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O que os Evangelhos dizem, ou não dizem sobre o Nascimento de Jesus

Da edição de dezembro de 2004 dO Arauto da Ciência Cristã


Se existe uma palavra que sirva como denominador comum para as várias formas de comemorações natalinas: tradição. As tradições de Natal podem ser simples, como uma receita, ou profundas e sagradas como a repetição da narrativa da vida de Jesus, conforme documentada no Novo Testamento. Os quatro Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João são as fontes principais para compreendermos o significado do Natal.

A palavra tradição, conforme utilizada pelos estudiosos da Bíblia, está longe de ser algo trivial. A tradição faz referência a um tema, baseado em fatos e pormenores, passado de geração a geração, para o qual podem existir várias perspectivas. A história do Natal, como a conhecemos hoje em dia, com pastores e reis magos trazendo presentes para o menino Jesus, é o resultado de uma combinação de temas tradicionais constantes em apenas dois dos Evangelhos, embora os quatro descrevam a crucificação e a ressurreição.

O Evangelho de Marcos, provavelmente o primeiro a ser escrito, começa com Jesus, aos 30 anos, se apresentando a João Batista e iniciando sua missão. O Evangelho de João, considerado o último a ser escrito, também omite o nascimento e associa Jesus com o “Verbo” desde o “princípio” (João 1:1). Os Evangelhos de Mateus e Lucas foram escritos muito tempo depois da ressurreição de Jesus e começam com seu nascimento. Mas, as duas narrativas apresentam diferenças significativas, talvez levando em conta o público da época.

Os quatro Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucase e João são as fontes principais para compreendermos o significado do Natal.

Muitos estudiosos acreditam que o Evangelho de Mateus, repleto de citações extraídas das Escrituras Hebraicas, foi preparado para provar à comunidade judaica que Jesus era verdadeiramente o Messias prometido e esperado. Como messias é um título real que significa “o consagrado”, o Evangelho cita uma lista dos reis de Israel e Judá que fazem parte da linhagem de Jesus. É compreensível, então, que também relate que três reis magos homenagearam o “rei” recém-nascido. Vieram do Oriente e talvez fossem magos da Pérsia, reis-sacerdotes interessados principalmente no estudo de fenômenos astronômicos.

Outro tema encontrado no Evangelho de Mateus é a comunicação por sonhos, com certeza uma tradição familiar para a audiência judaica de Mateus. (No Antigo Testamento, os livros de Gênesis e Daniel, por exemplo, estão repletos de histórias de sonhos). Mateus explica que José foi advertido em um sonho para procurar abrigo no Egito para Maria e o menino Jesus. Após a morte de Herodes, José novamente recebeu orientação em um sonho para retornar à Judéia e se estabelecer na região da Galiléia.

O Evangelho de Lucas é bem diferente. Parece ter sido dirigido ao povo gentio, ao povo que não era judeu. Esse Evangelho apresenta muitas pessoas simples entre as quais Jesus pregou e viveu. Tomemos, como exemplo, o publicano Zaqueu, no capítulo 19. O autor do Evangelho de Lucas dá relevo ao “homem comum” e é fácil entender por que não menciona reis, mas enfatiza a visita de simples pastores ao menino Jesus.

Lucas também descreve o impacto que o menino Jesus causou em duas pessoas, Simeão e a profetisa Ana. Ambos eram pessoas do povo, mas mesmo assim ficaram repletos do Espírito Santo, tema esse que permeia todo o Evangelho de Lucas. De acordo com Lucas, Maria e José levaram o menino Jesus, não para o Egito, mas diretamente para sua casa em Nazaré, na Galiléia.

O Evangelho de Lucas, mais do que os outros, ressalta a importância da mulher durante toda a vida de Jesus. Lucas começa relatando que duas mulheres estavam grávidas, Isabel e a prima Maria. Ao contrário de Mateus, não existem sonhos nessa narrativa, e é Maria, e não José, o centro das atenções. Em seguida, o Evangelho relata as sensações e inspirações que Maria guardava, “meditando-as no coração” (ver Lucas 2), levando alguns estudiosos a sentir que esse Evangelho ressalta o tema maternal.

Examinar as tradições natalinas nos ajuda a começar a encontrar uma resposta para a questão: ”Quem foi exatamente Jesus de Nazaré?”

Com o decorrer dos séculos, houve uma mescla dos temas abordados em Mateus e Lucas, produzindo dessa forma a história natalina mais conhecida. Inicialmente, ao compilarem o Novo Testamento que agora conhecemos, alguns estudiosos consideraram a possibilidade de criar um único Evangelho. Porém, no final, aqueles que organizaram o Novo Testamento mantiveram os quatro Evangelhos separadamente. É possível que tenham percebido que esses pontos de vista diferentes melhor atenderiam às necessidades diversificadas da comunidade cristã de então e dos anos que se seguiriam.

Examinar as tradições natalinas nos ajuda a começar a encontrar uma resposta para a questão: “Quem foi exatamente Jesus de Nazaré?” Cada um dos Evangelhos responde a seu modo. Aliás, mesmo antes de os Evangelhos serem escritos, o apóstolo Paulo abordou esse tema em suas cartas às comunidades cristãs. Os estudiosos mais renomados da igreja cristã primitiva debateram o assunto durante séculos e, de certa forma, o debate persiste até hoje, à medida que cada pessoa é apresentada a Jesus Cristo pela tradição e pela fé encontradas nas Escrituras e abre lugar em sua própria vida para a mensagem do Evangelho que ele personificou.

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