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Matéria de capa

Não há interrupção no bem

Da edição de setembro de 2009 dO Arauto da Ciência Cristã


Existem muitas frases peculiares ao inglês-australiano e uma das minhas favoritas é: “good on you” ou, mais precisamente em australiano, se diz: “good on-ya”. É usado quando alguém alcança algo ou faz uma boa açāo e é comparável tanto ao britânico como ao americano “muito bem”. O que mais me chama a atenção na expressão australiana é que ela é quase uma bênção, significando “que o bem venha sobre você”.

Todos nós reconhecemos o bem. Em geral é o que desejamos genuinamente para nós mesmos e para os outros. Contudo, o termo o bem é muito mais abrangente e existem muitos aspectos sobre o que o bem realmente é.

Em sua definição espiritual, o bem é um dos termos para Deus e a Bíblia confirma isso do começo ao fim. Por exemplo, um versículo dos Salmos que se refere a Deus, afirma: “Tu és bom e fazes o bem” (Salmos 119:68). Portanto, o bem está presente, é permanente e é tão real e indestrutível quanto Deus. Contrariamente ao conceito frequentemente aceito, o bem não é parcial, não é inconstante e não é frágil. Ele é sólido, perceptível, é a realidade espiritual. Ele não apenas está ao nosso redor, mas é a nossa substância essencial, a realidade do nosso ser como filhos de Deus. Somos a imagem do bem. Ele é tudo o que podemos ser, ver e vivenciar. Nele não há separação nem oposição, embora o seu suposto contrário seja chamado o mal. Mary Baker Eddy escreveu em um sermão intitulado Christian Healing (A Cura Cristã): “Deus é Tudo, e está em tudo: isso encerra a questão de que a existência tenha um lado bom e um lado mau” (p. 10). De acordo com os fatos espirituais do universo, inclusive o homem, Deus, ou o bem, está em toda parte e, portanto, o mal não está em nenhum lugar, não ocupa nenhum espaço, não tem poder, autoridade nem existência. O mal somente parece existir na mente mortal, que é, em si mesma, uma ilusão. A Mente Divina, Deus, ou o bem, não inclui nada dessemelhante de si mesma.

O mal representa um pensamento obscuro, como uma névoa

Embora tal névoa pareça se infiltrar em nossa vida, ela jamais pode se tornar nossa vida. Seria como um um jardim de lindas rosas envolto pela névoa da manhã, mas a névoa não se torna parte do jardim. Ela finalmente desaparece sob o sol. Contudo, quando alguém olha para esse jardim enevoado, ou vivencia alguma forma de mal passageiro, talvez seja difícil ver a radiante verdade. A doença, defeitos de caráter latentes, a frustração no trabalho, a pobreza, todos esses tipos de situações podem ser muito convincentes de que o mal seja real e, até mesmo, permanente.

Só existe uma coisa mais convincente e capaz de nos mostrar que a condição do universo é constante e eternamente boa. É o Cristo. O Cristo é a Verdade. É o que Deus sabe e ama sobre Sua criação. O Cristo, a mensagem de Deus acerca do bem, transmite verdades à nossa consciência, que destroem as mais assustadoras sugestões de doenças e discórdias, e as mais enraizadas crenças sobre nossa condição como mortais, vulneráveis, passíveis de ser consumidos.

A atividade convincente do Cristo, a terna certeza de que Deus está no controle de tudo, ocorre em nossa consciência por meio da oração profunda e consagrada. Esse tipo de oração, que objetiva destruir as pretensões do mal, é o tratamento da Ciência Cristã, que sustenta o bem e está de acordo com ele.

Não há interrupção do bem

Durante o tratamento da Ciência Cristã, o pensamento se abre completamente para Deus e se fecha para os sentidos físicos. Mary Baker Eddy declarou em Ciência e Saúde: “O Espírito, Deus, é ouvido quando os sentidos estão calados” (p. 89). Ouvir os pensamentos angelicais de Deus, aqueles de esperança e cura, é uma parte importante do tratamento. Essa quietude talvez não nos sobrevenha de forma imediata, devido à recorrente persistência do barulho de um sentido mortal das coisas, mas se insistirmos no que é o correto, a fim de comungarmos silenciosamente com nosso Pai-Māe, o caminho se abre para as ideias afáveis e sanadoras. Nada se compara com esse tipo de persuasão celestial quando ela surge. Sabemos que essa influência divina provém de Deus e que é aplicável a todos. Ela concede um tipo especial de elevação ao pensamento e ao coração, e nos transforma.

