Bill Evans, o lendário pianista de jazz das décadas de 1960 e 1970, tinha coisas interessantes a dizer sobre execução musical. Uma série do Youtube intitulada A Mente universal de Bill Evans (The Universal Mind of Bill Evans), apresenta uma conversa entre Bill e seu irmão Harry, ambos músicos e professores de música.
Com treinamento em música clássica, Evans acreditava que ninguém deveria se aventurar na experimentação e inovação, sem antes conhecer minuciosamente os fundamentos da teoria musical. Afirmava que muitos de seus alunos somente faziam um arremedo da inovação do verdadeiro jazz, porque não dominavam a teoria musical. Esse domínio, indicou Evans, capacitava o verdadeiro músico a levar a música muito além da imitação, a uma capacidade artística individual. Conforme ele mesmo o colocou: "Eles [seus alunos] tendem a imitar o produto, ao invés de empreendê-lo de maneira realística e verdadeira".
Não pude deixar de estabelecer um paralelo entre o que Evans dizia a respeito da música e o estudo e aplicação da Ciência Cristã. Sem obter um sólido domínio dos princípios básicos dessas duas disciplinas, como pode alguém esperar progredir em seu próprio estilo e senso de maestria? Ponderei sobre esta passagem de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: "Para ser senhor dos acordes e das dissonâncias é preciso compreender a ciência da música. Abandonada às decisões do sentido material, a música está sujeita a ser mal interpretada e a se perder na confusão. Governada pela crença, em vez de pela compreensão, a música é, e não pode deixar de ser, expressa com imperfeição. Assim também o homem, por não compreender a Ciência do ser—por repelir seu Princípio divino como incompreensível—fica abandonado às conjeturas, entregue às mãos da ignorância, deixado à mercê das ilusões, sujeito ao sentido material, que é discordância" (pp. 304, 305).
Quando os fundamentos se tornam uma segunda natureza, o músico está, então, liberado para desenvolver seu próprio estilo de tocar
Compreender as verdades fundamentais da Ciência Cristã, de que o homem e a mulher são expressões espirituais completas da única Mente perfeita, Deus, e de que a desarmonia de qualquer tipo é irreal, coloca-nos sobre solo firme na prática da cura. Dominar os fundamentos básicos da Ciência divina, de que Deus é Tudo e que temos o direito de rejeitar qualquer ideia que pretenda existir fora de Seu controle absoluto, eleva-nos a uma posição da qual podemos enfrentar com confiança os desafios que possam se apresentar a nós ou aos outros. Eles podem ser físicos, financeiros, ou políticos, de natureza pessoal, nacional ou internacional.
Compreender os rudimentos da Ciência do Cristianismo nos proporciona a liberdade de praticá-la à nossa própria maneira individual, sem que nos desviemos da pureza de seus ensinamentos. Da mesma forma, muitos músicos de jazz talentosos nos inspiram com sua expressão individual dos princípios básicos da música e da composição do jazz, cada um contribuindo com seu próprio tom, som e estilo. Bill Evans indica que, quando os fundamentos se tornam uma segunda natureza, o músico está, então, livre para desenvolver seu próprio estilo de tocar. Isso é verdadeiro para a prática da Ciência Cristã também. Nosso "estilo" como sanadores cristãos, a maneira como respondemos aos que vêm até nós em busca de cura, por exemplo, é uma maneira de demonstrar essa Ciência individualmente, à medida que ela chega até nós por meio da Mente universal. Os fundamentos nunca variam, mas nossa expressão desses fundamentos é refinada e ajustada de acordo com a situação que necessita de cura e à medida que nossa compreensão se amplia e se aprofunda.
Os fundamentos nunca variam, mas nossa expressão desses fundamentos é refinada e ajustada de acordo com a situação que necessita de cura e à medida que nossa compreensão se amplia e se aprofunda.
Lembro-me de uma ocasião há alguns anos em que, enquanto fazia alguns trabalhos mecânicos pesados, machuquei minhas costas gravemente. O menor movimento causava uma dor lancinante. Não conseguia sentar ou ficar de pé nem por um minuto e me lembro de estar deitado de bruços no sofá, com o livro Ciência e Saúde apoiado à minha frente. Deparei-me com esta passagem: "A harmonia no homem é tão bela como na música, e a discordância é desnatural, irreal" (p. 304). Apeguei-me a essa ideia, orei com ela, sabendo que meu ser espiritual real era efetivamente espiritual e harmonioso, não sujeito à dor, ao desconforto e ao medo. Em um determinado momento, enquanto persistia nessa verdade, consegui ficar de pé de forma confortável. Na verdade, perguntei-me como a dor havia desaparecido tão rapidamente. Muito embora talvez ainda estivesse um pouco cético, pensando se ela poderia voltar, fui para o trabalho na manhã seguinte e, gradualmente, o receio de que o problema retornasse simplesmente se desvaneceu. A harmonia era realmente a condição verdadeira e a discordância certamente era "desnatural, irreal". A verdade fundamental dessa Ciência me levara a uma compreensão mais inspirada a respeito do meu ser espiritual e, desta forma, trouxe a cura.
Compreender as verdades fundamentais e universais da Ciência Cristã pode trazer cura e harmonia à sua vida também. Você vivenciará as realizações sublimes de descobrir qualidades peculiares de seu ser como a expressão indispensável da perfeição e beleza de Deus.
