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REFLEXÃO

A essência do perdão

Da edição de novembro de 2011 dO Arauto da Ciência Cristã


As colunas de aconselhamento publicadas em muitos jornais oferecem uma interessante vitrine para os desafios nos relacionamentos. Alguns redatores talvez estejam em busca de uma avaliação, independentemente de considerar quem está certo ou errado em uma determinada situação. Outros talvez estejam à procura de maneiras que ajudem a reatar um relacionamento e, na maioria das vezes, as cartas se concentram mais em quem foi o primeiro a ofender, ou qual ofensa foi mais clamorosa, quem deve a quem desculpas, ou se qualquer quantidade de arrependimento é suficiente para corrigir uma determinada afronta.

Não é preciso ler atentamente essas colunas para concluir que as pessoas desperdiçam uma quantidade excessiva de tempo para pôr a culpa uns nos outros ou ficarem magoadas pelas atitudes (ou falta de atitudes) daqueles ao redor delas. Talvez não nos tenhamos dado conta de que as questões que envolvem causar danos ou censurar os culpados sejam as que mais precisemos enfrentar, mas certamente elas são comuns. A forma como lidamos com essas questões pode ter uma influência marcante, tanto em nossa saúde como em nossa felicidade. Guardar rancor ou um sentimento de raiva não ajuda a resolver um problema de relacionamento. Portanto, o que podemos fazer quando alguém nos causa algum dano? Como superamos nossas mágoas e encontramos uma forma de perdoar?

A responsabilidade por se sentir magoado é da própria pessoa

Jesus mostrou claramente como lidar com as ofensas dos outros: perdoar, perdoar e novamente perdoar, mesmo quando somos tratados injustamente, sem nenhuma precondição nem exigência de arrependimento por parte do ofensor. Jesus instruiu seus seguidores a amar seus inimigos, abençoá-los, orar por eles e perdoá-los. Mas como podemos obedecer a esses mandamentos quando sentimos raiva, mágoa ou estamos confusos? É preciso mais do que apenas obediência para satisfazer a essa exigência, uma vez que o perdão não pode ser concedido apenas porque foi solicitado; o genuíno perdão vem do coração.

Um artigo de Mary Baker Eddy em Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883-1896, explica como o perdão entre as pessoas deveria ocorrer: "Castigar a si mesmo pelas faltas dos outros é a maior loucura. a flecha mental que sai do arco de outra pessoa é praticamente inócua, a não ser que nosso próprio pensamento lhe afie a ponta. É nosso orgulho que torna irritante a crítica dos outros, é nossa vontade própria que torna ofensiva as ações dos outros, é nosso egotismo que se ofende com a manifestação do ego dos outros. Devemos, sim, ficar sentidos por nossas próprias faltas; mas não podemos dar-nos ao luxo de sentir-nos infelizes pelas faltas dos outros" (pp. 223-224).

Essa é uma solução radical ao desafio de encontrar o perdão em nosso coração: recusarmo-nos, em primeiro lugar, a nos sentir ofendidos. Embora a maioria das pessoas geralmente ponha a culpa da ofensa no ofensor, esse artigo explica que a responsabilidade de se sentir magoado é da própria pessoa. Consequentemente, a beleza desse texto está no fato de que ele mostra que a solução está inteiramente nas mãos da própria pessoa.

Quanto mais vemos o homem como ele verdadeiramente é, mais fácil será amarmos e mais desnecessário perdoarmos

Os Cientistas Cristãos compreendem que os desafios que enfrentam são apresentados ao pensamento como sugestões, que podem ser aceitas ou rejeitadas. Uma ofensa só existe quando aceitamos que há um ofensor, um mortal imperfeito que pretende nos prejudicar ou que nos deseja o mal. Mas se Deus criou o homem à Sua própria imagem, que é inteiramente boa, como pode existir tal ofensor? A resposta simplesmente é: não pode. Quando, de fato, nos deparamos com um ofensor, isso somente indica nossa falha em vê-lo como Deus o vê, e não uma falha (como talvez possamos considerar) na outra pessoa. A cura ocorre quando rejeitamos o testemunho da mortalidade, da limitação e da imperfeição do homem, e o substituímos pela evidência espiritual de sua natureza e inteireza divinas.

