Embora muitas pessoas frequentemente acreditem que precisam de mais dinheiro, melhor saúde, de longas férias ou de algum descanso, a Bíblia indica que uma das maiores necessidades da humanidade é de mais vigor! Por que vigor? Porque a maioria dos problemas na vida são atribuídos à fraqueza.
De acordo com várias fontes, a palavra grega no Novo Testamento para fraqueza (asthenes) tem estes múltiplos significados: enfermidade, pecado, doença e pobreza. A declaração de Jesus: “...a carne é fraca” (Marcos 14:38) expande o significado da palavra fraqueza para incluir toda a vida mortal.
Mesmo quando concluímos que a fraqueza seja o fundamento de um senso de vida carnal, baseado na matéria, podemos encontrar o remédio divino para a fraqueza quando nos volvemos para o próprio começo da Bíblia, que expõe: “...o Espírito de Deus pairava por sobre as águas” (Gênesis 1:2). Espírito é o oposto de matéria. O atributo principal do Espírito é força e essa força anula as fragilidades da matéria. O profeta Miquéias reconheceu isso quando exclamou exuberantemente: “...estou cheio do poder do Espírito do Senhor” (Miquéias 3:8).
O talmude hebraico, uma coleção de escritos rabínicos antigos sobre a lei e a tradição judaicas, compara o Espírito com a mãe pomba que voeja sobre seus filhotes, quando interpreta o versículo do Gênesis desta maneira: “O Espírito de Deus pairava por sobre a face das águas, como uma pomba”. Talvez os escritores hebraicos tenham interpretado esse versículo dessa maneira, porque o significado da palavra hebraica para pairar (rachaph) significa também: “agasalhar, proteger, sustentar”.
Contudo, a ideia da maternidade do Espírito se torna mais terna e, simultaneamente, mais forte, quando a Bíblia usa a imagem da águia como o símbolo para Espírito. A águia fêmea é conhecida por suas características maternais. Ainda assim, a águia fêmeas é muito forte. As fêmeas são maiores do que os machos. Por isso, as fêmeas são fisicamente mais fortes e mais bem equipadas para proteger o ninho.
A ideia da maternidade do Espírito se torna mais terna e, simultaneamente, mais forte, quando a Bíblia usa a imagem da águia como o símbolo para Espírito. A águia fêmea é conhecida por suas características maternais. Ainda assim, a águia fêmea é muito forte.
Cristo Jesus talvez estivesse usando essa imagem para transmitir a influência poderosa e salvadora do Espírito sobre as fraquezas da vida humana, quando proferiu estas palavras: “Onde quer que o corpo esteja, para ali se ajuntarão as águias” (Lucas 17:37, conforme a versão King James). É importante observar que essas palavras estão registradas no Evangelho de Lucas, caracterizado principalmente pela cura e pela oração, temas que são mencionados em média duas vezes mais frequentemente nesse Evangelho, do que nos outros. A oração e a cura são ideias complementares e mutuamente dependentes. As palavras de Jesus fazem a conexão entre esses dois temas e os explicam.
Sabemos que grande parte do uso que Jesus faz do simbolismo provém do seu conhecimento do Velho Testamento. É aí que descobrimos o que ele queria dizer sobre as águias se ajuntando em torno do corpo. Quatro textos no Velho Testamento usam a águia como um símbolo para a força do Espírito. Por exemplo, no livro do Êxodo, Deus Se compara a uma águia livrando os filhos de Israel da servidão egípcia: “Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águia e vos cheguei a mim” (19:4).
Durante o período em que os israelitas foram mantidos como escravos no Egito, suas vidas eram cheias de trabalho duro e exaustão. Os egípcios erigiam monumentos aos mortos com tumbas em forma de pirâmides e até mesmo sua bem conhecida coleçāo de escritos sagrados era chamada O Livro dos Mortos. Para os filhos de Israel, o Egito simbolizava exaustão e, até mesmo, morte. Mas, como as asas carinhosas de uma águia, o amor do Espírito libertou os israelitas do Egito e os levou rumo à vitalidade da força e da vida espiritual.
