O leitor está surpreso com o título? Mas essa é a pura verdade! A morte é apenas um conceito mitológico errôneo. Aliás, esta é simplesmente uma maneira elaborada de dizer que a morte é uma ilusão. Naturalmente, a morte se apresenta à percepção humana como uma realidade concreta, da qual é impossível escapar. Mas não pode ser verdadeira, pois Deus, o único Criador, é a Vida eterna e o homem é a semelhança de Deus. O que então parece ser a morte, tem de ser uma ilusão. Sei disso, porque em certa época de minha vida, quase fui enganada por essa ilusão tão impressionante. Mais adiante falarei sobre isso.
Todos nós já fomos enganados por miragens e ilusões. Passei por uma experiência interessante, no fim da adolescência, quando trabalhava cuidando de crianças. Os pais haviam deixado suas três filhinhas sob minha responsabilidade, enquanto viajavam no fim de semana. Na primeira noite, as três disseram que tinham algo muito especial para me mostrar. Fizeram-me ficar fora do quarto durante cerca de cinco minutos, enquanto eu as ouvia correndo de lá para cá. Finalmente, deixaram me entrar e pediram que eu me sentasse no fundo do quarto. Havia pouca luz e a menina mais nova, com apenas seis anos de idade, estava deitada sobre uma cama estreita, em baixo de uma coberta. As duas mais velhas anunciaram que iriam fazê-la flutuar no ar, mas me avisaram que se eu fizesse qualquer barulho, o encanto se quebraria e ela iria cair. Minha satisfação com a brincadeira chegou a um fim súbito quando a criança deitada começou realmente a levitar e sair flutuando. Fiquei tão sobressaltada que dei um grito. E a criança caiu! Naturalmente tratava-se de mera ilusão, embora convincente, criada com a ajuda de uma vassoura e de um cobertor.
Parece que somos igualmente enganados e alarmados com facilidade pela ilusão chamada morte. E por que não? Há séculos a observação e análise humanas decidiram que a morte é real e que nada pode ser mais óbvio. Parece que o homem é um ser físico que nasce na matéria e sai da matéria ao morrer. Assim os filósofos aceitaram a morte como algo inevitável e os teólogos muitas vezes acham que a maneira mais fácil de explicá-la é dizer que se trata da vontade de Deus, e que por isso temos de nos submeter a ela.
Mas, atualmente, o pensamento está sendo levado a duvidar da validade dessas crenças. É como se a humanidade estivesse exigindo que se reconsidere a questão. De certa forma, o pensamento está se erguendo de um estado de dormência para um despertar espiritual. Atualmente, diversos aspectos da morte estão recebendo muita atenção da imprensa. Desde notícias sobre aquilo que se decidiu denominar "suicídio assistido", até programas de televisão e filmes que apresentam conjeturas sobre a vida após a morte, muitas vezes apresentando a morte como a porta para o céu, como um amigo necessário e bem-vindo.
Em meados do século passado, o pensamento já estava em ebulição. Quando a Sra. Eddy, uma dedicada estudiosa da Bíblia, restabeleceu-se dos efeitos quase fatais de um acidente e obteve a cura completa, ela encontrou a resposta para os enigmas das interpretações teológicas que estudara durante anos e que pareciam contradizer os ensinamentos de Jesus. Com grande alegria percebeu que havia vislumbrado a verdade espiritual absoluta, que estava por trás da cura cristã primitiva — a verdade da vida do homem no Espírito, indestrutível e perfeita. Percebeu ser natural e necessário superar a doença e a morte, bem como o pecado, através do poder divino. Percebeu que os ensinamentos de Jesus desafiam de forma prática, atual e constante, a limitação imposta pela ilusão de que haja vida na matéria, inclusive a ilusão da morte. Compreendeu como cada um pode distinguir entre a fábula e o fato, entre a teoria especulativa e a lei que pode ser comprovada, entre a falsa crença e a Ciência pura. Sua própria experiência provou isso, sem deixar dúvidas.
