Ser curado era, provavelmente, algo que não passava pela sua mente. Aquele gerente estava acostumado a conversar com a cliente regular de sua agência de telégrafo, uma distinta senhora que durante seus passeios diários de carruagem em Concord, New Hampshire, parava para enviar mensagens, pois naquela época não existia fax nem e-mail. Contudo, naquela tarde em particular, quando ela lhe perguntou como estava se sentindo, ele mencionou que sofria de uma doença crônica no estômago que o incomodava há tempos. Depois da conversa, Henry Morrison percebeu que os sintomas haviam desaparecido. Ele nunca mais teve problemas com aquela doença (Yvonne von Caché Fettweis e Robert Townsend Warneck, Mary Baker Eddy: Uma vida dedicada à cura, Boston: Sociedade Editora da Christian Science, 2003).
Não foi somente nessa época que Mary Baker Eddy curou alguém que não havia lhe pedido ajuda específica. Acontecia durante os passeios de carruagem, quando estava comprando móveis, dando conferências públicas, ou até mesmo conversando com um amigo — ou um opositor. Como ela fazia isso? De acordo com seus próprios escritos e biografias sobre sua vida, o segredo estava na sua maneira de pensar.
A prática, para a Sra. Eddy, era manter os pensamentos em sintonia com Deus, o Amor divino. Em meio à vida atarefada, ela conscientemente amava a Deus e amava ao próximo da maneira como gostaria que a amassem. Era esse Amor divino, refletido no amor dela para com Deus e para com a humanidade, que curava as pessoas.
Isso não quer dizer que a Sra. Eddy orava para as pessoas sem consentimento delas. De fato, ela era escrupulosa sobre não infringir a privacidade mental alheia. Como aconselhou aos seus alunos: “A regra expressa para a prática da Christian Science é a Regra Áurea: "Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós.' ...Em geral, não temos o direito de entrar na mente de uma pessoa, agitar, transtornar e ajustar seus pensamentos sem que ela saiba e consinta, assim como não temos o direito de entrar numa casa, destrancar a escrivaninha, tirar os móveis do lugar, dispor e arranjar a propriedade alheia segundo o nosso gosto” (Miscellaneous Writings, [Escritos Diversos], 1883-1896, pp. 282-283). Portanto, a Sra. Eddy compreendeu nitidamente a eficácia em manter seus pensamentos em sintonia com Deus, e assim naturalmente, curava a todos a sua volta.
Era desse modo, disse ela, que Jesus também curava. Tratava de estar sempre consciente do amor de Deus Todo-poderoso e do homem, mulher e criança como imagem e semelhança espiritual de Deus. Ele seguia sua própria Regra Áurea: "Como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles" (Lucas 6: 31). Jesus amava ao próximo como a si mesmo, e em qualquer lugar que estivesse e em tudo o que fizesse, via que cada um era espiritual, puro e perfeito. As pessoas vinham ao seu encontro — e eram curadas — pela sua maneira habitual de pensar.
O livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, da Sra. Eddy, explica a Ciência do Cristo, e as leis divinas de Deus que tornam este tipo de oração sanadora possível para qualquer um.
No início dos meus estudos com Ciência e Saúde, comecei a compreender as leis de Deus o suficiente para experimentar a cura como resultado da minha oração. Logo, aprendi que uma das maneiras de orar na Christian Science tem o propósito de espiritualizar o pensamento da pessoa necessitada e assegurá-la de seu bem-estar contínuo — e dessa maneira eliminar as crenças de preocupação e medo que se manifestam como discórdia e doença. Essa maneira específica de orar é um tratamento da Christian Science. Constatei sua eficácia não apenas para mim mesma, mas também para membros da família e para outros que ocasionalmente me pediam para orar por eles. Contudo, não estava segura de como poderia ajudar as pessoas que não estavam me pedindo tratamento por meio da oração. Mas, logo descobri.
Para mim, o amor que vem de Deus é como os raios que vêm do sol. O sol não brilha com o propósito de mudar ninguém. Simplesmente, fornece luz e calor a todos.