Durante o tratamento, deduções lógicas relacionadas às verdades metafísicas nos vêm à mente frequentemente, de forma natural. Alguns fatos espirituais úteis, com os quais podemos orar, incluem: Deus é Tudo o que há. Deus é Vida. A Vida é eterna, vital, consistente, boa. Deus é o Bem. Deus é tudo. Não há nada dessemelhante da Sua totalidade, da Sua bondade. Não há nenhuma interrupção do bem, nenhuma ausência do bem. A Verdade é real, substancial, confiável, boa. Assim é a Vida! Deus, o bem, é Vida, Verdade. E assim por diante.

Toda vez que nos volvemos a Deus, algo novo e promissor nos acontece

Raciocinar dessa forma e compreender a Deus por meio destes sete sinônimos que Mary Baker Eddy incluiu em Ciência e Saúde: “Vida, Alma, Espírito, Princípio, Amor, Verdade, Mente” (ver p. 587) traz um senso mais pleno da natureza de Deus e sentimos Sua proximidade. Naturalmente, toda vez que nos volvemos a Deus e ouvimos Suas ideias sanadoras, algo novo e promissior nos acontece. Após uma seçāo completa com essas verdades purificadors e poderosas, como também uma negação total e específica do mal, o tratamento pode ser concluído com a gratidão pelo que Deus é e está revelan-do a Seus filhos. É uma boa ideia reivindicar com determinação que o tratamento é irreversível, completo, final e eficaz. Nunca dois tratamentos são iguais, pois eles se originam na Mente divina e não em nós. Eles ocorrem dentro da totalidade da Mente e representam a verdade das atividades da Mente. No tratamento, cedemos completamente ao bem que é Deus, pois tudo o que Deus causa é o bem inalterável. Isso é a Mente revelan-do a si mesma.

Frequentemente, comparo um tratamento com um refrescante mergulho em um lago seguro e cintilante e, tal como um lago, o tratamento tem de ter seus perímetros. Há um término ao tratamento, embora as bênçãos dele provenientes permaneçam conosco. Como resultado do tratamento, os fatos acerca da natureza eterna e verdadeira do bem são comprovados.

Orei para compreender que o bem é a lei universal de Deus

Quando nossos filhos eram bem pequenos, moramos por algum tempo na Holanda. Logo depois que nos mudamos para lá, perguntei a uma vizinha se ela conhecia alguém que gostaria de me ajudar, uma vez por semana, no serviço da casa e a cuidar das crianças. Ela se referiu, com algumas restrições, a uma senhora daquele lugarejo. Dizia-se que essa senhora havia perdido sua filhinha em um atropelamento causado por carro que passava em frente a sua casa. A mãe, Annie, sofria de depressão desde o acidente (o problema dela fora descrito como um colapso nervoso). Marcamos uma entrevista e, durante nossa conversa, ela estava tão esquiva que não conseguia olhar para mim. De fato, seu olhar não se desviava do chão, e sua expressão era tão triste que sua boca estava bastante decaída. Embora eu nunca tivesse me deparado com tamanha tristeza, senti-me impelida a contratá-la.

Estava acostumada a orar diariamente e minhas orações, embora não especificamente dirigidas à Annie, incluíam nosso lar. Na oração, afirmava que o lar, como uma ideia espiritual, não era apenas a expressão de Deus, mas a própria atividade de Deus. Portanto, tudo o que estivesse incluído nele e em torno dele era bom. Orei para compreender que o bem é a lei universal de Deus. Ninguém está excluído de sua harmoniosa jurisdição. Tal como diz um verso deste hino:

“O Rei do Amor é meu Pastor,
Que sempre tem bondade;
Eu dEle sou, Deus é Senhor,
P'ra toda a eternidade”.
(Hinário da Ciência Cristã, 330)

Todos possuem esse Pastor amoroso e protetor.

