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Fragmentos da verdade não satisfazem plenamente

Da edição de dezembro de 1997 dO Arauto da Ciência Cristã


Ultimamente, Muita Gente procura "livros de meditação" e busca apoio nas breves e esperançosas reflexões que eles contêm, uma para cada dia do ano. Para alguns críticos, essa é uma tendência de se querer respostas imediatas e prontas para os problemas existenciais. Outros, porém, acreditam piamente na eficácia desse sistema de auto-ajuda, assegurando que ler um pensamento inspirador pela manhã, ajuda-os bastante a lidar com os problemas que aparecem no decorrer do dia.

Fome espiritual, assim é denominada por muitos psicólogos, conselheiros religiosos e assistentes sociais, essa nova onda de "religiosidade pessoal", interesse por uma vida religiosa individual. Vivendo, como parecemos viver, numa sociedade de aparências, e bombardeados por reportagens sensacionalistas, estamos assim tão esfomeados por algo mais elevado e sagrado, a ponto de nos satisfazermos com migalhas de espiritualidade? Nesse caso, por quanto tempo?

No entanto, percebo que muitas outras pessoas estão descobrindo por experiência o que eu aprendi por mim, isto é, que essa abordagem de um pensamento inspirativo por dia não satisfaz plenamente. Para quem está começando, breves pensamentos inspirativos ajudam muito! Assemelham-se ao copo de água fresca que mata a sede imediata. Mas, com o tempo, é necessário ir direto à fonte.

Aos vinte anos, depois de ter concluído a Escola Dominical da Ciência Cristã, eu possuía um bom repertório de citações inspirativas que memorizara e utilizava em minha vida. Meu professor da Escola Dominical denominava-as "maxipitas", máximas, ou pequenas sentenças que continham pepitas de verdades incontestáveis. Não pensem que aprendíamos só isso na Escola Dominical. Aprendíamos sobre Deus, a origem de todas essas verdades espirituais, "o manancial de águas vivas"! Jeremias 2:13. Os livros que usávamos eram a Bíblia e Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy. Esses dois livros nos ensinam que Deus é onipresente, está sempre em atividade, que é Amor onipotente e que o homem é a idéia ou semelhança espiritual de Deus.

Através das "maxipitas" que aprendi na Escola Dominical, e de outras que aprendi depois, ganhei força, recebi orientação, saúde e iluminação espiritual inúmeras vezes. Achava que eu poderia zarpar para o mar da vida com o apoio dessas preciosas e poderosas afirmações do amor onipotente de Deus. Mas não demorou muito, eu percebi que ser cristão é muito mais do que colecionar máximas, ou "maxipitas".

Essa compreensão não se deu de imediato, mas gradualmente. Quando as dificuldades surgiam, comecei a perceber que a minha oração era mais uma tentativa frenética de juntar pensamentos soltos do que de me aproximar verdadeiramente de Deus. A palavra que descreve bem esse sentimento é: fragmentada. Era assim que eu me sentia. Não somente minha oração, como também minha vida, parecia uma série de breves, embora amenas, experiências. Nessa altura, já estava casada, com dois filhos pequenos e, devido ao emprego de meu marido, mudávamos de cidade freqüentemente.

Finalmente, uma noite, depois de mais uma mudança, sentia-me muito só e deslocada. Meu marido estava viajando a serviço. Depois de ter colocado as crianças na cama, comecei a orar. Dessa vez, a oração foi diferente. Era um profundo desejo por constância e continuidade, tanto em minhas orações, quanto em minha vida. Volvendo-me a Deus de todo o coração, com vontade, vi-me a dizer: "A oração e a vida têm de ser algo mais do que 'maxipitas'!" Então, acrescentei: "Deus, estou pronta para receber o cimento que vai reuni-las." Senti-me muito calma por dentro e tive a convicção de que Deus atenderia à minha oração. Antes de adormecer, agradeci a Deus por todos aqueles copos refrescantes de água que muito haviam me ajudado e que estavam me levando à fonte.

"Cimento que vai reuni-las" — isso me parece tolice agora, mas foi assim, com esse vislumbre infantil, que percebi que a Verdade, revelada na Ciência do Cristo, é um todo indiviso, constante, coerente. E era esse todo que eu procurava.

Quase que imediatamente, minha prática da Ciência Cristã, minha oração e minha vida começaram a se abrir para essa nova dimensão de coerência e continuidade. Para começar, meu estudo da Bíblia e de Ciência e Saúde se modificou. Não lia somente para anotar e memorizar trechos ou frases de que eu gostava. Concentrava-me no "cimento", isto é, na ligação entre todas aquelas verdades que aprendia. Cada afirmação é necessária, importante, preciosa. Meu estudo, portanto, consistia agora em ouvir e considerar cada uma, mas vendo-as num sentido global.

