Não Faz Muito tempo, passei minhas férias com um novo amigo muito especial. Na verdade, eu ainda não o havia conhecido pessoalmente. Mas ele tinha estado em meus pensamentos e em minhas orações havia meses. Quando finalmente eu o vi, foi, para mim, amor à primeira vista. Ele, aparentemente, gostou muito de mim também. Embora ele tivesse apenas uma semana, de alguma maneira parecia compreender que eu era a vovó.
Durante os nove dias seguintes, foi encantador estar com esse bebê e com seus pais. Procurei dar uma mão de várias maneiras, fazendo as compras no supermercado, cozinhando, ajudando com a roupa. Mas o que mais me agradou, foram os momentos em que meu neto e eu nos acomodávamos juntos, na cadeira de balanço.
Com freqüência, essas sessões na cadeira de balanço aconteciam no meio da noite, enquanto os jovens pais tentavam recuperar o sono e meu novo amiguinho não estava com vontade de dormir. Às vezes, ele e eu "conversávamos" durante horas. Ele fungava e suspirava e, ocasionalmente, se agitava um pouco. Eu lhe dizia que tudo estava bem. Que papai e mamãe estavam logo ali, no quarto ao lado. Que nós todos o amávamos muito mesmo.
Acima de tudo, porém, houve algo mais que eu lhe disse. Algo que eu realmente não tinha planejado dizer-lhe ainda. Mas as palavras estavam ali e pareceu-me completamente natural que eu lhe falasse do Ser que nos ama além de qualquer imaginação. Foi natural falar-lhe a respeito de Deus.
As palavras que eu empreguei não são tão importantes. O importante foi o sentimento que estávamos compartilhando. O sentimento de que Deus, como Espírito infinito e como Amor divino puro, estava ali mesmo conosco. E que Ele está sempre conosco, nunca se afasta, nem até o quarto ao lado. Foi um sentimento tão pacificador o de saber que o grande Papai e Mamãe de todos nós sempre nos guia, nos acalma, nos protege e cuida de nós!
Certa noite, expliquei-lhe que Deus nos dá todo o "alimento" de que necessitamos, alimento para os nossos pensamentos, para o nosso coração e para o nosso corpo e que Ele não é avarento de coisas boas. Ele as derrama generosamente em nossa vida. Aliás, Ele já nos deu tudo aquilo de que jamais iremos necessitar, simplesmente pelo fato de nos ter criado como Seus próprios filhos, todos espirituais como Ele, todos puros e lindos e inteligentes como Ele.
Essas conversas a respeito de Deus faziam com que meu amiguinho e eu nos sentíssemos felizes e satisfeitos. A cada momento, eu podia sentir que o amor de um pelo outro estava se fortalecendo e se tornando mais real. Talvez porque nos sentíssemos completamente envolvidos no amor de Deus.
E foi até muito interessante. Aquelas horas em que passei a pensar e a falar e, sim, principalmente a orar com o meu novo netinho, mudaram o conceito que eu tinha de mim mesma. Apagaram a impressão de que eu era uma pessoa madura que ensinava algo a respeito de Deus a um recém-nascido. Senti que ambos éramos os pequeninos de Deus. E Deus estava dizendo a nós dois que somos Seus eternos filhos, bebês de quem Ele cuida para sempre.
Jesus sabia isso tudo, é claro. Ele disse que temos de nos sentir como crianças, se quisermos entrar no reino de Deus. Afirmou ele: "Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele." Marcos 10:15.
Atualmente, alguns autores observam que considerar-se filho de Deus não está tendo a prioridade que deveria ter. Talvez não esteja sendo dada a devida atenção ao desenvolvimento da sensibilidade espiritual da criança. E isso é uma pena, afirma Martha Fay em seu livro As crianças precisam de religião? (Do Children Need Religion?) "Algumas amigas que estavam esperando seu primeiro filho. .. falavam constantemente sobre o preparo para o parto, sobre continuar ou não a trabalhar fora de casa, sobre os problemas e o pavor dos berçários, sobre apartamentos muito pequenos e maridos que não cooperavam", escreve ela, "mas não falavam sobre planos espirituais para seus filhos."Do Children Need Religion? (New York: Pantheon, 1993), p. xi.
