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O valor da castidade

Da edição de junho de 1997 dO Arauto da Ciência Cristã

Christian Science Sentinel


de , conversou com sobre o tema da sexualidade dentro e fora do casamento.

Julie Pabst: Começou na sétima série, mas certamente o assunto ficou mais importante na oitava série: toda essa questão da moralidade sexual. E nada do que as pessoas me diziam fazia sentido. A certa altura, eu realmente queria saber, de coração, a verdade sobre o sexo antes do casamento.

Lembrei-me de que em Ciência e Saúde há um capítulo intitulado "O Matrimônio". Então decidi ler todo esse capítulo. Quando terminei, ainda queria saber mais. E à medida que eu orava e ouvia, uma resposta veio bem clara: de que a sexualidade humana é algo como uma força natural, como o vento ou a água. De repente, veio-me a imagem de um grande rio. E pensei na instituição humana do casamento como as margens daquele grande rio. Um rio é bom, desde que fique dentro de suas margens. Quando ele sai de seu leito, pode causar danos; não é uma bênção para ninguém. Compreendi que a sexualidade é como esse rio. Precisa ser contida dentro de uma instituição — nós a chamamos casamento. Aí ela serve a um propósito e pode abençoar.

Gostaria de citar alguns trechos do capítulo sobre o matrimônio, que fizeram bastante sentido para mim. O primeiro diz: "A castidade é o cimento da civilização e do progresso." Ciência e Saúde, p. 57. Essa idéia, de que a castidade é uma espécie de cimento, foi muito interessante.

Rita Polatin: Aí pode ser tomada como uma "estrutura", algo sobre o qual se pode construir.

Julie: Exatamente. E é um suporte para o progresso. Mais tarde, procurei o significado de castidade num dicionário que era de uso corrente na época em que a Sra. Eddy estava escrevendo Ciência e Saúde. Castidade claramente significava abstinência de toda e qualquer relação sexual fora do casamento. Dentro do casamento, estava ligada à fidelidade ao pacto matrimonial.

Outra citação que achei importante aparece algumas páginas adiante, em Ciência e Saúde. Diz: "Não permitam os mortais desrespeito algum à lei, pois isso poderia levar a um estado social pior do que o existente." Ibidem, p. 64. O que apreendi dessas duas citações, naquela época, foi que, expressando castidade, ou seja, pureza ativa, que é na verdade um amor ativo por Deus, eu podia contribuir, de maneira modesta, mas significativa, para a estabilidade da civilização.

Quando você olha à sua volta, você vê que a sociedade não parece estar na melhor das condições. Sem dúvida precisamos de mais estabilidade do que temos. E pensei: "Este é um meio pelo qual posso contribuir para o mundo."

Era meu desejo preservar minha estabilidade e contribuir para a estabilidade de todos à minha volta, mesmo que um certo namorado não estivesse entendendo que era isso que estava acontecendo. Senti que esse era um modo de ser que estava verdadeiramente em consonância com o amor, dentro e fora do casamento. Agora, isso não significa necessariamente que a pessoa que você ama concorde com isso.

Rita: Não, de fato, às vezes essa pessoa pode ficar bastante contrariada.

Julie: Sim, mas existem modos de sermos bons para com as pessoas que amamos, sem ofendê-las. Por exemplo, podemos nos empenhar em não dizer sempre ao outro o que ele deve ou não fazer; podemos vigiar para não nos considerarmos melhores do que os outros.

As pessoas poderão dizer: "A castidade interfere com meu bem-estar" ou "Se você realmente me amasse, faria isso." Mas esse não é o mais elevado senso de amor, e ceder fora do matrimônio, ou deixar que se torne uma obsessão dentro do matrimônio, não é a melhor coisa que podemos fazer pelo outro, ou por nós. A melhor coisa que podemos fazer por todos é agir de tal modo que fiquemos conscientes do quanto Deus nos ama, e do fato de que somos Suas idéias espirituais. A base da castidade é a verdade espiritual de que a matéria não governa o homem e de que não devemos permitir que os impulsos físicos governem os seres humanos.

Rita: E eu acho que esse é o grande dilema, no caso, pois o que acontece se alguém se sente pressionado pelo desejo e pela necessidade de satisfazer esses impulsos materiais, corpóreos?

Julie: O que todos nós precisamos compreender é que Deus é Espírito. Ele é Amor divino; está sempre presente. Ele satisfaz cada uma de nossas necessidades. Quando agimos de uma forma que nos mantém próximos à Sua natureza como Espírito, e próximos à verdadeira natureza do homem como Seu reflexo, como idéia espiritual, é aí que podemos sentir mais a presença de Deus e o Seu amor. Deus é o único poder verdadeiro.

Um dos trechos da Bíblia de que gosto bastante está na carta de Paulo aos gálatas. Ver Gálatas 5:16–26. Ele fala sobre as obras da carne que se manifestam em oposição aos frutos do Espírito. Essas obras da carne incluem prostituição, impureza, lascívia, coisas essas que justamente dizem respeito às relações sexuais impróprias.

