“O conhecimento dos textos originais e a disposição de abandonar as crenças humanas (estabelecidas por hierarquias e instigadas às vezes pelas piores paixões dos homens), abrem o caminho para que a Ciência Cristã seja compreendida, e fazem da Bíblia o mapa náutico da vida, no qual estão assinaladas as bóias e as correntes curativas da Verdade” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 24). No espírito dessas palavras de Mary Baker Eddy, oferecemos as seguintes anotações relativas às Lições Bíblicas deste mês, publicadas no Livrete Trimestral da Christian Science.
31 de março – 6 de abril
A IRREALIDADE
Houve contenda entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Ló. (Gênesis 13:7)
Ló era sobrinho de Abrão e este o havia trazido consigo desde o início de sua migração. Embora viajassem juntos, mantinham cada um suas propriedades em separado. Os dois rebanhos deviam alcançar muitos milhares de cabeças e não havia, naquela região, água e pasto suficiente para todos, especialmente depois da seca recente. Um comentarista faz notar que, se os dois grupos começassem a lutar entre si, ficariam enfraquecidos e sujeitos ao ataque das tribos vizinhas.
Disse o Senhor a Abrão, depois que Ló se separou dele: Ergue os olhos e olha desde onde estás para o norte, para o sul, para o oriente e para o ocidente; porque toda essa terra que vês, eu ta darei, a ti e à tua descendência, para sempre. (Gênesis 13:14, 15)
Ló havia escolhido a terra mais plana e mais irrigada, deixando a Abrão a zona rochosa e mais árida das colinas. À primeira vista, Abrão havia ficado em desvantagem. Deus porém lhe ordenou que "erguesse os olhos". Mais tarde, com a destruição de Sodoma, Ló teve de fugir para as colinas e perdeu praticamente tudo.
Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação. (2 Timóteo 1:7)
A palavra “espírito”, na Bíblia, é usada freqüentemente para indicar “caráter”, “personalidade”. No original, a palavra traduzida como “covardia” também significa “timidez”, “temor”.
7 – 13 de abril
SÃO REAIS O PECADO, A DOENÇA E A MORTE?
Todo o dia torcem as minhas palavras; os seus pensamentos são todos contra mim para o mal. (Salmos 56:5)
A frase “torcem as minhas palavras” também admite uma tradução diferente, que aparece em outras versões: "prejudicam tudo o que me diz respeito". O Salmista descreve aqui a atuação de seus inimigos, todavia, mais adiante, afirma que o poder de Deus o salvará: “No dia em que eu te invocar, baterão em retirada os meus inimigos; bem sei isto: que Deus é por mim” (v. 9).
Então, eu disse: eis aqui estou, no rolo do livro está escrito a meu respeito. (Salmos 40:7)
O “rolo do livro” (os livros eram em rolos, nos tempos bíblicos) aqui mencionado, pode ser a Torá, constituída dos cinco primeiros livros da Bíblia atual. Nesse caso, o Salmista está afirmando que ali está escrito a respeito dele. Poderíamos entender, então, que ele se considerava incluído no relato da criação.
Tomando-a pela mão, disse: Talitá cumi!, que quer dizer: Menina, eu te mando, levanta-te! (Marcos 5:41)
A expressão "Talitá cumi" foi preservada em aramaico neste evangelho, assim como foram preservadas diversas outras frases e vocábulos (ver Marcos 3:17; 7:11, 34; 11:9,10; 14:36 e 15:22, 34). O aramaico era o dialeto falado pelo povo daquela região e, obviamente, era como Jesus falava. Talvez esses termos tenham sido preservados para registrar exatamente as palavras de Jesus, ou pode ser uma indicação de que esse evangelho foi primeiro escrito e posto em circulação nesse idioma e só mais tarde traduzido para o grego.
14 – 20 de abril
A DOUTRINA DA EXPIAÇÃO
...e o conduziram primeiramente a Anás; pois era sogro de Caifás, sumo sacerdote naquele ano. (João 18:13)
Anás era muito influente nos meios políticos e religiosos daquela região. Ele mesmo já havia sido sumo sacerdote anos antes. Cinco filhos dele e um neto, bem como o genro, Caifás, também foram sumos sacerdotes em diferentes anos daquele período histórico. Isso indica que a família mantinha um estreito relacionamento de cooperação com as autoridades romanas, que tinham o poder de nomear e destituir o sumo sacerdote.
Depois, levaram Jesus da casa de Caifás para o pretório. (João 18:28)
Caifás, por ser sumo sacerdote, era o chefe do Sinédrio, assembléia de autoridades judaicas que funcionava como tribunal religioso e onde Jesus foi condenado segundo a lei mosaica. Para ser crucificado, porém, o Mestre devia ser julgado e condenado pela lei romana. Esse segundo julgamento foi levado a efeito no pretório, que era o lugar onde estava Pilatos, procurador romano na região.
De fato, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à destra de Deus. (Marcos 16:19)
Sentar-se “à destra de Deus” é uma maneira de dizer que Jesus fora aprovado por Deus e, portanto, investido de soberana dignidade. A posição de sentado indica que ele havia terminado seu trabalho.
21 – 27 de abril
PROVAÇÃO APÓS A MORTE
Em meio à tribulação, invoquei o Senhor, e o Senhor me ouviu e me deu folga. (Salmos 118:5)
No original, a palavra traduzida como “tribulação” significa: lugar ou situação apertada, aperto. Daí que o resultado da oração foi Deus ter dado “folga”. A última parte também pode ser traduzida como “deu-me um lugar amplo” ou “abriu espaço para mim”.
Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos... (1 Cor. 15:51)
Em suas epístolas, Paulo se refere diversas vezes a “mistérios”, mas o comentarista explica que essa palavra se refere a verdades absolutas que parecem misteriosas simplesmente porque não poderiam ser descobertas pelo raciocínio humano nem por este compreendidas.
Levantaram-se, porém, alguns dos que eram da sinagoga chamada dos Libertos, dos cireneus, dos alexandrinos e dos da Cilícia e Ásia, e discutiam com Estêvão... (Atos 6:9)
Os “Libertos” eram ex-escravos ou ex-prisioneiros das autoridades romanas. No texto, não fica claro se se trata de uma única sinagoga que também congregava os judeus provenientes das outras regiões mencionadas, ou se havia sinagogas diferentes. De qualquer maneira, o agrupamento mencionado era de judeus que falavam grego e haviam recebido influência da cultura grega.
Bibliografia
The One Volume Bible Commentary, J. R. Dummelow Quem é quem na Bíblia Sagrada, Paul Gardner The Interpreter's Bible Commentary on the Old and New Testaments, Jamieson, Fausset, and Brown Dicionário do Strong's Exhaustive Concordance of the Bible
    