Um jovem que estava procurando uma igreja veio a minha casa para me questionar sobre a Christian Science. Enquanto conversávamos, de repente sentiu-se mal. Mas, ao invés de aceitar meu oferecimento para tratá-lo por meio de oração, ele comprimiu o local da dor com o braço e continuou fazendo perguntas.
No fundo do meu coração, ansiava ajudar esse jovem, e sabia que um tratamento pela Christian Science poderia fornecer-lhe essa ajuda. Por outro lado, eu não queria ultrapassar meus limites dando um tratamento sem o seu consentimento.
Aprendi que, ao tratar espiritualmente seu próprio pensamento, a pessoa abençoa a todos que entram em contato com esse modo de pensar.
Não sabendo o que fazer, voltei meu pensmento totalmente para Deus, mesmo enquanto ele falava. Imediatamente, um pensamento consolador veio a mim: apesar de não dever dar um tratamento pela Christian Science diretamente para aquele jovem, eu poderia dar um tratamento a mim mesma. Pude perceber que minha casa e todos ali estavam envolvidos pela presença infinita do Amor divino que nunca inclui um único elemento de doença ou dor. Afirmei e regozijei-me com essas verdades durante o resto de nossa conversa. Gradativamente, o jovem relaxou. Quando foi embora, parecia estar livre da dor. Alguns dias depois, ele telefonou por reconhecer que, de fato, fora curado durante nossa conversa.
Relembrando, vejo agora que pude tratar desse homem porque necessitava de uma ajuda imediata, e não havia nenhuma outra forma de ajuda disponível (ver Miscellaneous Writings, p. 282). Contudo, a importante lição para mim, foi a de não ter sido necessário tratá-lo diretamente.
Aprendi que, ao tratar espiritualmente seu próprio pensamento, a pessoa abençoa a todos que entram em contato com esse modo de pensar. Tratar do próprio pensamento unicamente com a Verdade e o Amor — a mesma Verdade e o mesmo Amor em que Jesus e a Sra. Eddy se apoiavam — reflete esse poder sanador da Verdade e do Amor. Isso é simples e poderoso. Tal lição tem se mostrado inestimável com o passar dos anos.
Para mim, o amor que vem de Deus é como os raios que vêm do sol. O sol não brilha com o propósito de mudar ninguém. Simplesmente, fornece luz e calor a todos, porque essa é a sua função. Isso serve de exemplo para compreender que Deus é luz e que cada um de Seus filhos é o resultado dessa luz — o resultado do Amor divino — e quando alguém conscientemente expressa Amor, a luz sanadora de Deus é espalhada sobre qualquer coisa e qualquer um ao alcance do pensamento dessa pessoa.
Para estar seguro, para se manter em sintonia com o Amor divino, é preciso disciplina. Às vezes, a pessoa pode sentir um impulso para mudar a outra pessoa. Mas, não é esse o nosso trabalho. Devemos amar, e por esse amor, oferecer a mais valiosa de todas as ajudas, aquela que vem de Deus, por meio da nossa clara e humilde compreensão da realidade espiritual. Podemos fazer isso em qualquer lugar, a qualquer hora, sem infringir o direito de cada um de se autogovernar, quando seguimos esta orientação da Sra. Eddy: “Não tenhais nenhuma ambição, nem afeto, nem propósito a não ser a santidade. Não esqueçais nem por um momento que Deus é Tudo-em-tudo e que, portanto, há em realidade uma única causa e efeito” (Miscellaneous Writings, pp. 154-155).
É sempre oportuno — até verdadeiro — ver e amar ao próximo como Deus os vê e os ama. Sei que é dessa maneira que gostaria de ser vista pelos outros. À medida que essa Regra Áurea de oração se torna nossa maneira de pensar de cada momento, traz para muitos a cura — sobre algumas dessas curas ouviremos falar; de outras, nunca vamos saber. Porém, quando alguém nos pedir um tratamento pela Christian Science, estaremos prontos para discernir suas necessidades e tratá-las específica e definitivamente. Com amor.