Especialistas em desenvolvimento infantil estão dando ênfase aos efeitos positivos da nutrição espiritual dada aos pequeninos. Dizem eles que abraços afetuosos e "conversas 'ao vivo'" são de crucial importância para os bebês. Sharon Begley, "How to Build a Baby's Brain," Newsweek, Edição especial, pp. 28-32. Afirmam também que os pais têm a responsabilidade de promover o desenvolvimento moral, até mesmo das crianças bem pequenas. Alguns dizem que especialmente os avós têm condições de fornecer a essas crianças o "sustento espiritual". Kenneth L. Woodward, "A Grandparent's Role," Newsweek, Edição especial, pp. 81-82.
Essa espécie de "sustento espiritual" foi o que realmente fez diferença na educação de meus próprios filhos. Meu marido e eu compreendemos a lógica deste conselho dado em Ciência e Saúde, da Sra. Eddy: "Os pais deveriam ensinar a seus filhos, na idade mais tenra possível, as verdades pertinentes à saúde e à santidade. As crianças são mais dóceis do que os adultos, e aprendem mais depressa a amar as simples verdades que as farão felizes e boas. " Ciência e Saúde, p. 236. Para nós, isso significava nos aproximarmos de nossos filhos e de Deus de maneira bem natural, em atividades do dia-a-dia, tais como ler para eles, em voz alta, trechos da Bíblia e de Ciência e Saúde, ir à igreja com eles, orar com eles na hora de dormir.
Tudo isso proporcionou uma dimensão espiritual maravilhosa à nossa vida familiar. Ajudou a tornar nossos filhos "felizes e [bons]". Deu-lhes também alguma coisa sólida em que se apoiar, quando estavam tristes, ou com dúvidas, ou doentes.
Certa noite, nosso primeiro filho, então com cinco meses de idade, ficou muito doente. Ele estava com gripe e ardia em febre. Eu, imediatamente, pedi a uma praticista que orasse conosco. Durante várias horas meu marido e eu nos alternamos em segurar o bebê no colo, procurando confortá-lo em nossos braços. Durante a madrugada, porém, meu marido confiou-me que ele estava muito preocupado e achava que devia chamar um médico se não houvesse melhora pela manhã.
Liguei para a praticista a fim de informá-la a respeito e, também, para lhe dizer que eu estava com medo. Ela sugeriu que eu orasse em voz alta com a criança. "Deixe que ele sinta sua confiança em Deus", disse ela, "sua gratidão para com Ele!"
Confiança? Gratidão? Eu tinha estado por demais ocupada em sentir medo, para poder pensar em tais coisas! E as palavras da praticista me fizeram perceber, de repente, que meu filho precisava de minhas orações, não do meu medo. Então, ali mesmo, no meio da sala de visitas, com meu filho no colo, falei em alta voz do meu amor por Deus, da minha gratidão pelo Seu infinito amor por todos os Seus filhos.
Bem, esse foi o primeiro grande passo para quebrar as cadeias do medo que estavam acorrentando o nosso lar. E, durante a hora seguinte, andei pela casa, ainda segurando o bebê, rememorando algumas das lindas curas que minha família já tivera. Cura do alcoolismo, de mastoidite, declarada incurável pelos médicos, de coqueluche, apenas para citar algumas.
Não demorou muito, o bebê adormeceu. Sua temperatura estava normal e ele parecia completamente em paz, quando o pus no berço. Podem imaginar como meu marido ficou feliz quando lhe informei, alguns minutos depois, que o menino estava curado.
Aprendi muito com essa cura. Mas, o que mais importa, aprendi que orar pelos filhos, e com eles, é um privilégio sagrado que os pais têm. E que orar pelas crianças do mundo, e com elas, é um privilégio de nossa cidadania no planeta Terra.
 
    