Após sua fuga da escravidão egípcia, os israelitas se encontraram de imediato necessitando provisões para alimentar e sustentar a vida no deserto estéril. De novo, o mesmo Espírito de Deus maternal os sustentou como uma águia: “Como a águia desperta a sua ninhada voeja sobre os seus filhotes, estende as asas e, tomando-os, os leva sobre elas, assim só o Senhor... o fez (Israel)... comer as messes do campo, chupar mel da rocha... [beber] coalhada de vacas e leite de ovelhas, [comer] com a gordura dos cordeiros, dos carneiros que pastam em Basã e dos bodes, com o mais escolhido trigo e bebeste o sangue das uvas...” (Deuteronômio 32:11-14). Essa passagem ilustra maravilhosamente como os atributos do Espírito semelhantes ao da águia livrou os israelitas da morte e os alimentou para a força e vida, mesmo em meio a uma “terra deserta” (Ibidem 32:10), onde não havia nenhuma comida ou água.
Um outro atributo importante da águia que ilustra ainda mais a natureza do Espírito está realçado no Salmo 103. Podemos perceber que existe uma ligação entre esse salmo e o texto de Deuteronômio porque esse salmo explica que Deus nos sustenta, nos cura e restaura nossa juventude. “Bendize, ó minha alma, ao Senhor ... quem sara todas as tuas enfermidades ... quem farta de bens a tua velhice, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia” (Salmos 103:1, 3, 5). Aqui a águia está relacionada com a mocidade, uma característica associada com a nova plumagem da águia após a muda. Isso lança mais luz sobre as palavras de Jesus. Talvez sua alusão ao ajuntamento das águias em torno do corpo indique que os atributos do Espírito restauram a juventude, como também a saúde ao corpo.
O último texto é de Isaías 40:31, que diz: “...mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam”. O uso que Isaías faz da palavra fatigar pode ser comparado com as palavras de Jesus: “Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer” (Lucas 18:1).
Interpretados como uma ideia completa, os pensamentos de Jesus com relação às águias poderiam ser lidos assim: “Onde quer que o corpo esteja, para ali se ajuntarão as águias... os homens deveriam sempre orar, e não esmorecer”. As palavras de Jesus parecem então parafrasear as de Isaías: “sobem com asas como águias... caminham e não se fatigam”. Para mim, a declaração de Jesus: “Onde quer que o corpo esteja, para ali se ajuntarão as águias”, sugere que é o amor cuidadoso do Espírito, que libertará o corpo da fraqueza do trabalho opressivo, levantará da morte para a força da vida e então alimentará e sustentará essa vida mesmo sob as mais extremas condições de privação.
A ideia de que a força espiritual contra-ataca a fraqueza humana ressoa através de toda a Bíblia. Ela nos assegura que a açāo do Espírito torna a atividade física vigorosa, inclusive nos libertando das aflições, por mais malignas que pareçam ser.
Em resumo, a ideia de que a força espiritual contra-ataca a fraqueza humana ressoa através de toda a Bíblia: o Êxodo mostra como o Espírito nos eleva para a força e a vida. Deuteronômio descreve como o Espírito nos alimenta. O livro de Salmos ilustra que o Espírito de Deus restaura a saúde e a juventude como a das águias. O texto de Isaías simboliza a capacidade do Espírito de acelerar o tempo das atividades humanas sem provocar cansaço ou esmorecimento. Em outras palavras, a Bíblia nos assegura que a açāo do Espírito torna a atividade física vigorosa, inclusive nos libertando das aflições, por mais malignas que pareçam ser.
Todos podem, por meio da oração e compreensão dessas verdades bíblicas, desfrutar do vigor e da liberdade que o Espírito transmite constantemente a toda sua criação.
