Aprendi Uma Lição importante no meu primeiro ano de pós-graduação. Em um dos cursos, os alunos e o professor discutiam as várias teorias relacionadas com o desenho. Em realidade, os outros alunos participavam da discussão, enquanto que eu praticamente só ouvia; minha contribuição foi muito pequena. Ao final do curso apresentei o projeto final, o único requerido pelo professor. Tive nota 10 pelo projeto, mas pelo curso em si tirei 8. Quando pedi uma explicação ao professor sobre a diferença nas notas, ele foi brusco. Disse-me que, embora eu tivesse entendido a matéria, não havia compartilhado meu entendimento com o resto da classe, e por isso não merecia uma nota maior. Eu sabia que ele tinha razão.
A partir daí comecei a entender a necessidade moral de compartilhar. A essência do cristianismo é promover o bem-estar dos outros. Há também uma necessidade espiritual de compartilhar, que reforça a exigência moral. Quando damos de nós mesmos, estamos manifestando naturalmente o fato de que o homem expressa a natureza divina. O livro do Gênesis nos diz que o homem é criado à imagem de Deus. Compaixão e altruísmo, portanto, são necessariamente a conseqüência do fato espiritual de que Deus é Amor e de que o homem é a imagem do Amor. A expressão de justiça é a manifestação inevitável do fato de que Ele é Verdade. A percepção e a sabedoria derivam do fato de que Ele é Mente.
Quando nossa contribuição baseia-se no conhecimento espiritual de Deus e do homem, ela não pode deixar de ser eficaz. Através de seus preceitos inspirados e de suas obras, que incluem curas de paralisia, cegueira e lepra, Cristo Jesus mostrou-nos como é poderosa a contribuição espiritualmente fundamentada. Em certa ocasião ele alimentou cinco mil pessoas com alguns poucos pães e peixes, e em outra salvou os discípulos de uma tempestade em alto mar.
Jesus certamente contribuía para o bem-estar das pessoas com quem mantinha contato, mas sua missão incluía muito mais. Ele veio para mostrar-nos o caminho pelo qual nos libertar do pecado, da doença e da mortalidade. Ele exemplificava o Cristo, a influência divina curativa sempre presente para nos revelar a saúde e a harmonia do ser verdadeiro, para revelar a totalidade de Deus.
O exemplo que Jesus nos deu, foi de contribuição no sentido mais elevado. Mas como podemos seguir seu exemplo de cura? O Mestre sabia que o poder que cura não é um atributo pessoal; vem de Deus, o bem, e pode ser manifestado por todos nós. Isso foi provado pelos discípulos, que continuaram a curar mesmo depois da ascensão de Jesus.
O Mestre percebia a nulidade das limitações que o próprio pensamento humano se impõe. Ele ensinou que basta um pouco de fé e conhecimento da Verdade divina, para expulsar o mal e a doença. Ele disse: “... se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível.” Mateus 17:20.
A Sra. Eddy exortava seus seguidores a que tivessem mais fé no governo de Deus, o bem, e no homem como a expressão de Deus. Em seu sermão de dedicação da sua Igreja, que aparece em Pulpit and Press, ela faz referência ao seguinte poema:
“E se a gotinha de chuva disser:
‘Tão pequena gota sou,
Não posso a terra ardente refrescar,
Portanto no céu ficar eu vou.’ ”
Ela então acrescenta: “Não é o homem metafísica e matematicamente o número um, uma unidade, e, conseqüentemente, um número inteiro, governado e protegido por seu Princípio divino, Deus? Tens apenas de preservar uma noção científica positiva da união com tua origem divina, e demonstrá-la diariamente. Então perceberás que um é um fator tão importante quanto duodecilhões, quando nos dispomos a ser corretos e agir corretamente, e dessa forma demonstrar o Princípio deífico.” Pulpit and Press, p. 4.
A Ciência Cristã tem um efeito radical em nossa maneira de contribuir. Esse efeito deve-se ao modo como enfrenta os males humanos. Ao invés de tomar como ponto de partida a suposta realidade desses males e buscar um remédio para eles na matéria, essa Ciência começa com a verdade de que Deus, o bem, é absolutamente Tudo, e a partir daí demonstra a ilegitimidade de tudo o que Lhe é dessemelhante. A compreensão da realidade espiritual nos habilita a perceber com maior freqüência a manifestação de saúde e harmonia em nossa vida.
A Ciência Cristã enfatiza que o pensar corretamente é a maneira mais importante de contribuir. Quando digo “pensar corretamente” não estou me referindo simplesmente a pensamento positivo; refiro-me, sim, à oração da maneira como Cristo Jesus ensinou. A cura não é o resultado da ação da mente humana. A cura se manifesta quando a mente humana cede ao governo da Mente divina.
Quando nos exortou a que vivêssemos altruisticamente, Paulo explicou o que vem a ser o pensamento correto: “Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”. Filip. 2:4, 5.
Como podemos obedecer a esse conselho de forma mais completa? Como Jesus, podemos amar idéias espirituais ao invés de coisas ou pensamentos materiais. Podemos buscar em primeiro lugar o reino de Deus. Podemos humildemente ouvir a orientação de Deus e atendê-la, ao invés de insistir em fazer as coisas a nosso próprio modo. À medida que aumenta nosso altruísmo, nossos pensamentos deixam de se fixar apenas na gratificação de nossos desejos e começam a atender, ou seja, a servir, a Deus, o Amor. O pensamento correto por si só é ação e resulta em ação. É ação porque o pensamento imbuído da verdade e amor de Deus cura, moral e fisicamente.
Quando a Sra. Eddy descobriu a Ciência Cristã, ela havia sido curada (de um ferimento quase fatal sofrido em um acidente) ao ler uma das curas de Jesus na Bíblia. Ela escreveu a respeito desse momento: “Quando a porta se abriu, eu estava esperando e vigiando; e, eis que veio o noivo! Chegada a meia-noite, a natureza do Cristo foi iluminada pelos archotes do Espírito. Meu coração reconheceu seu Redentor.” Retrospecção e Introspecção, p. 23.
Naquele momento ela não disse: “Que maravilha”, e se deu por satisfeita. Ela se sentiu compelida a entender as leis de Deus, a Ciência que fundamentava sua cura, e trabalhou para compartilhar essa Ciência com a humanidade, pois sabia que não havia nada capaz de abençoar-nos tanto.
Se bem que o objetivo imediato da Ciência Cristã seja a cura e a salvação individuais, a influência curativa do Cristo, a Verdade, não pode ficar confinada. A Verdade tem o efeito de elevar e levedar os assuntos do mundo. Quando curamos a nós mesmos ou a alguma outra pessoa de um problema pessoal, seja uma doença ou um gênio difícil, beneficiamos a humanidade também. Cada cura que ocorre, quando colocamos em prática os ensinamentos da Ciência Cristã, fortalece a ação da Verdade na eliminação dos males de todo o mundo.
A humanidade precisa desse conceito mais elevado de contribuição, a fim de superar de uma vez as dificuldades com as quais se depara. A contribuição material não pode libertar-nos da servidão do pecado e da doença. A verdadeira liberdade se adquire com compreensão espiritual e demonstração. Portanto, contribuímos eficazmente para o bem do mundo que nos cerca ao curar da maneira como o Mestre ensinou. Não há maneira mais significativa de compartilhar do que essa!
