Ao longo da maior parte da história humana, foi-se estabelecendo uma conexão entre problemas de saúde e a história familiar. No Velho Testamento da Bíblia, existe uma referência a um antigo provérbio, que diz: “...Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram” (Jeremias 31:29). Hoje em dia, pesquisadores continuam a investigar o papel que a hereditariedade desempenha na determinação de nossa saúde. Apesar de toda a sofisticação da pesquisa na era moderna, a sociedade, de alguma maneira, ainda não se afastou muito daquele antigo provérbio. Persiste ainda a noção de que nossos ancestrais continuam a moldar nossa experiência, até hoje.
Cientistas, em busca de maneiras de vencer os problemas hereditários, acham que seu sucesso depende da decifração dos códigos genéticos, que podem ser encontrados nas moléculas chamadas DNA. Acredita-se que as mensagens que controlam a aparência, o caráter, a saúde e a longevidade, sejam escritas nessas moléculas pelos nossos ancestrais e passadas adiante no nascimento.
Embora alguns pesquisadores estejam esquadrinhando, de forma cada vez mais profunda, a estrutura da matéria com o intuito de encontrar soluções para as questões genéticas, outros descobriram que o afastar-se da matéria tem sido a chave para se vencer problemas relacionados à hereditariedade. Essas pessoas descobriram que não é a matéria, mas o pensamento, que determina nossa experiência.
Mary Baker Eddy, que descobriu a Ciência Cristã há mais de um século, estava muito interessada em encontrar soluções permanentes para os problemas de saúde. Suas pesquisas levaram-na à conclusão de que os males físicos podiam ser curados unicamente por meios mentais. Contudo, ela reconheceu que havia variados e diferentes tipos de cura mental, que prometiam bons resultados, mas que, em última análise, falhavam em curar de forma permanente. O sistema de cura, que ela descobriu ser confiável e eficaz, está assentado em sua descoberta do fundamento espiritual, que estava por trás das obras de cura de Jesus.
Mais do que qualquer outro indivíduo, Cristo Jesus é reconhecido pelo número e pela variedade de males que curou. Muitos simplesmente consideram sua obra como sendo “milagres” e de pouca relevância para os prementes problemas de hoje. Por outro lado, a Sra. Eddy achava que a obra de Cristo Jesus era importante demais para ser deixada de fora da busca da humanidade por soluções para seus problemas do dia-a-dia. Ã medida que ela se convencia da natureza mental da cura, também se conscientizava de que faltava algo nos métodos de cura mental disponíveis na época. O que esses métodos careciam era de um princípio coeso e consistente e, para ela, ficou claro que as curas de Jesus apontavam para esse princípio, ou lei da cura. Ela compreendeu que o princípio que estava por trás da obra do Mestre não era uma técnica ou um método de origem humana, mas, ao contrário, uma compreensão da natureza de Deus.
Mary Baker Eddy achava que a obra de Cristo Jesus era importante demais para ser deixada de fora da busca da humanidade por soluções para seus problemas do dia-a-dia.
Na sinopse dos ensinamentos de Jesus, chamada “Sermão do Monte”, está registrado que ele disse:“ ... sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mateus 5:48). Nessa declaração, Jesus estabelece a natureza de Deus como perfeita e revela a perfeição de cada um de nós como Seus filhos. Isso indica que nossa herança é espiritual em natureza e inteiramente boa.
Quando olhamos ao nosso redor, é óbvio que nem sempre vemos a perfeição do mundo de Deus. Pode ser difícil aceitar a premissa da perfeição, especialmente quando nos defrontamos com doenças que ameaçam a vida, condições hereditárias debilitantes ou outros problemas de saúde. Contudo, Jesus falou a respeito do reino de Deus como estando “próximo” e, pela cura, trazia à luz a perfeição dos que estavam ao seu redor.
O Evangelho de Marcos declara que Jesus iniciou seu ministério anunciando: “...o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho” (Marcos 1:15). “Arrepender” significa “mudar a mente”. Portanto, Jesus indica efetivamente que precisamos mudar nosso pensamento, a fim de vivenciar a harmonia do reino de Deus.
Em seu livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, a Sra. Eddy explicou como Jesus trazia à luz a cura, fundamentado em uma compreensão da perfeição do mundo de Deus. Ela escreveu: “Jesus via na Ciência o homem perfeito, que lhe aparecia ali mesmo onde o homem mortal e pecador aparece aos mortais. Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto de ver o homem curava os doentes. Assim, Jesus ensinou que o reino de Deus está intacto e é universal, e que o homem é puro e santo” (p. 476).
A Ciência Cristã explica que a razão pela qual uma mudança no pensamento muda nossa experiência deve-se ao fato de que a existência, em sua natureza, é mental, em vez de física. Vemos aquilo que cremos. Da mesma maneira que vemos pensamentos representados em imagens em nossos sonhos, nossa experiência humana é composta de imagens que parecem solidamente reais à nossa consciência humana. Em realidade, essas imagens são simplesmente o quadro mental de pensamentos que acreditamos ser verdadeiros. Quando despertamos de nosso sonho noturno, conseguimos reconhecer que aquilo que vimos e vivenciamos dentro desse sonho, não era real. Entretanto, enquanto estamos sonhando, as imagens podem parecer bastante convincentes. Da mesma maneira, nossa experiência muda quando acordamos para a realidade do mundo de Deus.
