Contamos Hoje Com uma grande variedade de conselhos e instruções espirituais que brotaram de exemplos bíblicos ligados à agricultura. Quase todos os aspectos das lides agrícolas são utilizados em sentido figurado para o ensino de lições vitais: o cultivo, a semeadura, a vigilância e, está claro, a colheita do que foi semeado. Não é de surpreender, pois a base da economia da Palestina era a agricultura.
Com referência à semeadura, por exemplo, há no livro de Levítico esta instrução: “No teu campo não semearás semente de duas espécies.” Levítico 19:19. E noutra parte do Velho Testamento encontramos isto: “Não semearás a tua vinha com duas espécies de semente, para que não degenere o fruto da semente que semeaste e a messe da vinha.” Deuter. 22:9. Tais palavras nos fazem lembrar que necessitamos pureza e vigilância.
Qualquer pessoa que tenha cultivado um jardim sabe que deve vigiar e esforçar-se constantemente para manter a terra livre de ervas daninhas. E já viu o que acontece quando não faz isso! De modo similar, podemos vigiar o tipo de pensamento que temos, vigiar cuidadosa e constantemente para que sejam pensamentos da mais alta qualidade, o mais puramente espirituais possível, não consentindo que se semeiem qualidades opostas e estas criem raízes. Com isso, protegemo-nos de coisas prejudiciais à saúde, à felicidade e ao nosso próprio progresso espiritual. “O fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio”, disse Paulo aos gálatas. Gálatas 5:22, 23.
Como cultivaremos o pendor do Espírito? Em que base rejeitaremos pensamentos contrários à natureza e à substância do Espírito, quando tanta coisa na vida humana se mostra o oposto da espiritualidade genuína? Encontramos resposta às duas perguntas naquilo que sabemos de Deus.
Saber que Deus, o bem, é Espírito e é infinito, e que o homem é a própria semelhança de Deus, faz-nos entender que nossa verdadeira identidade, nossa natureza, todo o nosso ser, é espiritual, é bom, pois reflete a natureza divina. Quanto mais compreendermos que Deus é tudo e é o bem, tanto mais veremos que a única realidade que há, e portanto a única consciência que podemos ter, é a espiritual. E é com esse fundamento que podemos e devemos enfrentar e, de fato, refutar, toda concepção contrária de existência. Colheremos na prática os efeitos benéficos desse trabalho.
Por exemplo, durante uma de minhas viagens de avião, o piloto anunciou que, segundo parecia, o vôo seria tranqüilo durante todo o trajeto. Vinte minutos depois, entretanto, acendeu-se o aviso de apertar o cinto; o piloto desculpou-se e disse que estávamos por entrar numa zona de turbulência, mas apenas por alguns minutos.
A essa altura, não me preocupei muito e resolvi esperar que as coisas se acalmassem. Não se acalmaram. Quinze minutos mais tarde o avião era jogado violentamente de um lado para outro. Novamente se ouviu o comandante pelos alto-falantes, dizendo dessa vez que a turbulência provavelmente continuaria durante os quarenta e cinco minutos seguintes e talvez piorasse, e teríamos de agüentar os caprichos da natureza.
Os passageiros foram ficando inquietos e com medo. Por um momento eu também comecei a me sentir como os outros, até que me dei conta do que acontecia. Tal como alguns dos passageiros, eu estava permitindo que o medo lançasse sementes e criasse raízes. Comecei a sentir mal-estar.
Como um jardineiro que subitamente percebe que as ervas daninhas invadiram seu jardim, entrei em ação. Não ação física, mas ação metafísica, de acordo com a Ciência Cristã. Voltei toda a minha atenção para Deus, a Mente divina, e logo veio-me a idéia: “Eu posso enfrentar esta situação porque sei que Deus, o bem, governa tudo. Em Seu universo, não há nada em estado de turbulência ou de medo.” O pensamento seguinte, no entanto, foi exatamente o oposto: “Isso é uma utopia. Não posso fazer coisa alguma neste caso. São forças da natureza!”
Eu precisava escolher rapidamente entre essas duas impressões contrastantes. Na primeira, havia um sentimento de domínio e ordem, e reconheci que esse era o sentido espiritual, verdadeiro, das coisas, a percepção de que Deus cuida perfeitamente de tudo. Na outra impressão, eu me via como um mortal desamparado, à mercê das forças da natureza. Isso era o que parecia real aos sentidos materiais. No entanto, tal como uma planta que no início parece fazer parte do jardim, mas é somente uma erva daninha, eu sabia que esse sentido material das coisas era ilegítimo, porque não fazia parte de Deus, a Mente divina, a única consciência verdadeira.
Tomar essa posição, rodeado de toda aquela turbulência e desconforto, parecia um tanto radical demais. Mas apeguei-me com firmeza ao fato espiritual ensinado pela Ciência Cristã, de que o problema não era que estivéssemos sendo vítimas de uma realidade fora de controle. O problema era que havia ignorância de que a realidade é puramente espiritual, eternamente calma, em perfeita ordem, sob o governo de Deus. No livro Ciência e Saúde, Mary Baker Eddy escreve: “É nossa ignorância acerca de Deus, o Princípio divino, que produz aparente desarmonia, e compreendê-Lo corretamente restabelece a harmonia.” Ciência e Saúde, p. 390. A inquietação e o mal-estar que eu sentia desfizeram-se rapidamente.
Passados alguns minutos, cessou a turbulência, e no restante do vôo (cerca de duas horas) houve apenas alguns momentos isolados de instabilidade. Pode-se pensar que, por coincidência, o mau tempo subitamente tenha cessado, ou que o avião simplesmente tenha saído naquele momento das zonas de correntes de ar agitadas. Talvez.
Foi mais profundo, porém, o significado do que aconteceu. Foi uma prova de que as lições contidas na Bíblia têm relevância no mundo de hoje. Lembrei-me também da importância e dos efeitos benéficos de se vigiar constantemente o que é semeado no pensamento.