A cura não vem pelo exercício da vontade humana em ser paciente e resignado ou pelo arrependimento do "ofensor"; ela se manifesta pela nossa disposição de abandonar a crença de que o reino de Deus seja habitado por ofensores, e de substituir essa falsa crença pela convicção da perfeição do homem.

O único lugar em que um conceito errôneo pode ser tratado e curado é no nosso próprio pensamento, e é aqui que rejeitamos uma visão limitada a respeito do homem e a substituímos com o que Deus sabe sobre Sua criação. A Sra. Eddy escreveu: "Quem é teu inimigo, para que devas amá-lo? Acaso é uma criatura ou alguma coisa fora da tua própria criação?

Porventura podes ver um inimigo, a não ser que primeiro o concebas e depois contemples o objeto de tua própria concepção"? (Miscellaneous Writings 1883-1896, p. 8). A cura não vem pelo exercício da vontade humana em ser paciente e resignado ou pelo arrependimento do "ofensor"; ela se manifesta pela nossa disposição de abandonar a crença de que o reino de Deus seja habitado por ofensores, e de substituir essa falsa crença pela convicção da perfeição do homem. Quanto mais vermos o homem como ele verdadeiramente é, mais fácil será amarmos e mais desnecessário perdoarmos.

A essência do perdão brota do coração do amor

Isso talvez pareça, à primeira vista, demasiadamente teórico, mas é eminentemente prático.

Quando, em minha própria experiência, lutava para me libertar da mágoa e da raiva, frequentemente conseguia perdoar algo que considerava errado, mediante a simples obediência à exigência cristã. Nos dias em que estou melhor, descubro a boa vontade em meu coração para honestamente perdoar como eu gostaria de ser perdoado, e de libertar o ofensor e a ofensa em meu pensamento. Mas, ambos os casos talvez envolvam uma reação humana mais ou menos generosa a uma ofensa aparentemente real. Ao longo dos anos, tenho descoberto que a paz mais segura e a cura verdadeira vêm quando consigo enxergar a outra pessoa da maneira como Deus a vê: pura, inocente, sem pecado ou maldade. Esse ponto de vista me permite ser mais facilmente obediente ao mandamento de Jesus de perdoar de forma rápida, sem exceções e incondicionalmente, uma vez que nem o ofensor nem a ofensa existem na visão divina. Enquanto persistirmos em julgar nosso próximo, ao invés de aceitar sua natureza espiritual, continuaremos considerando o perdão como um desafio.

O fundamento do perdão está no amor que Deus tem por Sua criação, e a remissão vem mais facilmente quando permitimos que esse amor entre em nossos corações, em vez de procurarmos conseguir isso exercitando somente a boa vontade.

O perdão não é uma dispensação generosa que concedemos a um ofensor reformado, mas uma recusa em ver a nós mesmos como vítimas e aos outros como vilões. O verdadeiro perdão resulta do fato de percebermos que na realidade divina nunca existe a necessidade de perdão. O aparente pecado e o pecador são um só, e precisam ser vencidos no pensamento, a fim de serem curados. O fundamento do perdão está no amor que Deus tem por Sua criação, e a remissão vem mais facilmente quando permitimos que esse amor entre em nossos corações, em vez de procurarmos conseguir isso exercitando somente a boa vontade. As pessoas não precisam merecer nosso amor, porque ele não é nosso para distribuí-lo; ao contrário, expressamos o abundante amor que Deus tem por toda Sua criação. A essência do perdão brota do coração do amor e, à medida que aprendermos a expressar melhor o amor com o qual Deus abençoa a humanidade, nós nos descobriremos maravilhosamente livres da necessidade de perdoar.

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