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"A [tua] vida imortal"

Da edição de novembro de 2011 dO Arauto da Ciência Cristã


A frase do título deste artigo é de um hino que eu gosto muito, cuja primeira estrofe começa: "Em Deus confia, quando a noite avança". A última estrofe recomenda:

"...volta a ser bondoso Vence o orgulho que não quer ceder; Teu coração será forte e ditoso, A [tua] vida imortal vais conhecer" (William P. McKenzie, Hinário da Ciência Cristã, 359).

Costumava indicar esse hino às pessoas cujos entes queridos faleceram, mas foi somente quando meu querido marido faleceu repentinamente, que fui compelida a enfrentar a angústia do falso orgulho (nesse caso, a tendência de procurar uma razão para sua morte, ou de colocar a culpa em algo ou alguém), e aceitar que nossa vida está nas mãos de Deus. Finalmente, a sensação agonizante de tristeza e de perda, contra a qual eu havia lutado, deu lugar à gratidão por todo o bem que meu marido expressava, e à convicção de que o bem jamais pode estar perdido, ser ridicularizado ou negado.

O Amor divino se relaciona com suas próprias ideias e esse relacionamento pode ser uma extraordinária fonte de consolo, apoio e alegria

Enquanto orava, apoiei-me em várias declarações que Mary Baker Eddy fez sobre a vida. Em sua própria experiência, ela sofreu muitas perdas doloridas, mas sempre reagiu de forma compassiva aos sofrimentos dos outros. No falecimento do Papa Leão XIII, ela escreveu: "Solidarizo-me com os que estão de luto, mas regozijo-me por saber que nosso querido Deus os conforta com a bênção da certeza de que a vida não se perde; a influência da vida permanece na mente dos homens e o Amor divino mantém sua substância a salvo na segurança da imortalidade" (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Vários Escritos], p. 295). Após o falecimento de Edward Kimball, um querido Praticista, Conferencista e Professor de Ciência Cristã da sua época, ela escreveu: "...o Cientista Cristão que acredita estar morrendo, ganha uma valiosa bênção sob a forma de descrença na morte, e obtém uma compreensão mais elevada do céu" (Ibidem, p. 297). Certa vez ela disse em um sermão intitulado "Vida": "Nenhuma mudança ocorreu quando dizemos: 'Meu amigo acaba de morrer'; esse amigo está dizendo na plena consciência da existência e nas mesmas circunstâncias: 'Eu nunca morri. Foi só um sonho que eu tive, pois a vida continua comigo, a mesma de antes'". Ela continua: "Sim, ali nos reconheceremos uns aos outros; amaremos e seremos amados; nunca perderemos nossa identidade, mas sim a encontraremos de forma mais ampla, com sua ordem, beleza e completo bem". Ela concluiu o sermão com esta mensagem: "...a morte não pode aumentar nossa alegria, nem nos tornar mais sábios, melhores ou mais puros. A Ciência de todo ser precisa ser aprendida antes que isso seja alcançado... Após o véu ter caído, temos de aprender tanto quanto agora, nosso caminho para o céu... porque ninguém vem ao Pai senão pela Verdade e pelo Amor" (Christian Science Sentinel, I de fevereiro de 1918, p. 439).

O que significa "o reino de Deus está dentro de vós" (Lucas 17:21), como Cristo Jesus ensinou? Quando Jesus fez essa declaração, será que ele não estava deixando claro que o céu não é um lugar, mas um estado divino de consciência? Então, será que a felicidade e a harmonia, estados de consciência que relacionamos com o céu, dependem de uma pessoa ou de um conjunto de circunstâncias humanas? Não! Entretanto, Deus, sendo Amor, atende nossas necessidades humanas, inclusive a de companheirismo. A Bíblia indica que Deus: "faz que o solitário more em família" (Salmos 68:6). O Amor divino se relaciona com suas próprias ideias e esse relacionamento pode ser uma extraordinária fonte de consolo, apoio e alegria. Mas nosso relacionamento eterno é com Deus, nosso Criador, e todos nós precisamos finalmente aprender que não podemos depender de uma pessoa para termos a felicidade e a satisfação que somente Deus pode dar. Pode Deus por acaso nos tirar algo de bom? Certamente que não! A Bíblia declara: "Sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar e nada lhe tirar" (Eclesiastes 3:14).

