A primeira vez que comecei a ler Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras de Mary Baker Eddy, não estava no melhor estado de ânimo para aceitar suas idéias. Achava que Deus tivesse se esquecido de mim. Uma porta se abrira em minha vida por onde toda sorte de infortúnios estavam entrando e parecia que Deus era incapaz de fazer algo a respeito.
No entanto, quando menina, tinha me sentido como uma filha muito amada de Deus. Na minha cabecinha de criança guardava idéias muito específicas sobre Aquele que considerava meu Pai. Sonhava em visitar missões e trabalhar com os necessitados.
Por isso, levava uma vida muita prática: como voluntária em residências para idosos pobres, com crianças de famílias ciganas, em acampamentos para jovens problemáticos e assim por diante.
Quando meu marido, José, me mostrou o livro, pensei que, embora ciência e Saúde estivesse dizendo coisas lindas e transcendentais, elas também eram muito abstratas e teóricas.
Logo depois, comecei a sofrer de uma tosse muito persistente que não me permitia dormir e me forçava a passar a noite toda sentada para não ser asfixiada.
Meu marido sugeriu que Ciência e saúde poderia me ajudar, explicando que a tosse, na realidade, não era nada e não existia. Para mim, isso era tamanho absurdo que quase fiquei brava com ele. Como é que a tosse não existia, se ela me fazia sofrer a noite toda e parte do dia também?
Ele me falou sobre a possibilidade de telefonarmos a uma Praticista da Ciência Cristã para pedirmos ajuda em oração. Foi o que fizemos. A tosse desapareceu, mas minha saúde piorou. Eu não entendia nada de Ciência Cristã. Ficava negando e negando algo que, para mim, era mais do que evidente: não estava me sentindo bem. Muito mais tarde viria a compreender que, simplesmente negar a realidade da doença, não é suficiente. É necessário compreender a Verdade sobre a realidade espiritual.
Tive de ser hospitalizada. O diagnóstico do médico não deixava muitas esperanças. Os sintomas indicavam que eu tinha tuberculose ou câncer. Quando os exames de sangue para detectar tuberculose deram negativo, só restou a segunda possibilidade. Foi diagnosticado o câncer pulmonar. Foi aí que concordei em levar a sério o tratamento pela oração, já que os médicos ainda não me haviam receitado nenhum remédio. Foi diagnosticado também câncer no ovário, mas os médicos só contaram a meu marido. A doença estava em estágio tão avançado que eles acharam que o meu caso era irreversível, por isso decidiram me poupar e não me deram essa notícia.
Tomei parte ativa no processo da minha cura. Todos os dias lia artigos do El Heraldo de la Ciencia Cristiana. Repetia versos dos hinos e dos Salmos, especialmente do Salmo 91. Ponderava sobre a “exposição científica do ser” de Ciência e Saúde, (p. 468) que meu marido copiara para eu tê-la sempre à mão. Ela começa assim: “Não há vida, verdade, inteligência, nem substância na matéria. Tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita...”
Minha leitura de Ciência e Saúde passou a tomar outro aspecto. O livro continha idéias que pareciam ter sido escritas para mim. As páginas 390—395 me encorajavam a me rebelar continuamente contra a doença. Como sou advogada, este trecho me animou muito: “Enfrenta as fases incipientes da moléstia com oposição mental tão poderosa como a que um legislador empregaria para impedir a aprovação de uma lei desumana” (p. 390).
Toda vez que me sentia aterrada pelo medo e pela incerteza, meu marido lia para mim uma história do Segundo livro dos Reis na Bíblia (capítulo 6, versículos 15-17). Nessa história, Geazi, o servo de Eliseu, é tomado de medo quando vê que estão cercados pelo exército inimigo. Desesperado, Geazi vai ter com o profeta, que lhe diz: “Não temas, porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles”. Aí Eliseu ora para que Geazi veja com seus sentidos espirituais. Como resultado dessa oração, o servo, com quem me identifiquei, olha mais uma vez e vê que “o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu”. Desde essa época digo com muito carinho que meu marido é “Meu Eliseu”.
Pela primeira vez compreendi a petição na Oração do Senhor, que diz: “Faça-se a Tua vontade”. Antes, eu passava por ela de fininho, com medo de que a vontade de Deus às vezes fosse boa e outras vezes ruim. Mas, finalmente, entendi que Deus é meu Pai-Mãe e, como diz Lucas: “Qual dentre vós é o pai que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir um peixe, lhe dará em lugar de peixe uma cobra? Ou, se lhe pedir um ovo lhe dará um escorpião?” (Lucas 11:11-12). “Faça-se a Tua vontade” só pode significar: “faça-se a alegria”, “façam-se a vida e a luz” “faça-se o bem-estar” “faça-se a felicidade”. Quando o medo da vontade de Deus desapareceu, os sintomas da doença desapareceram. Isso foi uma surpresa para os médicos que confirmaram meu restabelecimento completo.
Hoje sou Cientista Cristã. Todas as dúvidas, temores e dificuldades que tive no início agora me ajudam a compreender melhor aqueles que estão começando a estudar a Ciência Cristã. Já enfrentei situações diferentes dessa primeira que acabo de descrever, mas todas as experiências têm um fator comum: a cura sempre ocorre, não quando me rendo ao medo, mas toda vez que, com compreensão, me coloco nas mãos de Deus. Esforço-me por viver naquele refúgio divino e caloroso prometido em Salmos.
“Cobrir-te-á com as suas penas, e, sob suas asas, estarás seguro...” Salmos 91:4