Uma tarde, quando eu estava no trabalho, comecei a me sentir bastante febril e minha garganta começou a doer tanto que eu nem conseguia engolir. Eu já havia sentido esses sintomas antes, quando fora diagnosticada uma infecção em minha garganta causada por uma bactéria.
Nas ocasiões anteriores eu havia tomado um remédio para tratar desse problema. Dessa vez, porém, eu estava estudando a Christian Science e, por isso, queria tentar outro tipo de tratamento: a oração. Como os sintomas estavam se agravando, decidi sair do trabalho e ir para casa. Ao chegar, fui direto para a cama. Eu precisava orar imediatamente para esse problema, que continuava a piorar.
Já em casa e na cama, peguei minha Bíblia, o livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras de Mary Baker Eddy e outros livros. Eu não estava muito certa sobre como começar. Então fechei os olhos e pedi a Deus que me mandasse algum tipo de orientação ou mensagem, alguma inspiração para que eu pudesse saber como orar para me curar. Não aconteceu muita coisa.
Eu não queria perder a esperança, mas estava me sentindo muito mal. Então pensei: "parece que tenho uma ferida dolorosa na garganta". Essa idéia fez com que eu começasse a pensar na palavra ferida. "O que é que você faz para tratar de uma ferida?", perguntei a mim mesma. Você precisa limpá-la. Eu também raciocinei que, como eu sou a criação de Deus, que é Espírito, eu sou como Deus, ou seja, não um ser físico, mas totalmente espiritual. E, se eu sou um ser espiritual, a única ferida que eu precisaria tratar só poderia estar no meu pensamento, não num corpo físico.
O próximo passo seria "limpar" meus pensamentos, para que essa "ferida" pudesse ser curada. Eu queria saber: "Qual a origem dessa ferida?"
Então, logo veio ao meu pensamento a idéia do que estava causando tanta dor. Eu e uma querida amiga havíamos tido uma divergência fazia uns dez meses. Embora eu tivesse pedido desculpas a ela pelo malentendido, ela não me perdoara. Eu havia até mesmo escrito um bilhete a ela dizendo o quanto eu lamentava o ocorrido. Eu me sentia muito mal pelo fato de ela não me desculpar e de nossa amizade haver terminado.
Eu decidi pesquisar algumas palavras no Glossário de Ciência e Saúde, para ver se eu encontrava algumas idéias de como "limpar" essa "ferida" mental. Meus olhos acabaram caindo sobre a palavra fogo, e uma de suas definições chamou minha atenção: "remorso". "Exatamente!", eu pensei. Eu sentia remorso pelo que eu considerava ser minha parcela de culpa pelo término da amizade.
Decidi pesquisar um pouco mais e procurar o significado da palavra remorso no dicionário. Uma das definições que encontrei foi "arrependimento". Era exatamente isso o que eu estava sentindo a respeito daquela situação. Apesar de eu ter orado muitas vezes para perdoar minha amiga e a mim mesma, eu certamente lamentava muito ter dito as palavras que haviam ocasionado o final da amizade, ou seja, o que eu sentia era arrependimento.
Então, tive aquela inspiração maravilhosa, pela qual eu havia orado alguns minutos antes. Mary Baker Eddy escreveu muitas vezes sobre a necessidade de expressar suavidade em nossos pensamentos e ações. Essa suavidade era o agente de que eu necessitava para "limpar" esse pensamento ferido.
Jamais esquecerei o alívio que senti naquele momento. Ao derramar o suave amor do perdão e da compaixão sobre aquela sensação rude e amarga de injustiça e rejeição, o quarto pareceu inundar-se de uma luz radiante. Eu sentia um profundo amor pela minha amiga! E perdoar a mim mesma era um bálsamo pelo qual eu esperava ansiosamente.
No mesmo instante, todos os sintomas da infecção na garganta desapareceram, inclusive a febre alta. Tudo aconteceu tão depressa que eu quase não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Mas, a total ausência dos sintomas, associada à alegria que eu sentia e à minha renovada energia e sensação de bem-estar, eram provas para mim de que nunca houvera um problema físico, e de que o problema esteve só no meu pensamento.
Embora eu e minha amiga não estivéssemos mantendo contato havia quase um ano, e morássemos em lados opostos do país, eu imediatamente escrevi a ela uma carta sincera e carinhosa (não como a primeira, que eu me havia forçado a escrever alguns meses antes). Eu já não estava mais aflita com a possibilidade ou não de reatarmos nossa antiga amizade. Eu apenas esperava que o amor que eu sentia por ela e o reconhecimento de que Deus estava cuidando de nós duas fosse transmitido.
Posteriormente, eu e minha amiga nos encontramos várias vezes, tivemos conversas animadas e nos sentimos à vontade uma com a outra. E, apesar de nunca mais termos voltado a manter o contato próximo de antes (ambas havíamos mudado de interesse e atividade), todos aqueles sentimentos de amargura e injustiça se dissiparam naquele dia de inverno, quando eu orava no meu quarto. Sou muito grata por essa inegável prova da eficácia da oração para curar qualquer problema de saúde ou de relacionamento.
Cambridge, Massachusetts, E.U.A.