Em sua obra primordial, Ciência e Saúde, ela escreve: "A Vida é real e a morte é a ilusão." Ciência e Saúde, p. 428. Notem que aqui ela não diz "uma" ilusão, mas "a" ilusão. Á medida que essa verdade for compreendida, ela nos libertará do sonho da existência material e da aura misteriosa que envolve e perpetua a ilusão da morte. Suas palavras são uma declaração sobre a realidade do bem, sobre a supremacia de Deus e da natureza espiritual, imutável e eterna de Sua criação. Esta é a premissa para todo raciocínio verdadeiro sobre o tema vida. Por conseguinte, um homem mortal sujeito à morte e um universo material criado e governado pelo acaso têm de ser contrafações da realidade. O que a Sra. Eddy descobriu e provou em sua própria experiência é que a ressurreição e a ascensão de Jesus, dois mil anos atrás, foram a confirmação absoluta de que a morte é realmente uma ilusão.
Vamos continuar ignorando esse exemplo conclusivo? Será que a missão do Mestre deve ser aceita como ele a viveu ou devemos continuar aceitando que os conceitos teológicos errados e o raciocínio filosófico embacem a simplicidade, a prova prática e o poder de seu exemplo? Será que nós também somos como Tomé, que duvidou, que primeiramente quis ver a evidência física, para depois acreditar? Será que somos como muitos dos seguidores de Jesus, que ficaram admirados com o que ele fez durante os três anos de seu ministério de cura, mas que tinham medo de prosseguir na obra, por acharem-na difícil demais? Ou será que chegou a hora de dizermos com o apóstolo Pedro, quando o Mestre perguntou aos doze se eles também iriam abandoná-lo: "Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna." João 6:68. Será que não chegou a hora de aceitar a advertência de Paulo aos efésios: "Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará"? Efésios 5:14.
Poucos anos atrás, eu estava profundamente empenhada num trabalho que exigia o máximo de interesse e de dedicação. Mas surgiu um problema físico que me impediu de continuar. Demiti-me do posto, embora realmente eu esperasse uma cura rápida, como geralmente ocorrera no passado, quando houvera necessidade de cura. Mas nesse caso a dificuldade persistiu. Permaneci firme e confiante, mas à medida que os meses passavam, comecei a ficar desanimada com a situação toda.
A dor constante, acompanhada da total incapacidade de cuidar de mim mesma, era um solo fértil para a sutil reivindicação da morte, que sussurrava tentadoramente sua melodia: "Por que continuar?" No meu caso, a pergunta não era provocada pelo medo ou por um sentimento de desesperança, mas pelo que parecia ser o argumento lógico de que eu já tivera uma vida ótima, completa em todos os aspectos, com casamento, filhos, carreira, amigos e um propósito. Também pensei que o mundo provavelmente me classificaria como uma "senhora de idade". Foi nesse ponto que me vieram ao pensamento as sugestões relacionadas com o controle populacional. O noticiário havia informado que alguns indivíduos achavam que as pessoas mais velhas deviam morrer para dar lugar às gerações seguintes.
Logo descobri a resposta à questão "Por que continuar?"
Além disso, também havia a sugestão de que a morte seria um alívio do sofrimento. Não havia pensado que a aceitação dessa sugestão seria uma forma de suicídio. Mas, olhando para trás, percebo que esse teria sido exatamente o caso. Tal raciocínio era completamente incompatível com o que eu havia aprendido. Era completamente incompatível com o fato de muitas vezes, durante a minha vida, eu ter sido capaz de provar a natureza ilusória de condições prejudiciais, quando ainda criança, e mais tarde, como mãe. E agora eu estava vendo meus filhos comprovarem o mesmo fato com os filhos deles. O pecado, a doença e a morte precisavam ser desafiados, não deviam ser aceitos como a vontade de Deus ou como algo inevitável. Eles eram conceitos teológicos errados que provinham do sonho de Adão, relatado a partir do segundo capítulo do Gênesis. Eu sabia que para chegar à premissa correta era preciso voltar ao relato original da criação, que se encontra bem no começo da Bíblia, no primeiro capítulo do Gênesis. Não há menção de morte, pecado ou doença nesse relato; no entanto, a criação estava completa.
