As Igrejas Evangélicas, nos países em que se fala o português, adotam, quase que unanimemente, a tradução da Bíblia feita por João Ferreira de Almeida, religioso português do século XVII, que foi o primeiro a traduzir as Escrituras para o nosso idioma.
Existem, no entanto, duas versões da tradução de Almeida: a Revista e Corrigida e a Revista e Atualizada. Algumas denominações utilizam a primeira, enquanto outras têm preferência pela segunda.
Por que existem essas duas versões? perguntam-se às vezes os leitores. Existem diferenças significativas entre as duas, ou é só uma questão de estilo e palavreado?
A tradução João Ferreira de Almeida foi trazida para o Brasil pela Sociedade Bíblica Britância e Estrangeira, em fins do século passado. Na ocasião, a tradução de Almeida, feita 200 anos antes, foi entregue a uma comissão de tradutores brasileiros, que foram incumbidos de rever o texto, dando-lhe um linguajar mais acessível ao público brasileiro. Essa revisão, publicada em 1898, recebeu o nome de "Revista e Corrigida".
Quando foi fundada a Sociedade Bíblica do Brasil, em 1948, uma nova revisão da tradução de Almeida foi encomendada a outra equipe de tradutores brasileiros, que já vinha trabalhando nisso havia algum tempo. Essa comissão, composta de cerca de trinta especialistas em hebraico, grego e português, trabalhou quase treze anos, durante os quais a tradução de Almeida foi inteiramente repassada à luz dos textos originais. O resultado desse novo trabalho, publicado em 1959, é o que hoje conhecemos como "Edição Revista e Atualizada".
Essa comissão usufruiu dos avanços da cultura e da pesquisa nos campos da arqueologia, história e lingüística, avanços esses que lançaram novas luzes sobre os manuscritos originais da Bíblia, além de possibilitar o acesso a mais e mais antigos manuscritos. As novas descobertas têm ajudado a resolver várias questões a respeito de palavras e termos hebraicos e gregos, cujo sentido não claro. Antes dessas descobertas, os tradutores usavam textos que se baseavam em manuscritos mais "novos", ou seja, em cópias produzidas em datas mais distantes da época bíblica.
As diferenças entre as duas versões de Almeida não estão somente no estilo e no vocabulário. No Antigo Testamento, as diferenças resultam principalmente dos progressos verificados na interpretação do texto hebraico, que modernamente se beneficia de um vasto acervo de dicionários e comentários de publicação mais recente, que ajudam os tradutores a entender melhor os originais antigos.
No Novo Testamento, além do fator acima, há também diferenças no próprio texto, porque a Edição Revista e Corrigida se baseia num texto grego publicado em 1516, e contém frases não encontradas em textos gregos mais antigos. Nesses casos, a Edição Revista e Atualizada traz as frases ou palavras entre colchetes (ver, por exemplo, Mateus 9:13; Atos 15:34; 2 Pedro 1:21).
Fonte bibliográfica: A Bíblia no Brasil, Sociedade Bíblica do Brasil, Abril / Junho de 1996.
As citações bíblicas contidas no Arauto, assim como as Lições Bíblicas semanais, delineadas no Livrete Trimestral da Ciência Cristã, são da versão João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada (eventuais exceções são claramente identificadas como tais).
 
    
