Fiquei aborrecido ao assistir ao noticiário na televisão. O tema em discussão era um estudo recente que concluía serem os seres humanos “programados” para cometer adultério.
Mas o aborrecimento se foi, quando me lembrei da afirmação bíblica de que a natureza de cada pessoa é pura, dada por Deus.
Quando se trata de questões sobre sexualidade, a Bíblia sempre me surpreende como uma fonte cheia de respostas claras sobre a natureza das coisas. Para mim, esse livro admite, sem rebuços, o âmbito completo das questões difíceis sobre sexualidade. Ela continua a nos atrair para um sentido mais profundo, mais completo e muito mais autêntico, sobre quem somos nós, ou seja, somos seres espirituais e não sexuais.
Isso não quer dizer que a Bíblia aborde as questões difíceis para em seguida se esquivar delas. Como exemplo, há uma dessas questões descritas como um conflito entre sentimentos puros e impuros: “O Espírito e os nossos próprios desejos são inimigos entre si. Eles estão sempre em luta um com o outro, impedindo-nos de fazer o que achamos que deveríamos fazer” (Gálatas 5:17, Contemporary English Version).
Provavelmente, poucas são as pessoas que conseguem escapar completamente dessa luta. Mas a Bíblia nos inspira a ver que ser biologicamente programado é uma visão superficial demais sobre quem realmente somos.
Existe algo inerente a todos nós que naturalmente deseja se relacionar com os outros. A despeito do enfoque da sociedade sobre a atração física, esse “algo” profundo dentro de nós anseia amar os outros e ser amado pelos outros. Esse algo, em sua forma natural e pura, é um poderoso sentimento espiritual. É um impulso divino.
Examinei a vida de Jesus e o amor que ele expressava para com crianças, homens e mulheres. Esse amor aparecia sob muitas formas: compaixão, bondade, tolerância, cuidado para com as pessoas, consideração, respeito, generosidade, paciência, clemência, moderação, ternura. A lista é longa. Mas a forma como ele expressou o último e mais verdadeiro significado do amor aponta claramente para a espiritualidade e não para a biologia.
À medida que a sociedade ganha terreno em sua luta para dar cada vez mais ênfase ao espiritual, é provável que isso leve a respostas mais satisfatórias com relação àquelas questões espinhosas e freqüentemente conflitantes, por parte da biologia.
O exemplo de Jesus era relacionar sua própria vida cada vez mais com Deus. Isso o capacitou a se relacionar, com muito êxito, com as outras pessoas. Esse não é um mau exemplo para aqueles que hoje se defrontam com questões sobre a sexualidade.
Afirme, em oração, que sua vida está mais relacionada com Deus, o Amor divino, do que com o DNA. Isso abre a porta para o encontro de soluções sensatas e duradouras sobre seu relacionamento com os outros. Quanto mais reconhecermos a nós mesmos e aos outros como espirituais, menos ficaremos confusos, rebelados, temerosos ou em dúvida com relação ao esforço da sociedade em encontrar seu caminho através dos aspectos desconcertantes da sexualidade.
Enquanto nossa vida estiver edificada na premissa de que somos, em essência, biologicamente programados ao invés de espiritualmente programados, haverá mais confusão, mais dissensão e menos progresso rumo ao Espírito.
A fundadora desta revista, Mary Baker Eddy, incluiu um capítulo sobre “Matrimônio” em seu livro “Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras”. Descobri que esse capítulo contém argumentos maravilhosos sobre a espécie de harmonia e de relacionamentos melhorados que se podem desenvolver quando começamos a descobrir mais sobre nossa natureza espiritual.
De fato, a autora descreve nosso ser real como derivado do Espírito, Deus, ao invés de derivado do pó compõe o Adão alegórico.
Será que isso significa que ela considerava nosso atual senso de gênero humano irrelevante? Não, de maneira nenhuma. Por exemplo, ela escreveu de forma muito prática: “O matrimônio é o dispositivo legal e moral para a geração entre a espécie humana” (pág. 56). Contudo, esse capítulo sobre o matrimônio proporciona um vislumbre sobre o que significa se relacionar com os outros com a mais profunda união espiritual.
Alguns desafios podem parecer de difícil solução. Mas as respostas emergem quando temos a coragem de reconhecer que somos espirituais, os filhos amados de Deus, a imagem e a semelhança verdadeiras do Espírito.
Enquanto nossa vida estiver edificada na premissa de que somos, em essência, biologicamente programados ao invés de espiritualmente programados, haverá mais confusão, mais dissensão e menos progresso rumo ao Espírito.
Talvez você já tenha se defrontado com algumas dessas questões. Se assim for, uma paz cada vez maior poderá ser obtida, à medida que começamos cada dia com uma oração que vê a nós mesmos e aos outros menos sob uma perspectiva sexual e mais sob um ponto de vista espiritual. Pense em todas aquelas qualidades que Jesus expressava. Afinal, essa é a maneira como Deus nos vê.