Ao aprofundar-me mais nesse relato bíblico, afastando-me da narrativa de sonho do capítulo seguinte, percebi que o cristianismo, conforme foi ensinado por Jesus, mostra que o homem está completamente livre de todo conceito material e de qualquer assim chamada lei material, inclusive a morte. Reli os quatro evangelhos, no Novo Testamento, prestando especial atenção aos cinco casos específicos em que Jesus desafiou a morte. Há o relato da menina de doze anos da qual disseram que estava morta. Ver Lucas 8: 41, 42, 49-56. As pessoas escarneceram de Jesus quando ele disse que não estava morta, mas dormia. E ele a restaurou ao seu estado normal. Também houve o caso do jovem epiléptico, que aparentemente caiu morto, depois de Jesus ter ordenado que o mal saísse dele. Ver Marcos 9:17-29. Ao menino não foi apenas restaurada a consciência, mas a saúde completa. U'a mãe, caminhando com os amigos que carregavam o esquife de seu filho morto, sentiu o poder do Amor divino expresso por Jesus e viu seu filho sentar-se, livre. Ver Lucas 7:11-15. As irmãs de Lázaro ficaram acabrunhadas quando Jesus não chegou a tempo de salvar seu irmão, que estivera doente. Ver João, capítulo 11. De fato, quando Jesus chegou, encontrou Lázaro "já sepultado, havia quatro dias". Então, deu a seguinte ordem, com autoridade: "Lázaro, vem para fora!" A vida lhe foi restaurada e a ilusão da morte novamente foi desmascarada.
O relato mais significativo de todos é a própria crucificação, ressurreição e ascensão de Jesus. Ciência e Saúde diz: "O recinto solitário do túmulo ofereceu a Jesus um refúgio contra seus inimigos, um lugar para resolver o grande problema do ser. Seu trabalho de três dias no sepulcro imprimiu o selo da eternidade ao tempo. Ele provou que a Vida é imorredoura e que o Amor é senhor do ódio. Baseado na Ciência Cristã, o poder da Mente sobre a matéria, ele enfrentou e dominou todas as pretensões da medicina, da cirurgia e da higiene." Ciência e Saúde, p. 44.
Para mim, cada um desses exemplos foi mais do que um mero lembrete das grandes obras de nosso Mestre e Guia. Cada relato foi um toque de despertar. Em humildade, ele dissera que nada podia fazer de si mesmo. Ver João 5:19, 30. E prometera: "Aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço." João 14:12. A compreensão de sua união com Deus, com a Vida, não era um fenômeno miraculoso, mas a verdade demonstrável, a lei divina, a própria Ciência do ser.
Percebi que eu não estivera consciente dos anjos de Deus que estavam à minha disposição! Os anjos aos quais me refiro têm sua natureza definida no Glossário de Ciência e Saúde: "ANJOS. Pensamentos de Deus que vêm ao homem; intuições espirituais, puras e perfeitas; a inspiração da bondade, da pureza e da imortalidade, neutralizando todo o mal, toda a sensualidade e mortalidade." Ciência e Saúde, p. 581. Agora eu estava atenta a essas mensagens angelicais que não apenas me confortaram, mas me elevaram, para que pudesse discernir entre a fábula e o fato.
Logo descobri a resposta à questão "Por que continuar?" De fato, a dúvida desapareceu de meu pensamento. Eu estava ocupada demais em expressar mais plenamente a vida, a princípio deixando de questionar e passando a raciocinar espiritualmente e, em seguida, deixando de esperar uma mudança física e aceitando a mudança como o estado natural de meu ser. Precisava perseverar, precisava continuar! Como resultado disso, não só ocorreu uma cura completa, mas todas as sugestões de que o problema havia sido uma dura provação se dissiparam na alegria da descoberta, a descoberta de que os conceitos mitológicos, teológicos e filosóficos a respeito da vida na matéria, ou da matéria, não têm poder real sobre ninguém. Uma vez desmascarada a ilusão, passei a expressar atividade mental, espiritual e física como jamais fizera antes e sempre com um verdadeiro propósito.
Durante minha vida, tive de enfrentar, sob muitos aspectos, a sugestão de que a morte tem poder, desde estar no meio de uma zona de guerra por um ano e meio, até a perda do meu irmão nessa mesma zona de guerra. Apesar disso, cada vez que fui confrontada com a tentação de aceitar a morte como tendo o poder de separar ou de destruir, aprofundou-se minha convicção da realidade da natureza imutável da vida no Espírito e do Espírito.
Em Romanos, Paulo escreve: "Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte." Romanos 8:1, 2. Referindose a essa citação, a Sra. Eddy diz que. .. declara a verdade do sistema completo da Christian Science. . ." The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 113. Essa é a teologia de Cristo Jesus. Ela assegura a cada um de nós que não estamos condenados à morte. A morte é apenas um conceito mitológico errôneo.
 
    