Jesus demonstrou, por intermédio da cura, que o reino de Deus é o fundamento da realidade. A cura então não significa mudar essa realidade, mas tem a ver com percebê-la. Acreditar que limitações façam parte da existência, impede-nos de ver a perfeição espiritual. Uma delas é a hereditariedade, que, longe de ser uma lei que nos governa, está alicerçada nas melhores conjecturas daqueles que não estão cientes da natureza mental de nossa experiência.
Ao examinar a questão da hereditariedade, a Sra. Eddy reconheceu que os males associados a ela têm a ver com os pensamentos que foram inadvertidamente aceitos pela pessoa. Nem sempre compreendemos os pensamentos aos quais demos o consentimento para modelar nossa compreensão e, por tabela, nossa experiência. A Sra. Eddy nos assegura que, não importa o quão enraizado um problema de hereditariedade pareça estar, ele é ainda um problema de natureza mental e, portanto, passível de ser destruído. Ela declara: “A hereditariedade não é lei. Não é devido à sua prioridade, nem à conexão dos pensamentos mortais do passado com os do presente, que a causa remota, ou crença remota de moléstia, é perigosa. A causa predisponente e a causa excitante são mentais” (Ciência e Saúde, p. 178). A razão pela qual talvez partilhemos feições características com membros da família tem mais a ver com hábitos de pensamento compartilhados do que com material genético em comum.
Certa vez, os alunos de Jesus lhe perguntaram a respeito de um homem que nascera cego. Eles desejavam conhecer a causa do problema e imaginavam se a cegueira não era o resultado de alguma falta cometida pelos pais, algo que ele tivesse herdado; ou então, se não seria algo que tivesse se desenvolvido nele, devido a alguma falta cometida pelo próprio indivíduo. Jesus redirecionou o pensamento deles, o de tentar imaginar uma causa para o problema, para considerar a natureza de Deus como Causa. Ele lhes respondeu: “...Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (João 9:3). Começando com Deus como a única Causa que pudesse afetar o homem, não poderia haver nenhum espaço para a expressão de qualquer coisa imperfeita. Foi exatamente isso o que Jesus demonstrou quando curou a cegueira do homem.
Embora a tendência predominante da humanidade seja a de examinar os genes, a fim de determinar as probabilidades de vida de uma pessoa, os Cientistas Cristãos estão descobrindo que, volver-se a Deus como o fundamento de sua identidade, traz domínio sobre os problemas de hereditariedade. Conheço alguém que conseguiu fazer isso durante uma crise de saúde.
Essa pessoa havia sido encarregada de supervisionar os cuidados prestados aos cavalos que pertenciam a uma organização. Ela amava seu trabalho, mas descobriu que tinha uma reação alérgica alguma planta, toda vez que ia ao pasto onde os cavalos eram mantidos. Ela ouvira falar de um parente que também havia sofrido de um problema semelhante. Ele fora forçado a abandonar a fazenda onde vivia, a fim de cuidar do problema. Finalmente, ele encontrou a Ciência Cristã, foi curado e conseguiu voltar ao trabalho no campo.
Na ocasião, a mulher não deu muita importância à similaridade entre sua própria situação e a experiência vivida por seu parente no passado. Na verdade, tendo em vista que o problema geralmente diminuía quando saia do pasto, ela não deu muita atenção a ele. Entretanto, um dia ela teve de descarregar um caminhão cheio de descarregar um caminhão cheio de feno e começou a ter dificuldade de respirar. À noite, sua respiração já era muito difícil e ela estava fraca demais para pedir ajuda.
Jesus demonstrou, por intermédio da cura, que o reino de Deus é o fundamento da realidade.
Acreditar que limitações façam parte da existência, impede-nos de ver a perfeição espiritual.
Essa mulher era Cientista Cristã e compreendeu que, por meio da oração, ela nunca estaria sem ajuda. Quando começou a orar, veio-lhe ao pensamento um poema escrito por Mary Baker Eddy. O poema é um hino muito querido do Hinário da Ciência Cristã e descreve a Deus como uma “gentil presença” e como “gozo, paz, poder” (207). Muito embora a dificuldade de respirar parecesse uma realidade cruel, esse problema não estava fundamentado na natureza de Deus, ou seja, na natureza da realidade e, portanto, podia ser vencido. À medida que a mulher continuava a ponderar a natureza de Deus e a compreender que sua própria vida estava alicerçada em sua semelhança com Deus, ela sentiu que o medo se dissipava.
Pela manhã, a mulher estava completamente bem. Não foi preciso nenhum período de recuperação para que ela conseguisse, naquele mesmo dia, na companhia de amigos, escalar uma montanha com total liberdade. Não somente ela conseguiu superar esse episódio em particular, como também, permanentemente, a dificuldade de respirar. Ela ficou livre de qualquer reação às plantas pelo resto daquele verão e não vivenciou qualquer dificuldade a partir daí. Ao estabelecer seu próprio relacionamento direto com Deus, essa mulher conseguiu relacionar sua vida a Deus, ao invés de a uma ancestralidade humana.
Conforme a Bíblia garante: “Que tendes vós, vós que, acerca da terra de Israel, proferis este provérbio, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram? Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, jamais direis este provérbio em Israel” (Ezequiel 18:2, 3). Na medida em que compreendermos que nossa herança está fundamentada em nossa perfeição como filhos de Deus, conseguiremos vivenciar um domínio cada vez maior sobre os problemas de hereditariedade.