Dando a volta por cima

O cenário formado pelos restos de um incêndio é muito desolador. A presença das cinzas queimando evoca tristeza, dando a impressão de que os sonhos acabaram e se desvaneceram na atmosfera, junto com a fumaça do rescaldo. O fogo se demonstra tão cruel e impiedoso que, na maioria das vezes intimida a reação das vítimas. Os que já assistiram ou viveram essas situações sabem avaliar não apenas as dificuldades que surgiram, mas também valorizar a força e coragem que uma circunstância como essa exige dos que foram atingidos.

Para não sucumbir ao desânimo e fracasso, valores espirituais como a esperança, a fé e a vitalidade são determinantes e essenciais para recobrar o ânimo. O empresário gaúcho José Eugênio Farina, nascido em Porto Alegre, RS, estava com 47 anos quando um incêndio destruiu a fábrica que comprara havia apenas 51 dias, com as economias que juntou durante uma vida de trabalho. Para enfrentar a situação devastadora que atingiu não apenas a sua família, mas também os 513 funcionários, arregaçou as mangas e foi em busca de uma solução.

A fábrica destruída foi a Todeschini Acordeões. Impulsionado pelo seu espírito empreende dor, procurou ajuda e conseguiu um pavilhão cedido pelo prefeito de Bento Gonçalves, onde recomeçou as atividades com 250 funcionários. “Foi o início de uma nova fase”, conta o Sr. Farina, hoje com 80 anos, que percebeu naquela ocasião que era hora de mudar de segmento, visto que os acordeões estavam perdendo mercado para as guitarras. “Deus nos deu as condições para reconstruir tudo e eu mudei totalmente”. Essa mudança não foi apenas de produto, mas principalmente de postura. Respeito mútuo e encorajamento recíproco revitalizaram a nova Fábrica Todeschini, agora no setor de mobiliário, transformando-a numa grande família. Aprendi a ter humildade. Os colaboradores me ensinaram que a felicidade não vem da grandeza nem do dinheiro. Vem do bem-estar de trabalhar com quem a gente ama” (Você S/A — Edição Especial As Melhores Empresas para Você Trabalhar2004).