Finalmente Iríamos Sair de férias! A maior parte da família iria conosco, mas um de meus filhos adolescentes ficaria em casa devido ao seu emprego.
Fizemos os preparativos necessários para estar em contato com o rapaz, enquanto estivéssemos fora. Apesar disso, à medida que o dia da partida se aproximava, uma sensação de medo começou a pairar sobre mim. Esse filho havia tido problemas ocasionais por haver bebido demais, com as conseqüentes falhas de conduta.
Fazia algum tempo que nossa família lutava com o fantasma desse problema. Havíamos trabalhado com amor e feito o melhor que podíamos para ajudar esse filho e alcançar a cura cristã para essa situação, mas o progresso parecia esporádico e lento.
Dois dias antes de nossa partida, sentei-me só, junto à lareira, aterrorizada com o pensamento do que poderia acontecer na nossa ausência, se ocorresse uma catástrofe.
Então, ouvi mentalmente as palavras: "Ele é 'filho da Sua solicitude'." Reconheci essa frase como sendo parte da interpretação espiritual de Jafé, um dos filhos de Noé, constante no Glossário de Ciência e Saúde, de autoria da Sra. Eddy: "Um símbolo da paz espiritual que emana da compreensão de que Deus é o Princípio divino de toda existência, e de que o homem é Sua idéia, o filho da Sua solicitude."Ciência e Saúde, p. 589.
Que alívio foi compreender que esse filho era realmente "o filho da Sua solicitude"! Que promessa de libertação e conforto eu senti, à medida que essas palavras soavam em meus ouvidos! Não que eu tenha sido tentada a achar que nós, como pais, não tínhamos a responsabilidade de fazer exigências justificadas e de ajudar a estruturar a vida de nossos filhos. Apenas comecei a entender, ainda que minimamente, que Deus, o verdadeiro Pai-Mãe, está sempre com Seu filho e supre-o de todas as idéias corretas.
Cristo Jesus nos afirma tal fato nestas palavras, que se encontram no Evangelho de Mateus: "Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca, encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á. Ou qual dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra? Ou se lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas cousas aos que lhe pedirem?" Mateus 7:7-11. Passei aquele dia todo orando silenciosamente ao Pai dos pais e senti-me muito próxima desse Pai todo-misericordioso e todo-amoroso. Instintivamente, senti que Ele amava a mim, ao meu esposo e a todos os meus filhos, e que Ele dá todo o bem.
Em numerosas ocasiões eu havia ficado em casa, para o caso de surgir alguma necessidade especial com esse filho, mas desta vez percebi que, se eu verdadeiramente confiasse no Pai, que conhece somente a perfeição de Seus filhos em todos os momentos, eu poderia levar adiante nossos planos, confiante e alegremente. Ao final desse dia de oração, senti-me em paz.
Justamente na noite de nossa chegada à casa de um parente, em um estado distante, recebemos um telefonema da polícia de nossa cidade. Momentaneamente, sentimos aquele terrível tremor no coração, que às vezes surge quando nos vemos incapazes de ajudar alguém que amamos. Mas, ao final, esse telefonema não foi tão desagradável. Sim, nosso filho tinha bebido. Mas fizera, de livre e espontânea vontade, o esforço de chegar ao centro de tratamento para alcoólatras mais próximo. Ele estava em segurança, sob os cuidados dessa instituição e, pela primeira vez, admitira a si mesmo e aos outros que necessitava de ajuda para sair dessa dificuldade. Os encarregados do centro de reabilitação nos disseram que o manteriam sob custódia, até que voltássemos para casa, uma semana e meia mais tarde.
Foi um passo temporário importante. Mas toda nossa família sabia que a verdadeira cura poderia vir somente pela espiritualização do pensamento, recorrendo-se a Deus para corrigir os pensamentos doentios ou pecaminosos, com compreensão a respeito do homem criado por Deus. Como estudantes da Ciência Cristã, estávamos começando a aprender que o homem já está no ponto de perfeição e não passa por horríveis experiências até compreender o objetivo que Deus estabeleceu para Seus filhos.
A Sra. Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, a religião que tem sido para mim um esteio, âncora e guia, durante todos os anos de minha vida, escreve: "Na Ciência o homem é o descendente do Espírito. O belo, o bom e o puro constituem sua ascendência. Sua origem não está no instinto bruto, como a origem dos mortais, e o homem não passa por condições materiais antes de alcançar a inteligência. O Espírito é a fonte primitiva e derradeira de seu ser; Deus é seu Pai, e a Vida é a lei de seu ser."Ciência e Saúde, p. 63.
Nossa família precisava de uma pausa, longe da pressão dos desafios associados ao alcoolismo. Por outro lado, nosso filho tivera de passar um tempo "por sua própria conta", para enfrentar o fato de que precisava de cura. Todos nós nos sentimos confortados por saber que ele estava a salvo. Finalmente, esse rapaz comprovou sua liberdade com relação a esse problema. Sua libertação, e a nossa, veio através de oração persistente, durante anos. Apesar dos problemas que todos nós aparentemente enfrentamos, nossa família permaneceu unida.
Que alívio foi compreender que esse filho era realmente "o filho da Sua solicitude"!
A compreensão de como lidar com nossa responsabilidade de pais não é alcançada num piscar de olhos. Porém é útil saber que, pela oração, podemos crescer em nosso entendimento do verdadeiro sentido de uma única criação, um único Criador e, portanto, um único Pai-Mãe. À medida que crescemos nessa compreensão, cada vez mais sentimos a direção do único Pai nos assuntos de família, e somos guiados a tomar atitudes corretas e prudentes, como pais humanos.
Ao reconhecer a natureza espiritual da criação, todos nós podemos começar a compreender que viver nosso próprio amor a Deus e instilar em nossos filhos o mesmo amor a Deus, ao bem e às coisas espirituais, são as bases primordiais para cuidarmos de nossa família humana. E se, por algum tempo, nossos filhos ou nossos pais se desviarem daquilo que mais amamos e tentarem encontrar consolo, conforto e ajuda em algo que não seja em Deus? O que fazer, então? Será que devemos afundar no desespero e achar que falhamos?
Será que, pelo contrário, não devemos dar continuamente graças a Deus por manter todos os Seus filhos com Ele, sempre, sob Seu constante cuidado? Não poderíamos agradecer a Deus pelo fato de o homem, que é realmente uno com Ele, estar sempre em paz, em seu lar, expressando sua natureza espiritual, governado pelo sentido espiritual? Apesar do que pode parecer uma inclinação diferente, os filhos de Deus estão sempre aos cuidados de Seu Pai e sujeitos à Sua direção. É nosso privilégio comprovar em nossa experiência que a vontade de Deus é feita na terra, assim como no céu.
Que conforto é ler e auferir coragem dessas palavras de Jesus, do Evangelho de João: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar." João 10:27—29.
Pensando nessas palavras, podemos afirmar que não existe influência além da divina e não há poder algum a não ser o de Deus. Não há atração que não proceda de Deus e que nEle não encontre seu centro. Não há mente separada da Mente única, Deus, nenhuma mente resiste ao bem ou sente-se atraída para os falsos encantos do mal ou para as vãs promessas das soluções materiais.
Os filhos de Deus pertencem a Deus, eternamente, e isso é um fato irrefutável que pode ser comprovado hoje. Sabendo que nossa família, e todas as famílias, pertencem à única família de Deus, podemos sentir a sabedoria e a força do Pai divino, que pastoreia tanto os pais quanto os filhos.
 
    
