O ódio, como conceito abstrato, não tem nenhum poder. Para poder expressar-se, necessita de um agente, de uma personalidade. Esse conceito abstrato, após encontrar uma personalidade vulnerável ou que se amolde aos seus intentos, faz uso dessa mente e desse corpo específicos para executar atos cruéis.
O ódio, caracterizado na Bíblia como o diabo, tentou, de maneira cínica, convencer Cristo Jesus a desistir de sua missão divina de curar e ensinar. Ele tentou até mesmo penetrar na mente (na consciência) de Jesus para usá-la, a fim de apropriar-se dela e fazer com que ela se submetesse à sua própria vontade (do diabo). Mas Jesus, por ter uma mente voltada à santidade e à espiritualidade, disse: “Retira-te, Satanás” (Mateus 4:10). O diabo terrorista foi desmascarado e afastado.
Mary Baker Eddy, autora do livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, cujas idéias sobre a cura e o ensino do Cristianismo foram duramente atacadas, escreveu a respeito de sua própria maneira de defender-se contra os ataques: “Resiste ao mal — ao erro de toda espécie — e ele fugirá de ti” (p. 406).
Se um terrorista suicida mantivesse o domínio sobre sua própria identidade e capacidade, o ódio abstrato não encontraria abrigo em seu pensamento. O terror não se alojaria em determinado local, a partir do qual pudesse instigar a realização de atos de terrorismo completamente estranhos ao pensamento alerta e protegido.
Portanto, a prioridade na defesa contra o ódio é reforçar de tal maneira nossa própria individualidade e identidade, como idéias de Deus, que o ódio, sob qualquer forma, não possa invadir nossa consciência fortalecida e protegida.
Uma defesa adicional é adquirir um bom conhecimento da bondade e da totalidade de Deus, a fim de reconhecer, com convicção, que o ódio não ocupa nenhum lugar e nem mesmo pode ter um começo nessa totalidade.
Um profundo ressentimento, sob qualquer forma, é um tipo de ódio. Esse conceito errôneo, que se auto-sus-tenta, não consegue tolerar o bem e o amor. A natureza do ódio é atacar e destruir. O impulso de destruir parece tão real, que esse repugnante elemento do mal destrói-se a si mesmo juntamente com sua vítima, na tentativa cega de extinguir o bem.
Um modo seguro e construtivo de se lidar com o ódio, encontra-se nesta breve referência a Jesus, no livro de Hebreus: “Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros” (Hebreus 1:9).
Jesus odiava a iniqüidade. Ele sabia que Deus havia completado Sua criação e que Ele havia visto que ela era muito boa; era essa consciência que dava a Jesus seu grande poder sanador. Cristo Jesus sabia que a Mente do homem era Deus e que, portanto, ela é pura, abençoada e inofensiva. Isso manteve Jesus incólume na crucificação e no sepultamento. Ele ressuscitou. Perdoou os iníquos. Ainda na cruz, disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).
Existe um fundamento de defesa e de cura nesse cristianismo bíblico, que nos protege contra os ataques do ódio, eliminando-o e finalmente curando-o. O amor à retidão impediria que a animalidade errante e o ódio subvertessem uma consciência vulnerável, com o intuito de usá-la para causar dano a mais vítimas. O amor à bondade faz com que o pensamento humano jamais se torne um instrumento do ódio. A Sra. Eddy, a fundadora desta revista, dá-nos uma resposta sanadora à pergunta “como vencer o ódio?”, nestas palavras profundamente úteis: “Os bons pensamentos são uma armadura impenetrável; assim revestidos, estais completamente resguardados contra os ataques do erro de qualquer espécie. E não só vós estais protegidos, mas também todos aqueles sobre os quais repousam vossos pensamentos, são dessa forma beneficiados”.
E continua: “O orgulho egoísta daquele que tem maus pensamentos lhe causa dano a si próprio, quando ele quer prejudicar outros. A bondade involuntariamente resiste ao mal. O pensador ímpio é o que fala e age com arrogância. O reto pensador descansa à sombra do Onipotente. Seus pensamentos só podem refletir paz, boa vontade para com os homens, saúde e santidade” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 210).
