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ESPIRITUALIDADE E CURA

Viver sob o prisma da humildade

Da edição de outubro de 2009 dO Arauto da Ciência Cristã


Certo dia, quando cursava o ensino médio e me tornava uma estudante sincera da Ciência Cristã, tive uma conversa com meu pai sobre humildade. Papai me contou haver descoberto que a coisa mais enganadora no que se refere a alcançar progresso espiritual é: ou a tentação de se pensar que alguém esteja mais espiritualmente avançado do que outros, ou que não se está suficientemente espiritualizado para vivenciar a cura. Aconselhou-me a ficar alerta contra o egotismo de se pensar que a compreensão espiritual é pessoal e passível de comparação.

Meu pai também me recomendou um artigo de Mary Baker Eddy, a Fundadora desta revista, intitulado "O Caminho", em que ela escreveu sobre humildade: "Essa virtude triunfa sobre a carne; ela é o elemento propulsor da Ciência Cristã. Ninguém jamais pode se elevar, até que não tenha descido na opinião que tem de si mesmo. A humildade é a lente e o prisma que permitem a compreensão da cura pela Mente; precisamos dela a fim de compreender nosso livro-texto; é indispensável para o nosso crescimento pessoal e indica tanto o plano de seu Princípio divino como a regra para sua prática" (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896, p. 356).

Gostei muito do artigo inteiro assim que meu pai o compartilhou comigo, e realmente me apeguei à idéia da humildade como "o elemento propulsor da Ciência Cristã". Uma vez que começava a sentir um grande desejo de ministrar a cura espiritual, para mim foi bastante encorajador saber que qualquer pessoa disposta a ser humilde, a pôr de lado o ego pessoal e deixar que Deus seja o único Ego divino (como está explicado em Ciência e Saúde, p. 588), poderia se elevar ao auge da cura cristã demonstrável. Isso me pareceu muito factível e fácil de compreender.

O ego humano tenta ser um poder em si mesmo

Contudo, desde aquela ocasião e ao longo dos anos seguintes, descobri que, embora o requisito da humildade fosse suficientemente lógico de se compreender, alcançá-lo não é necessariamente fácil! De fato, às vezes é extremamente espantoso constatar o quão difícil pode ser a luta contra a vontade humana e o "sentido pessoal", acompanhada pelo desejo da aprovação dos outros e do amor ao aplauso. Por outro lado, também pode ser desafiador livrar-se da autocondenação, da autodepreciação e da autopreservação.

O ego humano tenta ser um poder em si mesmo, lutando para se apegar à sua identidade, devido ao medo de que deixe de existir. Às vezes, parece que esse ego preferiria sofrer, ser ferido, esmagado e cheio de limitações, a ceder ao todo poder de Deus. Tenho estado cada vez mais alerta com relação à maneira como esse ego, com e minúsculo, rasteja insidiosamente para dentro do pensamento. Ele precisa ser detectado e extirpado repetidamente, para que um senso de humildade seja preservado e profundamente estabelecido.

O que tem me ajudado é compreender que até mesmo Jesus orava diligentemente para livrar sua missão do sentido pessoal e viver a partir do ponto de vista da humildade pura. De fato, cheguei à conclusão de que Jesus percebia claramente que esse ponto constituía toda sua missão aqui na terra. Era como se ele estivesse modelando para nós "o elemento propulsor da Ciência Cristã". Ele voluntariamente combateu e venceu muitas formas de egotismo.

Por exemplo, embora Jesus tenha sido fruto de nascimento virginal e que tenha havido reconhecimento público de seu papel como o Messias, durante anos ele aparece levando uma existência muito simples como filho de um carpinteiro. Cresceu em uma família tipicamente judaica, antes dos seus três anos de ministério de cura, evidentemente expressando obediência fiel a Deus durante esse "aprendizado".

Jesus enfrentou com humildade as tentações do egotismo

Antes de começar a parte mais conhecida de seu ministério, Jesus passou 40 dias no deserto, jejuando. A Bíblia relata que durante esse tempo, ele foi "tentado pelo diabo", não uma, mas três vezes, de diferentes maneiras (ver Mateus 4:1–11). Isso significa que Jesus teve de vencer diferentes tentações. Considerando-se o quão essencial é a qualidade da humildade para a cura, não é de se admirar que em cada exemplo aprendamos que Jesus lutou contra alguma forma de egotismo.

Ele foi tentado a transformar pedras em pão, a fim de recorrer à sua própria capacidade de suprir suas necessidades. Ele foi tentado a se atirar do pináculo do templo, que pode ser subentendido como o egotismo de possuir uma vida separada de Deus e, portanto, de ter o direito de fazer o que quisesse com ela. Finalmente, foi tentado a se prostrar diante do fascínio do poder e das posses materiais.

Entretanto, em cada um desses casos, Jesus enfrentou com humildade as tentações do egotismo. Suas repreensões estavam fundamentadas nas Escrituras e, em cada caso, ele se recusou a permitir que este escárnio do diabo: "Se és Filho de Deus", fizesse com que ele duvidasse do relacionamento com seu Pai, o Princípio divino. Finalmente, Jesus venceu as tentações, por expressar humildade espiritual. Em outras palavras, somente o egotismo oferece abrigo ao medo, ao orgulho ou a qualquer outra forma destrutiva de ego.

