O ser humano se relaciona de muitas maneiras com a natureza: desfruta dela para lazer e educação ou se aproveita dela com o intuito de obter lucros. Muitos aceitam o conceito de que a natureza é composta de seres diversos dentro de uma suposta gradação hierárquica que os classifica desde inferiores até superiores. Nessa ordenação está a raça humana.
Há bastante tempo, filósofos e pensadores de toda índole procuram doutrinar ou sensibilizar a humanidade para que perceba sua integração com a natureza. Da mesma forma, pensadores e profetas religiosos dedicaram boa parte de suas preleçōes à questão da relação do homem com a natureza. A Bíblia enfatiza a igualdade entre os seres humanos, quando declara: “Não nos criou o mesmo Deus”? (Malaquias 2:10). Para mim, conclui-se que, se o homem e a natureza possuem o mesmo Criador, ambos estão, de fato, intimamente relacionados.
Essa proximidade ou união com a natureza pode ser exemplificada da seguinte forma: quando alguém vê uma árvore que lhe prenda a atenção por algum detalhe, ela passa a fazer parte da consciência dessa pessoa. Chamo esse relacionamento de “comunhão na natureza”.
Dói-me na alma ver imagens e notícias de grandes áreas de florestas devastadas, porque sinto como se membros de minha família tivessem sido abatidos em uma guerra desalmada. Entretanto, conforta-me saber que há pessoas que se dispõem a defender as matas e se mobilizam para impedir tais açōes.
Para uma pessoa como eu, que vive no sul do Brasil e participa de uma ONG ambiental, as agressões à Floresta Amazônica podem parecer longínquas e fomentar um sentimento de impotência para alguma açāo efetiva. Nesse sentido, procuro sempre transmitir às pessoas com quem trabalho que nossas mãos podem parecer amarradas, mas nosso pensamento não está e ele pode nos orientar a agir com recursos que estejam ao nosso alcance. O pensamento inspirado pela oração tem alcance ultrageográfico e atemporal. Podemos orar por pessoas e por regiões situadas no outro extremo do país ou do mundo. Somos parte do mesmo universo e, se emitimos pensamentos bons, contribuímos para o bem-estar de toda a humanidade.
Organizações ambientalistas e ecologistas somam esforços para empurrar a humanidade a uma mudança de consciência favorável ao meio ambiente. Essa transformação está em marche e agrega, cada vez mais, pessoas de todos os niveis administrativos e de todas as latitudes geográficas. Assim, aos poucos, surgem açōes concretas no âmbito político-administrativo, novas leis de proteção ambiental e de medidas de repressão aos atos que degradam a natureza.
A sensibilização precisa chegar à consciência do consumidor, em nível individual ou empresarial. Existem diferentes formas de se envolver: deixar de consumir produtos com agrotóxicos, oriundos de desmatamentos, de extrações ilegais e desmesuradas, de áreas ilegalmente ocupadas, ou ainda que envolvam processos que não atentem para o bem-estar dos animais e das comunidades. Já existe farta literatura que orienta os consumidores a optarem por produtos ecologicamente corretos para seu uso pessoal. Também há organizações que ajudam o consumidor por meio da utilização de marcas e selos que identificam os produtos favoráveis ao meio ambiente. Há também supermercados que vendem produtos agrícolas “verdes” aos quais se pode recorrer na compra consciente.
Voltando à questão da oração em favor do meio ambiente, gosto de pensar e aplicar esta explanação que Mary Baker Eddy fez em Ciência e Saúde: “A oração que reforma o pecador e cura o doente é uma fé absoluta em que tudo é possível a Deus—uma compreensão espiritual acerca dEle, um amor abnegado” (p. 1).
É possível comprovar a eficácia dessa oração aplicada às questões da vida diária. Há alguns anos, acordei de madrugada com forte azia estomacal. Pus-me imediatamente a orar a Deus e o que me veio ao pensamento foi a frase citada acima.
Repassei detidamente cada um dos ingredientes da oração eficaz. O primeiro se refere ao que Deus pode fazer. Exige que reconheçamos, com certeza absoluta, que nada Lhe é impossível, pois Ele é onipotente. O segundo ingrediente fundamental é ter uma compreensão espiritual sobre Deus, reconhecendo Sua infinidade, Sua sabedoria e Seu poder supremos. Essa compreensão desvincula o Criador de qualquer aspecto da matéria ou do mal, em qualquer de suas formas, e deixa claro que Deus é Espírito e que Sua criação é espiritual e eterna. O terceiro ingrediente, o amor altruísta, refere-se ao tipo de amor que devemos sentir pelo nosso próximo, pois ao refletir o Amor divino, amamos naturalmente a tudo e a todos sem distinção.
Percebi que deveria melhorar meus sentimentos para com alguns parentes, cujo posicionamento inesperado em meio a uma troca de ideias havia me causado certo desconforto. Meu amor a eles precisava ser abnegado. Quando me sintonizei mentalmente com essas verdades espirituais, a condição física desapareceu e não retornou.
Relatei essa pequena experiência para demonstrar minha convicção no poder curativo da oração metafísica cristã. Aplicar a oração à questão ambiental parece ser algo muito vago, mas quando se substitui o termo pecador por “poluidor, destruidor ou predador”, o enfoque ambiental fica claro. Dos três ingredientes espirituais, parece-me que o “amor abnegado” exigirá mais dedicação. Um cristão lembrar-se-á do mandamento do Mestre: “...amai os vossos inimigos...” (Lucas 6:27), injunção que exige que incluamos a todos em nosso amor e no amor de Deus. Imbuídos desse amor abnegado, nossos pensamentos tocam o pecador, neste caso, o predador e o poluidor, que deixarão de pecar, isto é, de degradar o meio ambiente.
Quanto mais pessoas abraçarem a causa da defesa das florestas pelo instrumento espiritual que o Cristianismo oferece, a oração científica, mais sinais efetivos de mudança veremos na consciência da humanidade, o que se refletirá em um cuidado mais harmonioso para com a natureza.
