Gosto Muito De livros. Aliás, foi assim que descobri o balé. Encontrei um livro que mostrava as posições básicas dos pés e dos braços, e praticava-as em frente ao espelho do meu quarto. Fiquei entusiasmada quando, mais tarde, minha mãe disse que minha irmã Julie e eu podíamos tomar aulas de balé com uma senhora da nossa cidade.
Ela não tinha propriamente um verdadeiro estúdio de dança. As aulas eram na sala da frente de sua casa, que tinha sido adaptada para isso. Mas Julie e eu adorávamos as aulas, a ponto de irmos lá três vezes por semana depois da escola. Por vezes tínhamos mais de uma aula no mesmo dia — até que meu pé começou a atormentar-me. Uma excrescência anormal desenvolveu-se no pé a ponto de tornar a dança praticamente impossível. Minha mãe sabia que algo estava errado e que era preciso fazer alguma coisa. Respondi-lhe que queria orar sobre o assunto e ela concordou.
Que eu me lembre, minha família sempre freqüentou uma Igreja da Ciência Cristã. Eu tinha tido algumas curas rápidas, quando pequena — curas de gripe e de dor de ouvidos. Sabia que nessas ocasiões minha mãe ou um praticista da Ciência Cristã também tinham orado por mim. Nessa circunstância, percebi que era o momento de descobrir mais, por mim mesma, acerca de como a cura é realmente possível pela oração.
Decidi fazer uma experiência. Voltei-me para os dois livros que são o pastor na Igreja da Ciência Cristã — a Bíblia e Ciência e Saúde, de Mary Baker Eddy. Quis testar esses dois livros para ver se o que eles prometiam era mesmo verdade. Claro que eu gostava da mensagem que ouvia na Escola Dominical, mas poderia ela realmente curar essa situação?
Estava aprendendo que tudo o que Deus faz é bom. A Bíblia diz que Ele fez o homem à Sua imagem. Uma vez que Deus é Espírito e é perfeito, Sua imagem tem de ser também espiritual e perfeita. Percebi que as “coisas” espirituais — tal como uma idéia — estão realmente separadas da matéria. Não se pode apalpar uma idéia; não obstante, pode-se apreciá-la. Isso tinha sentido. Embora poucas coisas materiais do mundo — incluindo pessoas — me parecessem realmente boas ou perfeitas, eu entendi que uma idéia espiritual pode ser, de fato, totalmente boa e perfeita.
Ciência e Saúde fala da perfeição da natureza verdadeira e espiritual do homem, e percebi que o livro tinha produzido realmente um grande impacto em mim. Embora já tivesse lido várias partes do livro, só agora começara a lê-lo de capa a capa. O capítulo intitulado “A Oração” inspirou-me bastante. Aquilo que sobressaía era a importância de se ter motivos puros e a necessidade de pôr em prática nossas orações.
Compreendi a relevância de viver a verdade de nossas orações e de sentir-me mais chegada a Deus, o bem. Mas não estava muito segura de como fazê-lo. Sentindo-me encorajada pela promessa de que Deus fez o homem perfeito, à Sua imagem, decidi começar a testar a veracidade dos pensamentos que sugeriam o mal sobre mim ou sobre as coisas que me rodeavam. Em particular, a duvidar do pensamento de que a excrescência no meu pé tinha poder para me fazer pensar em algo oposto ao bem em mim mesma.
Ocorreu-me que esse problema no meu pé era como um mau boato. Rumores que não se baseiam em fatos devem ser encarados como mentiras. Parecia que essa coisa no meu pé era uma mentira tentando difamar o bem que era verdade a meu respeito. Decidi agarrar-me com mais firmeza àquilo que eu sabia ser a verdade sobre o homem de Deus.
O tema da pureza interessou-me. Pedi emprestado à minha mãe as Concordâncias da Bíblia e dos escritos da Sra. Eddy, e encontrei diversas passagens que foram de grande ajuda. Escrevi algumas delas em pequenos pedaços de papel que eu levava no bolso como lembretes da minha perfeição espiritual. Uma frase muito importante para mim foi: “Temos de destruir a crença errônea de que a vida e a inteligência estejam na matéria e firmar-nos no que é puro e perfeito.” Ciência e Saúde, pp. 222–223.
Outra passagem foi tirada da Bíblia. Foram as palavras de Cristo Jesus: “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário dele vos escolhi, por isso o mundo vos odeia.” João 15:19. Percebi que eu não precisava ser enganada pelos rumores que “o mundo” apresentava a meu respeito e podia enxergar minha verdadeira perfeição como filha de Deus. Estava despertando para o fato de que o homem, à imagem de Deus, nunca foi realmente “do mundo,” vivendo no mesmo espaço do mal ou da matéria.
Mais à frente, no mesmo capítulo de João, Cristo Jesus disse: “Estais comigo desde o princípio.” João 15:27. Eu sempre tinha estado com o Cristo, a verdadeira idéia de Deus, portanto não tinha de acreditar nas mentiras materiais sobre minha pessoa! Decidi não aceitar ninguém, a não ser Deus, para me dizer aquilo que se passava comigo. Em vez de ficar preocupada com o estado do meu pé, passei a estar muito mais atenta ao que Deus me dizia. Se o meu pé me incomodava, lembrava e reconhecia tudo o que Deus me estava dando — alegria, harmonia, inteligência, pureza e assim por diante. O desconforto cessava quase imediatamente.
Uma manhã estava no chuveiro, pensando na pureza e no fato de que eu não podia ser tocada pelo “mundo”. Ia evitar lavar o pé, pois não queria nem sequer olhar para ele. Mas, de repente, veio-me o pensamento: “Todas as partes de ti são limpas!” Percebi que eu era, naquele momento, a idéia pura e perfeita de Deus. Portanto, não tinha nada a temer! Ao abaixar-me para lavar o pé, a excrescência desprendeu-se e foi pelo cano da banheira abaixo.
Um milagre? Uma coincidência? Talvez eu pudesse pensar isso da minha experiência, não fosse o fato de que tinha percebido a lógica daquilo que a Bíblia e Ciência e Saúde me diziam sobre quão natural é experimentar o poder sanador de Deus. Senti que tinha compreendido a verdade daquilo que Cristo Jesus disse. Portanto, a cura não pareceu misteriosa para mim, pelo contrário, ela fez mesmo muito sentido.