Sentia um pouco de orgulho por ter ficado isenta do problema

Outro exemplo instrutivo a respeito da humildade de Jesus aparece quando um homem vem até ele com uma pergunta importante: "E eis que alguém, aproximando-se, lhe perguntou: Bom Mestre que farei eu de bom, para alcançar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Bom só existe um que é Deus" (Mateus 19:16, 17, conforme a Bíblia King James). "Bom Mestre" é um simples cumprimento, mas não estaria Jesus talvez protegendo seu próprio pensamento contra o orgulho que poderia tentar um sanador? Jesus gentilmente direcionou o pensamento do homem a reconhecer a Deus como bom. Creio que Jesus estava alerta até mesmo contra o mais inocente apelo à bondade pessoal. Ele se recusou a ser visto como a fonte do bem, porque Deus é único e é a única Fonte.

Novamente, no Jardim de Getsêmani, a Bíblia mostra que Jesus ainda enfrentou a vontade humana ou o ego e até orou por humildade. Ciência e Saúde descreve esse episódio assim: "Quando o elemento humano nele lutava com o divino, nosso grande Mestre disse: 'Não se faça a minha vontade, e, sim, a Tua!'—isto é, não seja a carne, mas o Espírito, representado em mim" (p. 33). (Examinar a fundo essa prova de humildade exigiria um outro artigo!)

Os exemplos de como Jesus praticava a humildade têm me ajudado a permanecer diligente em minhas próprias lutas contra o egotismo, como também em meus esforços em ceder cada vez mais à humildade. Por exemplo, há um ano eu viajava por vários países em um programa educacional. Embora algumas pessoas do nosso grupo estivessem sofrendo com problemas digestivos durante as primeiras semanas da nossa viagem, permaneci imune a esse problema. Como estudante de Ciência Cristã, creio no poder da oração para prevenir e curar problemas físicos de todo tipo, e estava grata por poder apoiar em oração aqueles que quisessem. Contudo, acho que também sentia um pouco de orgulho por estar isenta desse problema físico. Era tentador acreditar que isso se devia ao meu próprio estado de pensamento, do tipo "óh, sou tão espiritualizada!"

Então, após um mês de viagem, enfrentei uma semana com os mesmos sintomas que os outros do grupo haviam vivenciado. Isso fez com que eu perdesse alguns pontos no fator orgulho. Contudo, pensamentos de justificação própria vieram rapidamente à tona com este disfarce: "Pelo menos minhas orações têm sido suficientemente eficazes para me permitir acompanhar as atividades do grupo". Sentimentos sobre minha relativa "superioridade espiritual" ainda flutuavam em meus pensamentos.

Certo dia, no final da sexta semana, todos os sintomas do problema digestivo voltaram repentinamente em maior grau do que o esperado. Dirigi-me rapidamente ao quarto de uma colega de viagem e acabei me deitando em sua cama, porque não conseguiria voltar para o meu próprio quarto. A essa altura, todo o orgulho havia desaparecido. Comecei a orar como se fosse uma criança, apenas implorando a Deus por ajuda: "Por favor, mostre-me que Você está aqui, agora mesmo, que nunca houve um momento em que outro poder ou presença estivesse governando".

Poucos minutos depois, minha colega de viagem entrou no quarto. Pedi a ela, com muita humildade, que me ajudasse por meio da oração e ela imediatamente expressou ternura e apoio. Ela me trouxe a Lição Bíblica Semanal da Ciência Cristã e compartilhou comigo a convicção de que todos aqueles sintomas não tinham poder nem realidade, porque não eram sustentados pela lei divina do bem. Embora suas palavras fossem encorajadoras, acho que foi principalmente sua expressão do Amor divino, sem palavras, que trouxe a cura. Foi muito bom conseguir me aconchegar naquele senso do amor maternal de Deus e descansar na compreensão de que ninguém naquela viagem jamais havia decaído espiritualmente ou ficado sem o perfeito cuidado de Deus.

Logo senti um forte impulso de me levantar e de participar de uma aula de culinária com os outros viajantes. Ainda não sentia vontade de comer ou mesmo de cheirar qualquer alimento, mas, mesmo assim, levantei-me e me reuni com o grupo em outra parte do hotel. Em pouco tempo, comia o alimento que a classe havia preparado, e realmente desfrutava dele. Dentro de uma hora, o problema digestivo havia se desvanecido. Depois disso, os sintomas não retornaram.

As lições que aprendi nessa viagem continuaram a dar frutos depois que voltei para casa. No último verão, percebi uma vez mais como é valiosa a humildade, só que dessa vez no papel de sanadora espiritual, orando para outra pessoa. Recebi um pedido de oração de uma estudante do ensino médio, enquanto ela estava no exterior, longe de sua família, e não se sentia bem. Esse cenário pareceu familiar para mim.

Voltei-me à ideia de que a oração científica jamais tem a ver com provar algo para nós mesmos, ou mesmo comprovar que sanador experiente nós pessoalmente somos. Nesse caso, apenas me volvi a Deus de todo o coração para que ajudasse tanto àquela jovem como a mim mesma a sentir Sua gentil presença. Imediatamente, vários hinos do Hinário da Ciência Cristã me vieram ao pensamento. Enviei esses hinos por e-mail para aquela jovem e, mais tarde, soube que ela se sentira confortada e que conseguira retomar todas as suas atividades, inclusive comer normalmente.

Frequentemente sou encorajada pelas palavras proféticas de Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai" (João 14:12). O que isso tem a ver com a humildade? Para mim, significa que, quando seguimos o exemplo de Jesus e recorremos diretamente ao Pai, quando nos rendemos ao único Eu sou ou Ego divino, segue-se como consequência natural o progresso.

Não podemos deixar de ver a saúde e a inteireza em todos, porque isso é o que nosso Pai vê. Nenhuma pessoa pode reivindicar uma posição mais elevada na espiritualidade. A verdadeira humildade vê a todos como humildes. Sob o prisma da humildade, tudo se torna mais radiante.

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