Depois, ele fala do amor, da alegria, da paz e da bondade, como sendo alguns dos frutos do Espírito. A última qualidade que ele menciona, em relação ao Espírito, é domínio próprio. Claramente, a castidade não é uma forma extremada de comportamento; ela expressa domínio próprio. Estamos nos contendo, e não cedendo aos desejos da carne. Estamos permitindo que sejamos governados por Deus, que revela nossa verdadeira natureza espiritual.

Na tradução alemã dessa carta aos gálatas, o tradutor usou a palavra castidade em vez de domínio próprio. Assim, a castidade e o domínio próprio realmente parecem descrever facetas da mesma qualidade fundamental, a pureza.

Rita: E eu acho que você está dizendo que não estamos perdendo nada ao preservar nossa pureza.

Julie: Não, você realmente não sai perdendo.

Durante um período particularmente difícil de minha vida, encontrei um senso de estabilidade na convicção de que a pureza moral era algo de que eu precisava e que eu queria, ainda que me sentisse pressionada. Eu tinha um namorado a quem amava muito, e que parecia ser meu único amigo, nessa época. Ele achava que essa coisa de castidade era uma bobagem, que hoje em dia não existe mais! Ele não conhecia ninguém que mantivesse esse padrão.

Apesar de ele ter me dado muito trabalho nesse aspecto — num certo período, ele insistiu todos os dias, quase um ano — ainda assim eu achava que não deveria desistir do namoro. Às vezes me perguntava: "Será que é certo fazê-lo infeliz?" Mas compreendi que não era eu, na verdade, que o fazia infeliz. Eu não o estava "segurando". Ele poderia ter-me deixado a qualquer momento, mas não o fez.

Acabamos namorando dois anos e meio, e desenvolveu-se uma amizade realmente boa e sólida. Quer dizer, ainda estávamos apaixonados, mas éramos capazes de compartilhar muitas coisas com liberdade. Aliás, ele me disse que nosso relacionamento era muito mais harmonioso do que os namoros que ele havia tido antes.

Notei que minha opção pela castidade teve influência de outra forma também: uma ou duas vezes ele me pediu que orasse por ele. Através da oração pela Ciência Cristã, ele passou a se sentir mais próximo de sua própria igreja do que antes. Por isso, acho que esse foi um relacionamento que, no final, abençoou a ambos.

Rita: Houve algum momento específico em que ele parou de insistir na questão do sexo?

Julie: Sim, foi durante um período em que eu não me sentia segura de que conseguiria me apegar à verdade que havia vislumbrado. Mas um dia me veio o pensamento: "Recuse-se a ser usada." Eu tinha de enfrentar a sugestão de que esses impulsos sensuais fossem meus próprios pensamentos e desejos. Compreendi que a atração que eu sentia era, na verdade, algo que estava tentando influenciar-me contra a espiritualidade inata, minha e de meu namorado. Quando os enfrentei mentalmente, esses pensamentos sensuais desapareceram. Daí por diante tudo ficou mais fácil. Mais ou menos dois meses depois, o problema todo tinha se dissipado. Continuamos a namorar por algum tempo, depois disso.

Rita: Como terminou o relacionamento?

Julie: De forma tranqüila. Ainda sentíamos amizade um pelo outro. Cerca de dois anos depois de terminarmos, conheci meu marido. E posso ver como essa lição me ajudou em meu casamento.

Às vezes as pessoas perguntam: "Por que o sexo no casamento é diferente do sexo fora do casamento?" Acho que, quando você entra no matrimônio com os motivos corretos, e não apenas porque vocês se sentem atraídos um pelo outro, mas porque têm gostos parecidos e modos semelhantes de ver as coisas, você e seu parceiro crescem espiritualmente. Vocês assumem o compromisso em público e em particular. Isso eleva tudo o que faz parte do relacionamento, inclusive as relações sexuais, e o relacionamento não fica no mesmo nível em que ficaria se fosse de outra maneira. Esse compromisso também propicia meios estáveis de criar os filhos. Os impulsos físicos não são dominantes, quando você entra no matrimônio pelas razões certas. É preciso muito amor para assumir um compromisso emocional com a outra pessoa, mas é preciso um amor muito mais puro para assumir legalmente esse compromisso. Esse senso mais puro de amor eleva o relacionamento como um todo.

Rita: E o compromisso, por si só, não é realmente uma restrição.

Julie: Não. E o mandamento "Não adulterarás" Êxodo 20:14. é um paradoxo, pois a limitação que ele impõe, na verdade nos liberta. Nós provamos mais nossa pureza espiritual quando somos fiéis à instituição do matrimônio, quer sejamos casados ou solteiros. O que plantamos — disciplina e domínio próprio (leia-se castidade) — recebemos de volta em maior liberdade, amor, paz e estabilidade. Isso é uma rocha sob nossos pés.

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