Escrevo Este testemunho na esperança de que outras pessoas possam tirar proveito das idéias aqui contidas.
Fui educado num lar unido e era feliz; meus pais eram bons e eu alcançava bons resultados na escola; mantinha um bom relacionamento com os amigos e com a família. Durante a infância e a adolescência, percebi que tinha atração por pessoas de meu sexo. Essa descoberta não me levou a ter relações homossexuais, mas fez-me perder muito de minha auto-estima. Passada a adolescência, em vez de encarar a vida com esperança, passei por grande sofrimento emocional. Jamais disse uma palavra a ninguém sobre esses sentimentos, pois tinha medo, tinha vergonha e acabei por ficar desesperado.
Durante um curto período, na universidade, volvi-me à religião na qual havia sido educado, a fim de encontrar alguma resposta. No entanto, não recebi nenhum alívio verdadeiro. Sempre tive o desejo de obter a cura, embora não visse possibilidade alguma e não vislumbrasse nenhum meio de escapar àquele sofrimento.
Essa atração homossexual tinha um impacto negativo sobre todos os aspectos de minha vida e de minhas relações: aos poucos ia acreditando ser vítima de uma força má que agia em mim. Por fim, resolvi falar com meus pais a respeito desse problema e juntos decidimos que eu iria a um psiquiatra. As consultas se estenderam durante um período bastante longo. Esse tratamento produziu uma ligeira melhora, dando certo apoio. Mas o processo foi penoso e deixava sem solução os assuntos relacionados com sexualidade, identidade e auto-estima.
Mary Baker Eddy declara: "O desejo é oração; e nenhuma perda nos pode advir por confiarmos nossos desejos a Deus, para que sejam modelados e sublimados antes de tomarem forma em palavras e ações" (Ciência e Saúde, p. 1). Eu, porém, ainda não compreendia que o desejo de obter a libertação poderia ser atendido mediante uma "renovação" espiritual do pensamento.
Então, uma pessoa da família, que era Cientista Cristã, sugeriu que eu empreendesse o estudo dessa religião. Minha resistência inicial logo se transformou em aceitação e comecei a ler a Lição Bíblica semanal. Eu sentia que esse estudo continha uma promessa, mas a homossexualidade ainda me parecia insuperável.
À medida que eu compreendia que a minha individualidade espiritual estava intacta e não maculada por pecado ou erro, ia adquirindo confiança. O amor que as pessoas de minha nova igreja manifestavam surpreendia-me, ainda que eu não conseguisse sempre gostar de mim mesmo. Levei bastante tempo para inverter, através da oração, a crença de ser um mortal que precisava de uma cura e que não podia ser curado.
Algumas afirmações de Ciência e Saúde, contudo, ajudaram-me, especialmente a seguinte: "Quando as errôneas crenças humanas se apercebem, ainda que só um pouco, de sua própria falsidade, começam a desaparecer" (p. 252). Com relação ao pecado, a Sra. Eddy escreve: "É a noção de pecado, e não uma alma pecaminosa, o que se perde" (Ibidem, p. 311). Aprender a adorar a Deus e a compreender o elo que une o homem ao seu Criador tornou-se uma aspiração constante em mim. Esse conceito melhor a respeito de adoração me permitiu vislumbrar o que é a beleza real. Eu li: "A receita para a beleza é ter menos ilusão e mais Alma..." (Ibidem, p. 247).
Paulatinamente, meus pensamentos e meus atos se transformaram, ao longo dos anos. A primeira mudança marcante originou-se no desejo de não pensar sempre em mim e de começar a amar os outros espiritualmente. Esse desejo de expressar o amor espiritual não teria surgido, se eu não tivesse compreendido melhor a identidade do homem tal como ela é descrita na Bíblia, onde o homem é apresentado como a "imagem" e a "semelhança" de Deus (ver Gênesis 1:26). Aprendi a amar todos os que apareciam na minha vida. Esse afeto espiritual se traduziu em amizades mais gratificantes e teve um impacto positivo em minha vida profissional: aos poucos, libertei-me do medo e da crença em limitações e melhorei a imagem que eu tinha de mim mesmo. Orei para discernir as puras qualidades espirituais dos outros, sabendo que, por ser Deus a fonte dessas qualidades, eu também as possuía, por reflexo.
Comecei a expressar mais gratidão, um amor mais forte e puro, uma alegria mais constante e uma solicitude mais espontânea. Consenti em abandonar a convicção de que eu tinha tido uma juventude trágica, recusei-me a ficar sempre pensando em mim mesmo e senti o desejo consciente de ver o mundo a partir do ponto de vista de que Deus é bom e Ele criou tudo.
As idéias sanadoras do livro dos Salmos constituíram grande apoio no meu esforço de compreender melhor a misericórdia de Deus. Senti-me cada vez menos atraído por homens à medida que me dei conta de que tal atração era uma tendência contrária à natureza, uma mentira da mente carnal e do sentido pessoal; não fazia parte de meus próprios pensamentos, que são reais e sustentados por Deus. Apeguei-me à promessa de "novo céu e nova terra" (Apocalipse 21:1), bem como a esta declaração em Ciência e Saúde: "A disposição de vir a ser como uma criancinha e de deixar o velho pelo novo, torna o pensamento receptivo à idéia avançada" (p. 323).
À medida que eu vivia de acordo com o bem, libertei-me das tendências homossexuais. Surgiram inúmeras amizades com mulheres, algumas de caráter sentimental. Todas essas relações foram mantidas numa base moral sadia.
Não resta vestígio algum, em minha vida, do tormento e da confusão do passado. Desejo agora encontrar uma esposa afetuosa, com um desejo profundo de constituir uma família. Sinto-me bem em sociedade e tenho inúmeras provas da afirmação de que "agora, somos filhos de Deus" (1 João 3:2). Toda essa transformação foi acontecendo ao longo de vários anos. Ela reforçou a minha resolução de praticar a cura como o fez Cristo Jesus.
Eu não poderia ter sido curado da homossexualidade sem a disposição de fazer distinção entre a irrealidade e a realidade, entre o erro e a Verdade e sem ter compreendido o caráter espiritual da minha verdadeira masculinidade.
 
    
