação o que Deus lhe dissera: "Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão, pois a peleja não é vossa, mas de Deus.... Neste encontro não tereis de pelejar; tomai posição, ficai parados, e vede o salvamento que o Senhor vos dará, ó Judá e Jerusalém. Não temais nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro, porque o Senhor é convosco."
Que mensagem extraordinária! Eu gostava de tudo nela. A ordem de Deus para que não temessem. A afirmação categórica de que a peleja era de Deus. A promessa de uma vitória segura. E a exigência de que o povo fosse obediente e pusesse em ação a sua confiança em Deus.
Só há um Deus, um poder supremo. Ele é a Mente divina e enche todo o espaço. A Mente divina só é o bem e comunica apenas bons pensamentos, ou mensagens angelicais, como aquela que veio a Jaaziel.
O mal é a sugestão de que o bem não seja todo-poderoso — de que possa existir um poder nefasto, agressivo. O mal é uma falsa crença de que Deus possa estar ausente. Cristo Jesus, porém, nos mostrou que Deus está sempre presente e cuidando de nós. Ele provou que Deus é o único poder e que Seu poder é supremamente bom. A Sra. Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, diz em Ciência e Saúde: "O mal não é nada, não é coisa, não é mente, nem é poder." Ciência e Saúde, p. 330. E, em outro capítulo desse livro, ela diz: "Deus é infinito, portanto sempre presente, e não há outro poder ou outra presença." Ibidem, p. 471.
Quando Josafá e o povo ouviram a mensagem de Deus, sabiam que aquela era a resposta às orações que haviam feito e imediatamente sentiram-se gratos e felizes. Na manhã seguinte, levataram-se cedo, na expectativa do bem e sem medo. O rei estava tão confiante da presença e da supremacia de Deus, que ele colocou cantores à frente do exército para louvar a Deus. Quando Josafá e o povo chegaram ao campo de batalha, já não havia mais inimigo para combater! Eles foram vitoriosos conforme Deus lhes havia prometido, sem terem de pelejar com ninguém.
Esse exemplo do poder da oração — volver-se a Deus, prestar atenção ao que Ele diz e prontamente obedecer-Lhe — eis o que me salvou quando precisei de ajuda. Com a permissão de minha mãe, eu tinha ido com o meu irmãozinho ao cinema, à sessão matinal, num sábado. Tínhamos tempo e dinheiro suficientes para assistir ao filme duas vezes.
Durante o intervalo, um homem sentou-se ao meu lado e começou a falar em voz baixa, de tal modo que ninguém além de mim podia escutar o que ele dizia. Queria que eu saísse do cinema com ele. Ficou molestando-me e eu, então, pedi ao meu irmão que mudássemos de lugar, para alguns assentos mais longe. O homem, porém, ficou zangado e nos seguiu. Ele então agarrou a minha perna e disse-me para não trocar de lugar outra vez.
Eu estava realmente apavorada. Pensei em gritar por socorro, mas não conseguia emitir um som sequer. Naquele momento, não pensei especificamente a respeito de Josafá. Mas, de repente, percebi que eu não estava desamparada. Eu podia orar. Sabia que precisava orar.
Comecei a pensar em Deus. Comecei a saber que Deus estava presente, sempre presente. Que Ele é Tudo. Que Deus é bom. E que o bem é todo-poderoso. O homem continuava a falar comigo mas eu nem estava ouvindo mais o que ele dizia. Eu estava pensando em Deus, e que Ele era o único poder. Continuei a orar dessa forma até que me veio um pensamento, uma mensagem angelical de Deus, como acontecera a Jaaziel. O pensamento era que eu não deveria ficar com medo porque Deus estava comigo. Recebi também uma orientação específica a ser seguida. O que me veio à mente era que eu deveria levantar-me imediatamente e sair. E, mentalmente, tive a certeza de que Deus me protegeria e de que o homem não conseguiria sequer me tocar.
Tinha certeza de que esses pensamentos vinham de Deus e que eu precisava obedecer às ordens imediatamente. Um pouco antes, tinha me sentido paralisada na cadeira, sem poder falar. Agora, não estava mais com medo. Sabia que podia e devia fazer exatamente o que Deus me ordenara. Virei-me para o meu irmãozinho, disse-lhe que nós tínhamos de sair e levantei-me. Meu irmão não vacilou em nenhum momento nem fez perguntas. Ele apenas se levantou e dirigiu-se à saída.
Embora o homem estivesse me segurando, consegui levantar e sair de perto dele. Ele deu um bote através dos assentos tentando me agarrar mas não conseguiu, apesar de estar no assento ao lado do meu. Ele nem conseguiu me tocar! Eu estava tão consciente da presença de Deus, do poder do bem, a me envolver! Foi a presença de Deus que impediu que aquele homem ficasse me segurando por mais tempo.
Meu irmão e eu andamos até o saguão, onde encontrei uma funcionária do cinema. Contei-lhe o que tinha acontecido e ela me pediu que voltasse à sala com ela para mostrar-lhe o tal homem. Quando começamos a descer pelo corredor, ele nos viu e, pulando sobre vários bancos, correu para uma saída lateral. Outra funcionária telefonou para a nossa mãe e ela mandou alguém nos buscar.
Senti enorme gratidão por estar a salvo. Mas estava ainda mais grata por ver o enorme poder de Deus e o fruto da obediência a Ele. Enquanto esperava no saguão, entendi que nada poderia apavorar-me dessa forma novamente. Eu tinha sentido a força e o poder da presença de Deus e tinha ouvido a Mente divina falar comigo. Não importa qual seja o desafio, nós todos podermos nos volver a Deus, ouvir cuidadosamente e obedecer-Lhe. Essa é uma oração que nos mantém a salvo de ataques.