Pela primeira vez, procurei o Cristo por amor ao Cristo, não mais de uma maneira egoísta, pensando apenas em mim mesma. Desejava ardentemente crescer, ao invés de obter, permitir que o Cristo, a Verdade, me transformasse, me fizesse semelhante a Deus. Já não pensava que podia usar "pedaços" da verdade para meu próprio benefício.

Logo depois, quando a Lição Bíblica da semana era "A Ciência Cristã", compreendi aquilo que me estava faltando compreender. Todas as vezes que a li, agradeci a Deus. Até havia uma referência às famosas "maxipitas". Não usava propriamente essa palavra, mas o sentido era esse: "A Verdade é tão onipotente que um grão de Ciência Cristã faz maravilhas para os mortais, mas é preciso apropriar-se mais da Ciência Cristã a fim de perseverar em fazer o bem." Ciência e Saúde, p. 449. Imagine o meu sorriso ao ler isso!

Essa Lição também incluía o relato bíblico de Cristo Jesus em Genesaré, Ver Mateus 14:34-36. sobre todos aqueles que tocavam a orla de sua veste e ficavam sãos. Imagino quantos daqueles que ficaram curados em Genesaré, ao tocar a orla da veste, não teriam desejado ser envolvidos pela túnica inteira. Como afirma Ciência e Saúde: "A Ciência divina do homem está tecida numa só contextura consistente, sem costura nem rasgão." Ciência e Saúde, p. 242. (Isso, sem dúvida, soa muito melhor do que "o cimento que vai reuni-las.")

Essa consistência já estava se tornando mais aparente na minha vida diária, pensamento por pensamento, no decorrer do dia. Enquanto dirigia o carro, ou estava na fila do supermercado, ou trabalhava em casa, percebia que estava me tornando mais alerta em recusar pensamentos que não fossem semelhantes ao Cristo, isto é, pensamentos de impaciência, crítica, inveja, doença, medo ou sensualismo. Quando vinham (e como vinham!), aparecia uma bandeira vermelha no pensamento, me avisando: "Não. Esses não são seus pensamentos (nem de ninguém). Não os aceite. Somente pensamentos de Deus, puros, bons, amorosos, construtivos, saudáveis, são verdadeiramente seus." Essa disciplina mental não era mecânica, nem cansativa, mas sim, natural e agradável. Era a influência do Cristo em minha consciência, cristianizando-me e mostrando-me minha verdadeira natureza como idéia de Deus. Sentia o poder e o amor de Deus me ajudando, "levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo". 2 Cor. 10:5.

Não que não aparecesse mais nenhuma dificuldade. Certa ocasião, fizemos mais uma mudança para outra cidade, e logo depois nossa filha voltou para casa, a pedido da enfermeira da escola, por apresentar sintomas de escarlatina. Havia uma epidemia na escola, escreveu a enfermeira, e provavelmente haveria dúzias de outros casos. Além disso, num daqueles dias, meu marido machucou as costas num acidente com seu planador. Contudo, não fiquei abalada, nem agitada, mesmo tendo de cuidar dos dois. Ao orar pela minha família, meu enfoque foi diferente, dessa vez. Ao invés de procurar fragmentos de inspiração como sempre, eu estava mentalmente firme. Sentia a força da túnica inteira do Cristo, sem costura nem rasgão.

Vi tanto a nossa pequena família, como a todos, cobertos por esse manto sem costura, o amor protetor de Deus. Eu já tivera provas desse amor anteriormente. Dessa vez, porém, eu compreendi que em todas aquelas ocasiões, fora sempre o mesmo Princípio indiviso, o Amor, que havia sido comprovado. Deus é o Princípio de tudo o que existe, não somente de algumas partes. Era esse Princípio infinito que eu estava começando a conhecer. E ainda estou me aprofundando nisso.

Em poucos dias, nossa filha ficou curada sem apresentar nenhuma seqüela, e não surgiu nenhum outro caso na escola. Logo meu marido também se recuperou perfeitamente, seu planador foi consertado e nossa casa já estava em ordem depois da mudança, cada quadro em seu devido lugar.

Ainda continuo aprendendo todos os dias sobre a inteireza do Cristo. Não me entendam mal: eu continuo gostando também das "maxipitas", serão sempre especiais para mim, mas não mais da maneira como eram antes. Agora, esses copos de água fresca conduzem-me ao manancial inteiro.

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