Um dicionário define governo como: “acto ou efeito de governar, administração económica, governo de casa, conjunto de pessoas que administram superiormente um Estado, uma província, uma companhia.”
Mas, na Bíblia, há um exemplo que me fez pensar na origem do modelo de governo que temos hoje. O capítulo 18 de Êxodo relata que certa vez estava Moisés sentado a julgar o povo, enquanto este o esperava, diante dele, de manhã até o pôr-do-sol. O sogro de Moisés questionou tal procedimento. Sugeriu então que o povo levasse suas causas directamente a Deus e que Moisés encontrasse pessoas capazes e “tementes a Deus” e os fizesse chefes. Uma passagem equivalente no primeiro capítulo de Deuteronômio, diz que Moisés recomendou ao povo que procurasse "homens sábios, inteligentes e experimentados."
Deus é Mente, e a sabedoria e a inteligência são qualidades derivadas dessa única Mente. Oro para que as pessoas que foram escolhidas para estar no governo do meu país expressem essas qualidades. Se eu espero que os governantes sejam tementes a Deus e ajam sabiamente, tenho de ser assim em minha própria vida pessoal e familiar.
Os ensinamentos de Jesus, que se encontram no que chamamos de Sermão do Monte (Mateus 5-7) tem sido para mim uma orientação de conduta, especialmente o versículo que diz: “...buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6:33). Se eu procurar ser justo e bom para com os outros, tudo o que necessito me será dado por Deus, pois Ele é o governador Supremo, a fonte de toda inteligência e suprimento.
Há séculos, o Rei Salomão, quando começou a governar, tinha pedido a Deus "sabedoria e conhecimento”, pois sendo ele muito jovem não sabia como conduzir-se à frente daquele povo tão numeroso. Deus cumpriu seu desejo e ainda lhe deu muito mais (ver 2 Crônicas 1:1-12).
Essa também é a maneira como oro para nossos governantes, pois sei que eles são a imagem de Deus e Sua manifestação. Às vezes, ficamos sabendo, pela mídia, que certos políticos utilizam os bens do Estado como se fossem propriedade privada. Por isso, há necessidade de orar muito para que os governantes actuem com honestidade e amor ao próximo para que as comunidades e as nações se desenvolvam honestamente e com justiça.
Angola mudou muito nos últimos anos. Agora o povo pode dar sugestões, trocar ideias e participar de debates em estações de rádio.
Procuro evitar a crítica às autoridades do meu país e entender melhor este trecho bíblico: “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus...” (Romanos 13:1). Vejo que é importante concentrar-me em ajudar por meio da oração. Procuro exemplos de liderança no que leio sobre Moisés, sobre o rei Salomão, Jesus e Mary Baker Eddy. Tais exemplos são úteis para decisões do dia-a-dia, assim como para o ambiente familiar e empresarial e para toda uma nação.
Outro aspecto importante é respeitar as leis. Essa atitude traz ordem e protecção para a comunidade, como um todo. Nesse caso, oro para reconhecer que cada um de nós tem a habilidade natural de obedecer e cumprir regras que visam ao bem da sociedade, pois somos o reflexo do Princípio, outro nome para Deus, que comanda e governa a todos nós e ao universo. Oro também para que nossos dirigentes expressem disciplina, ordem, pontualidade, respeito, humildade e bondade em todas as decisões que tomarem.
Em junho de 1898, Mary Baker Eddy escreveu algo que é relevante mesmo nos dias de hoje: "Orai pela prosperidade de nosso país e por sua vitória quando em armas; para que as características de seu governo continuem sendo a justiça, a misericórdia e a paz, e que estas governem todas as nações. Orai para que a presença divina possa também guiar e abençoar a autoridade máxima de nossa nação, as pessoas ligadas a esse cargo executivo de confiança, bem como o nosso sistema judiciário; e para que dê sabedoria ao nosso congresso e sustente o país com o braço direito de Sua retidão" (Christian Science versus Pantheism, p. 14).
No ano passado, estive no Brasil na época da campanha eleitoral. Comecei então a pensar na crise da Argentina, e no fim da Guerra civil de Angola. Isso me fez orar.
No Hinário da Ciência Cristã há um poema que começa assim: “O nosso Deus vai imperar, De sol a sol, em terra, mar, Seu reino em toda a parte está, E seu poder não findará” (hino no 272). Isso me levou a pensar na definição de governo: “ação de governar ou governar-se”. Como resultado dessa ação, o Estado exerce suas funções, mas é preciso reconhecer que Deus é o Supremo Governador. As Escrituras nos dizem que “...do Senhor é o reino, é ele quem governa as nações” (Salmo 22:28).
Com o estudo da Christian Science, aprendi que Deus criou o mundo, os homens e tudo de bom que existe nele. O homem é a imagem e semelhança de Deus, a Mente divina, por isso, reflete o governo de Deus e as Suas qualidades. Como é idéia divina, inseparável de Deus, nada pode torná-lo imperfeito, inconsciente, irresponsável, injusto, porque seus passos são orientados pelo Senhor, que é o bem, o Amor infinito, misericordioso e compassivo.
Também oro para compreender cada vez melhor que aqueles que ocupam cargos públicos são capazes de seguir a orientação divina e não se desviar dela. E uma passagem bíblica que me ajuda muito está em Filipenses: “...Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar...” (2:13).
Luanda, Angola
    