Aos poucos, a névoa que parecia envolvê-la começou a dissipar

Annie e eu trabalhávamos lado a lado. Muito embora durante aqueles primeiros meses na Holanda meu holandês fosse limitado, e o inglês dela inexistente, descobrimos maneiras de nos comunicar. Eu gostava muito do modo como ela esfregava tudo até que o brilho aparecesse! Aos poucos, a névoa que parecia envolvê-la começou a dissipar. Ela começou a dar uma parada em casa com sua bicicleta, mesmo quando não estava me ajudando, e se oferecia para pegar alguma coisa no mercado. Ela trazia flores da floricultura, biscoitos quentinhos do vendedor do mercado e a correspondência da caixa do correio. Minha vizinha me contou que a Annie adorava trabalhar para nós. Ela achava que não conseguia fazer o suficiente para nós! Observá-la era como observar o desabrochar de uma flor.

Quando surgiu uma viagem para meu marido e eu, pareceu-me muito natural perguntar a Annie se ela tomaria conta de nossos filhos durante a semana em que estaríamos fora. Não achei muito importante o pedido que lhe fiz, mas tive receio que ela tivesse me entendido mal, devido à sua reaçāo. Ela começou a chorar e saiu rapidamente. Novamente, orei para confirmar o poder presente do Amor, alcançando cada um de Seus filhos. Orei para reconhecer que o progresso e a felicidade que eu havia percebido nessa amiga não podiam ser temporários nem frágeis.

O bem é o poder

No dia seguinte, ela ligou e pediu que eu fosse até sua casa. Ela me levou para o andar de cima para me mostrar uma pequena cama e um berço, tudo preparado para receber nossos filhos. (Ela havia feito várias modificações, pois ela mesma tinha três filhos). Queria que eu visse como nossos filhos seriam bem-vindos a sua casa e quão bem tratados seriam ali. Ela também queria que eu soubesse que, quando eu lhe pedira para tomar conta dos nossos filhos, ela se sentiu liberta da torturante culpa e depressão que vivia devido à perda de sua própria filha. Compreendeu que sua tristeza a impedia de ser uma boa mãe para seus filhos e que ainda valia a pena viver. Ela estava abismada pelo fato de que a considerávamos digna de confiança. Suas lágrimas na noite anterior haviam sido lágrimas de alívio e felicidade!

Quando Jesus alimentou as multidões, está claro que sua gratidão e expectativa do bem proveniente de Deus estavam tão ativas em sua consciência, que o bem se multiplicou a fim de atender à necessidade de todos; e assim o fez na proporção de seu amor.

Um ano e meio depois que mudamos da Holanda para a Inglaterra, Annie teve aulas de inglês e em uma auto-escola. Sua família comprou o primeiro carro e, vários anos depois, vieram para ficar conosco, após voltarmos de mudança para os Estados Unidos. Ela era agora uma senhora transformada, com uma nova perspectiva.

O bem é poder. A história de Annie me faz lembrar de uma simples verdade de Ciência e Saúde: "...o bem não é impotente..." (p. 207). Deus realmente não deixa ninguém fora de Seu amor. O bem não é uma variável; ele nos encontra. É uma lei que se aplica a situações semelhantes à que eu acabei de relatar, bem como a problemas de saúde, questões financeiras ou a qualquer outra situação onde o bem parece reduzido ou ausente. Exatamente ali, onde a necessidade está, o bem está presente, discernível e pronto para abençoar.

Deus é inteiramente bom

A oração revela o bem. Nossa prontidão e disposição para percebê-lo também são fatores importantes. Temos de anular quaisquer dúvidas sobre a disposição e a habilidade de Deus de nos prover o bem. Quando Jesus alimentou as multidões, está claro que sua gratidão e expectativa do bem proveniente de Deus estavam tão ativas em sua consciência, que o bem se multiplicou a fim de atender à necessidade de todos; e assim o fez na proporção de seu amor. Uma declaração prática em Ciência e Saúde confirma isso: "Mantém o pensamento firme nas coisas duradouras, boas e verdadeiras e farás com que elas se concretizem na tua vida, na proporção em que ocuparem teus pensamentos" (p. 261).

Deus é inteiramente bom. Seu amor por Sua criação nos impele a ver o bem, a reconhecê-Lo. O bem que expressamos nos capacita a ter a plena expectativa do bem, e somente do bem!

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