Desliguei O Telefone com a sensação de ser odiada. Nunca alguém falara comigo do modo como aquela cliente havia falado, com tanta raiva. Tinha sido um erro de apenas quatro dólares e nem fora culpa minha. Eu havia me esforçado muito para concluir aquela venda. Era essa minha recompensa?
Apesar de eu ter atendido à reclamação da cliente, o problema permaneceu latente. Eu estava magoada. Achava que não havia nada que eu pudesse fazer para me redimir aos olhos dela. Fiquei tão deprimida com esse incidente, que me recusei a fazer negócios por vários dias. Eu tinha mais uma transação a completar com aquela senhora, mas não estava com vontade de encará-la.
Então um parente dela me assegurou que a natureza dela era assim, ela sempre agia desse modo e merecia uma resposta à altura. Isso me alertou: como Cientista Cristã, eu havia aprendido que o homem é em verdade a imagem e semelhança de Deus. O que eu estava aceitando a respeito dessa mulher não era a semelhança divina, não era sua verdadeira natureza! Percebi que não podia aceitar um comportamento rude como sendo parte dessa senhora, pois eu estaria maculando a Deus, fazendo uma coisa dessas.
Comecei a pensar sobre o que a Bíblia diz que aconteceu após o homem ter sido criado. O livro do Gênesis diz: "E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a." Mais adiante lemos: "Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom." Gênesis 1:28,31.
A bondade, então, é o que Deus pretendia multiplicar. Comecei a compreender que não podemos considerar o bem como sendo limitado a uma pessoa, assim como não seria possível segurar toda a água do mundo na concha das mãos. A bondade é refletida por toda a criação de Deus.
O que é a bondade? perguntei-me. Uma ação altruísta? Um elogio bem-vindo? Um toque do Cristo em nossa vida? Como é que a bondade se multiplica? Bem, pensei, nós expressamos bondade aos outros; como resultado, eles retribuem o favor a outra pessoa. Certo? Ora, eu havia tratado bem essa cliente. Eu não lhe havia respondido no mesmo tom, pensei egoisticamente, tentando justificar a sensação desconfortável que ainda estava no ar.
Finalmente pude ver que o estado natural daquela cliente é a bondade.
Em oração, perguntei a Deus: E as pessoas que rejeitam o bem que lhes é feito? O que acontece com tais indivíduos? A resposta que me veio foi de que ninguém é mau. É dever nosso, como pessoas que buscam a Verdade, reconhecer a bondade nos indivíduos e em toda a criação de Deus. Se concentrarmos nossa atenção no mal, podemos ser tentados a acreditar que Deus não fez o homem perfeito. A Bíblia, porém, nos diz que somos feitos à Sua imagem, perfeitos como nosso Pai. Cristo Jesus afirmou nossa perfeição e de Deus, quando disse: "Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste." Mateus 5:48.
Quando falava de perfeição, ele não se referia ao corpo físico, mas ao homem como criação do Espírito. A Sra. Eddy nos ajuda a compreender melhor essa perfeição, quando escreve em Ciência e Saúde: "O homem não é matéria; não é constituído de cérebro, sangue, ossos e de outros elementos materiais... O homem é espiritual e perfeito; e por ser espiritual e perfeito, tem de ser compreendido como tal na Ciência Cristã. O homem é idéia, a imagem, do Amor; não é físico." Ciência e Saúde, p. 475.
Eu precisava reconhecer essa senhora e a mim mesma como a "idéia, a imagem, do Amor". Não podia continuar com os pensamentos desagradáveis a respeito dela. Também compreendi que a ordem de Deus: "Sede fecundos, multiplicai-vos", é uma orientação para multiplicar o bem, não o mal. Como idéias de Deus, cada um de nós em verdade reflete bondade e, à medida que a refletimos, trazemos alegria aos outros, assim como a nós mesmos. À medida que acolhemos a luz do Cristo, que brilha até nos escuros escaninhos do mundo mortal, nós irradiamos bondade naturalmente.
O poder sanador do Cristo começou a resplandecer em mim, à medida que esses pensamentos se me tornavam reais. Finalmente pude ver que o estado natural daquela cliente é a bondade. Nada menos do que isso poderia ser aceito. O que eu estava sentindo era mais do que perdão. Eu a estava aceitando como realmente ela é, a filha amada, amorosa e amável de Deus. Estava começando a extirpar meu julgamento anterior, que estava baseado numa visão errada de nós duas.
Completei a transação seguinte com ela em total harmonia. Não houve nenhum atrito. Nada foi dito sobre o incidente anterior. E mais importante, eu estava aprendendo a diferenciar os pensamentos e a inspiração vindos de Deus, que nutrem Sua criação, daqueles pensamentos e atos malignos que tendem a nos separar de Sua bondade.
No início dessa experiência, eu estava tentando lidar com os problemas, usando teorias e expectativas humanas, mas quando recorri a Deus de todo o coração, Suas idéias foram reveladas, multiplicadas e manifestadas em minha vida. Descobri que, quando a vida é espiritualmente compreendida, ninguém pode ser visto como algo menos do que o perfeito filho de Deus.
 
    
