"O conhecimento dos textos originais e a disposição de abandonar as crenças humanas (estabelecidas por hierarquias e instigadas às vezes pelas piores paixões dos homens), abrem o caminho para que a Ciência Cristã seja compreendida, e fazem da Bíblia o mapa náutico da vida, no qual estão assinaladas as bóias e as correntes curativas da Verdade." (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 24.)
No espírito dessas palavras de Mary Baker Eddy, oferecemos as seguintes anotações relativas às Lições Bíblicas deste mês, publicadas no Livrete Trimestral da Ciência Cristã para o período de abril, maio e junho.
6 de abril
A IRREALIDADE
Queres que vamos e arranquemos o joio? Não! Replicou ele, para que, ao separar o joio, não arranqueis também com ele o trigo. Deixai-os crescer juntos até à colheita... (Mateus 13:28-30)
O joio (lolium temulentum) é uma planta nociva, um tanto venenosa, também chamada "trigo bastardo" ou "falso trigo", por ser muito parecida com o trigo e crescer normalmente no meio dele. Enquanto não aparece a espiga, é difícil distingui-la do trigo; com a espiga, porém, é fácil reconhecê-la e separá-la. Outro nome para essa planta é "cizânia", usado em português como sinônimo de discórdia.
Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação. (2 Tim. 1:7)
A palavra grega traduzida como "moderação", nesse versículo, significa literalmente "disciplina", "autocontrole".
Cobrir-te-á com as suas penas, e, sob suas asas, estarás seguro; a sua verdade é pavês e escudo. (Salmos 91:4)
"Pavês" era um escudo grande, que cobria o corpo inteiro do guerreiro. Muitas vezes, havia um rapaz que carregava esse escudo na frente do soldado. Um pelotão carregando esses escudos lado a lado formava uma verdadeira parede de defesa contra o inimigo. A palavra traduzida como "escudo" designava uma peça do armamento de defesa que praticamente cercava o saldado.
13 de abril
SÃO REAIS O PECADO, A DOENÇA E A MORTE?
Converteste o meu pranto em folguedos; tiraste o meu pano de saco e me cingiste de alegria. (Salmos 30:11)
A palavra hebraica saq, justamente deu origem ao português "saco", designava exatamente a saca de tecido grosseiro usada para guardar e carregar cereais. O "pano de saco" era tecido geralmente de pêlos de cabra, e era de cor escura. Os judeus o vestiam em sinal de luto, de desgraça, de arrependimento. Era o sinal exterior de que a pessoa estava passando por problemas graves ou estava grandemente arrependida.
Restitui-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito voluntário. (Salmos 51:12)
A Bíblia na Linguagem de Hoje dá a seguinte versão para esse versículo: "Dá-me novamente a alegria da tua salvação e faze que o meu espírito seja obediente."
Mas o centurião respondeu: Senhor, não sou digno de que entres em minha casa; mas apenas manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado. (Mateus 8:8)
O centurião, como comandante de uma centúria do exército romano, era muito provavelmente romano, isto é, gentio. Pelas leis judaicas, a casa de um gentio era lugar impuro, e impuro se tornaria quem ali entrasse. Ao dispensar Jesus de entrar em sua casa, o centurião mostrou, além de fé, extraordinário respeito pelos costumes hebraicos.
20 de abril
A DOUTRINA DA EXPIAÇÃO
Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus. (Hebreus 10:19)
O "Santo dos Santos" ou "Lugar Santíssimo" era um compartimento especial do tabernáculo que Moisés mandou construir, onde ficava a arca com as tábuas dos Dez Mandamentos. Da mesma forma, no templo que Salomão construiu, reservou-se o Santíssimo para a mesma arca. Pela tradição judaica, nesse lugar havia um sinal visível da presença gloriosa de Deus. Por esse motivo, só era permitida a entrada nessa câmara ao sumo sacerdote e, ainda assim, apenas uma vez por ano, no dia da expiação. No Novo Testamento, esse conceito do Santo dos Santos é usado para simbolizar a ligação, a comunicação, com o Deus vivo, e esse versículo encoraja os cristãos a terem a intrepidez de entrar, pois não está mais reservado somente ao sumo sacerdote.
Quem subirá ao monte do Senhor? Quem há de permanecer no seu santo lugar? (Salmos 24:3)
"O monte do Senhor" é como o Antigo Testamento denomina o monte Sião, colina próxima a Jerusalém, onde Davi estabeleceu sua residência e para onde mandou levar a arca sagrada com as tábuas da lei, pois a templo ainda não havia sido construído. A arca era o símbolo da presença de Deus, por isso o monte onde estava a arca era o "monte do Senhor" e, por sua vez, a expressão "monte do Senhor" ou "seu santo monte" é usada para significar "o lugar onde Deus está presente".
...e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus. (Romanos 5:2)
"Glória de Deus" é usada no Novo Testamento para significar "presença tangível de Deus", pois o termo grego traduzido como "glória" dá a idéia de "grandeza ou majestade visível". Não tem relação com o verbo traduzido como "gloriamo-nos", no mesmo versículo; este significa mais propriamente "regozijar-se" ou "ufanar-se".
27 de abril
PROVAÇÃO APÓS A MORTE
"Pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que o Dia do Senhor vem como ladrão de noite." (1 Tess. 5:2)
O "Dia do Senhor" é uma expressão usada profusamente, tanto no Antigo como no Novo Testamento, para significar o fim da atual ordem de coisas, o julgamento, condenação e eliminação do pecado e todo o mal, a recompensa e enaltecimento do bem e dos justos. De acordo com o ponto de vista, vem descrito como algo aterrorizante (para o mal e suas hostes) ou algo glorioso (para o bem e para os filhos de Deus).
"Disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério, e na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes?" (João 8:4, 5)
Sem dúvida, os escribas e fariseus trouxeram esse caso a Jesus, não porque estavam em dúvida, mas sim para colocá-lo em embaraço e desacreditá-lo. Se não concordasse com o castigo, poderiam dizer que ele desrespeitava a lei de Moisés, o que era ofensa grave para um judeu. Se concordasse com o apedrejamento, teria problemas com os romanos, que não toleravam que as sentenças de morte fossem executadas sem a permissão do seu tribunal.
"E estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos." (Efésios 2:5)
O termo grego traduzido como "graça", aqui e em muitos outros trechos do Novo testamento, é karis, que designava especificamente "a bondade nas maneiras e nos atos, a influência divina no coração e seu reflexo na vida" e incluía a idéia de gratidão.
Bibliografia:
Dicionários Strong's Exhaustive Concordance of the Bible;
The New Westminster Dictionary of the Bible;
The One Volume Bible Commentary de J. R. Dummelow;
A Bíblia na Linguagem de Hoje, Sociedade Bíblica do Brasil;
Estudo Perspicaz das Escrituras, Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados;
The Interpreter's One Volume Commentary of the Bible de Charles M. Laymon.
 
    
