O que podemos fazer quando as condições econômicas nos fazem sentir como se estivéssemos sendo esmagados por paredes? Quer seja na tentativa de pagar o valor crescente de uma hipoteca ou de impedir o acúmulo das dívidas devido à perda do emprego, ou de meramente colocar comida na mesa, algumas vezes, parece que simplesmente não temos o suficiente para o que necessitamos.
Os desafios econômicos pessoais, bem como aqueles difundidos pelos meios de comunicação, como a dívida entre as nações ou o impacto monetário decorrente de desastres naturais, tentariam reforçar a ideia de que a vida seja material e sujeita a circunstâncias que estão fora do nosso controle. Entretanto, a Ciência Cristã nos ajuda a compreender que nosso bem-estar não está vulnerável às forças naturais destrutivas ou a ilícitos praticados pelas corporações ou pelos governos. Não importa o quão pessoal ou trágico tudo isso pareça, podemos nos recusar a nos conformar com essas evidências, por meio do fortalecimento de nosso senso espiritual e, assim, alcançar uma perspectiva divina sobre a vida. A oração nos leva a um patamar mais elevado de convicção espiritual, no qual sentimos a profunda firmeza de propósito de que o próprio Deus é Vida e que, portanto, Ele é nossa própria Vida. Podemos nos sentir seguros com esse pensamento que também possibilita envolver a comunidade e o mundo em um mesmo amor e em uma mesma compreensão.
A epístola de João declara: "Deus é amor" (1 João 4:8). Essa simples frase de três palavras tem implicações profundas. Deus é o Amor divino, a única Causa verdadeira universal e o único Criador. O Amor preserva e sustenta a vida e assegura o equilíbrio, a constância, o bem que nunca diminui e o progresso, mediante a lei espiritual sempre em ação. Portanto, a economia não é meramente um sistema humano frágil, mas é a boa vontade ilimitada e sempre fluente de Deus para Sua criação. Uma descrição inspirada dessa economia divina pode ser encontrada em Ciência e Saúde, conforme Mary Baker Eddy escreveu: "O Espírito alimenta e veste devidamente todos os objetos, à medida que aparecem na ordem da criação espiritual, exprimindo assim ternamente a paternidade e maternidade de Deus" (p. 507).
Essa perspectiva, embasada na oração, capacita-nos a reconhecer a plenitude de Deus como estando exatamente aqui, agora mesmo, em nossa rua e em todo o globo. O Novo Testamento explica que em Deus "vivemos, e nos movemos, e existimos" (ver Atos 17:28). A presença de Deus é a única substância verdadeira, que nunca pode ser acumulada, desperdiçada, mal gerida ou esgotada. O homem e a mulher são o reflexo incessante da bondade radiante do Amor e todos nós possuímos a condição de "abençoados de Deus".
Qualquer remorso que possamos sentir sobre erros cometidos ou seus efeitos econômicos persistentes em nossa vida, pode desaparecer do pensamento e da experiência em face a nossa afirmação e expressão individual diária da bondade de Deus.
Saber isso me ajudou durante os períodos em que estive desempregado. Ao procurar trabalho, criei o hábito de afirmar as inúmeras maneiras pelas quais Deus já estava provendo tudo para mim, como também para todos ao meu redor. A gentileza e a boa vontade de estranhos, as prateleiras bem supridas de alimentos no mercado local, a mãe dedicada (ou, em meu caso, o pai) devotando um tempo precioso a seus filhos, até mesmo as abelhas trabalhadoras que observava trazendo mel para as colmeias no meu quintal, tudo isso apontava para o fluxo mais profundo e incessante do amor e das bênçãos de Deus como fontes de emprego e de uma economia saudável. Esses exemplos elevavam minha percepção e me ajudavam a entrever, em meio às circunstâncias desanimadoras, a certeza de que Deus já sabia tudo o de que eu necessitava e o supria a cada momento.
Uma experiência marcante aconteceu há alguns anos. Após completar alguns trabalhos no mestrado, decidi mudar de carreira profissional. De volta para casa e vivendo com minha família, às vezes ficava tentado a me sentir como um estranho, separado do mercado de trabalho, um espectador ocioso em uma economia dinâmica. Estava sem quaisquer perspectivas ou ideias claras a respeito do próximo passo a tomar. Certamente, passava grande parte do meu tempo livre orando para ver essa situação a partir de uma perspectiva espiritual, Compreendi que eu estava plenamente colocado por Deus, e que, como Seu filho, estava sempre onde Ele desejava que eu estivesse, fazendo aquilo que Ele queria que eu fizesse, sendo o que Ele desejava que eu fosse, e recebendo tudo o que eu necessitava diretamente dEle. Nessa ocasião, tomei as providências humanas para me candidatar a uma vaga de emprego nas empresas locais, pronto e disposto a ser útil.
Certa manhã, recebi um telefonema interurbano de alguém que me convidou para trabalhar como estagiário em uma área que era completamente nova para mim. Eles souberam da minha disponibilidade por meio de um amigo meu. Vi essa nova oportunidade como uma resposta às minhas orações e aceitei-a alegremente.
Durante esse estágio, recebia uma ajuda financeira muito pequena, que incluía hospedagem e pensão completa. Era bem pouco, especialmente para alguém que tinha o empréstimo da faculdade para pagar a cada mês, juntamente com o seguro do carro e outras despesas pessoais. Entretanto, consegui pagar minhas contas e, para mim, essa experiência se tornou um sinal da abundância de Deus satisfazendo minha necessidade. Meu novo trabalho se transformou em um momento abençoado e cheio de proezas. Nem por um momento fiquei remoendo meu modesto salário ou comparando-o ao dos meus amigos e colegas que, fora da escola, estavam ganhando dez vezes aquele valor. Achava que minha experiência era única para mim e uma confirmação natural da verdade que estivera afirmando.
Tornei-me uma grata testemunha das bênçãos de Deus e reconheci que parte da minha compensação pelo trabalho incluía a generosidade dos outros, a alegria da amizade e a beleza do mundo natural onde trabalhava. Essa experiência foi um modesto lembrete para mim a respeito de como a provisão de Deus pode fluir até nós através de canais completamente inesperados.
Nossa herança como filhos e filhas de Deus oferece a doce certeza de que nunca estamos separados do que nos é necessário. Na proporção em que a verdade instila em nós a medida plena do amor de Deus, podemos jubilosamente compartilhá-lo com o mundo ao nosso redor, por meio da nossa vida e do nosso trabalho. Podemos consistentemente aceitar nossa unidade com Deus e levar em consideração nossos bens espirituais, tais como: amor, alegria, inteligência, energia e coragem. Isso não é um mero exercício mental, mas a utilização do bem que é inerentemente nosso.
Qualquer remorso que possamos sentir sobre erros cometidos ou seus efeitos econômicos persistentes em nossa vida, pode desaparecer do pensamento e da experiência em face a nossa afirmação e expressão individual diária da bondade de Deus. Podemos utilizar esses bens espirituais nas oportunidades que surgem, à medida que ficamos atentos às maneiras de dar e de ser útil.
Existe uma história tocante na Bíblia sobre um jovem e sua mãe, uma serva chamada Agar, que deu à luz um menino para o patriarca do Antigo Testamento, Abraão, e sua esposa Sara. Após o nascimento de seu próprio filho, Sara pede a Abraão que a serva, juntamente com seu filho, sejam mandados embora da casa. Consequentemente, Abrão decide enviar a mãe e o menino para o deserto, abandonando-os à própria sorte.
Quando a água e o alimento acabam, desesperada com a situação, Agar esconde o filho embaixo de um arbusto para não ouvir o choro do bebê. Nesse momento, ela ouve a voz de Deus dizendo-lhe: "Ergue-te, levanta o rapaz, segura-o pela mão, porque eu farei dele um grande povo". Então, o relato continua: "Abrindo-lhe Deus os olhos, viu ela um poço de água" (Gênesis 21:18, 19). Ela dá de beber ao filho e ambos se sentem sustentados. Seu filho mais tarde realmente se torna o pai de uma nação, como Deus prometera. No deserto Agar captou um vislumbre da misericórdia de Deus, como também do relacionamento indestrutível dEle com ela e seu filho. Gosto de pensar que é essa convicção espiritual que a leva a descobrir a fonte de água.
Embora, em um primeiro momento, possa ter parecido simples, essa revelação trouxe a Agar uma mudança econômica, a fonte de água que renovou e refrescou tanto a ela quanto a seu filho, e que, em seguida, continuou a dar força e a sustentá-los em sua jornada. Da mesma maneira, podemos hoje confiar no fato de que nada pode impedir o estabelecimento da economia divina, tanto na vida pessoal como em uma escala global. É nossa oportunidade de perceber esses sinais e de nos regozijarmos pela sua manifestação e seu potencial.
 
    