Jesus nos salvou a todos da dor, da tristeza, da desgastante amargura ou remorso, que brotam de um falso senso de vida como mortal

Um senso de perda é provavelmente a maior fonte de pesar. Mas, se um ente querido se foi, todas as belas qualidades espirituais que esse indivíduo expressava permanecem, e a alegria que elas traziam permanece também. Por que é assim? Porque todo o bem que existe em alguém ou em alguma coisa deixa entrever o bem infinito que chamamos Deus. Mas, esse bem é imortal, indestrutível. Se estivermos conscientes de nossa unidade com o bem, jamais poderemos estar sozinhos, pois, sob um ponto de vista espiritual, cada um de nós é um com Deus e, portanto, unidos uns com os outros também. Não há nenhum vazio ou vácuo na vida de alguém onde o Amor divino já não tenha preenchido, pois o amor preenche todo o espaço (ver Ciência e Saúde, p. 266).

Cristo Jesus ilustrou enfaticamente a falta de poder daquilo que chamamos morte. De acordo com os Evangelhos, em três ocasiões específicas ele ressuscitou os mortos: a jovem filha de Jairo, o filho da viúva de Naim e Lázaro, que já estava sepultado havia quatro dias. Nessa ocasião, Jesus insistiu com a família de Lázaro, dizendo: "Desatai-o e deixai-o ir" (João 11:44). Não poderia isso significar que nós, também, precisamos desatar nossos entes queridos da noção de que eles alguma vez tenham nascido na matéria, tenham sido definidos por ela ou estiveram à mercê dela e de suas condições? Não estaria Jesus talvez aludindo à sua subsequente ressurreição da crueldade da cruz e do túmulo, e assegurando a eles que a Vida é imortal, eterna, perpétua?

A maioria de nós concordaria em que a missão de Jesus foi revelar à humanidade, por meio de sua vida, seus ensinamentos e suas obras, nossa própria vida imortal. Ao ilustrar a natureza de Deus como amor infalível, como Verdade inalterável, como o único Ser ou Eu Sou, Jesus nos salvou a todos da dor, da tristeza, da desgastante amargura e remorso que brotam de um falso senso de vida como mortal. Deveria ficar claro que aceitar a perda como válida, sob qualquer sentido, inevitavelmente nos exporia à perda em todos os sentidos. Mas, tal como enfatiza o Apóstolo Paulo em sua epístola aos Romanos, nem a própria morte, nem um senso material de existência, nem poderes terrestres nem celestiais, "nem as cousas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus..." (Romanos 8:38). Consequentemente, esse é o Amor que jamais pode ser perdido e que constitui a Vida eterna.

Tentativas de influenciar ou manipular mentalmente o pensamento de alguma maneira egoísta, negativa ou voluntariosa estão sempre predestinadas ao fracasso

Quando penso sobre esse desafio de perda e de mudança irreparável, fica claro para mim que Deus não é apenas a Vida de cada um de nós, mas é também a Vida de todas as ideias corretas, ou seja, a vida do lar, da família, da igreja, de qualquer empreendimento correto, das nações, até mesmo da terra e do universo. Essa fonte divina é imutável, inalterável. O Criador ama e preserva toda a criação, desde o infinitésimo ao infinito. Eis porque os fenômenos humanos, tais como: terremotos, tempestades, ciclos de temperatura e outros danos causados pelo homem, não podem nem danificar nem destruir o bem que Deus mantém.

A Mente divina, que fez e governa tudo, aniquilará qualquer coisa que ela não sancionou, ou aquilo que se oponha à natureza benigna de Deus.

Podemos nos decidir a nunca consentir na morte, ou temer a morte de tudo aquilo que é bom, quer pareça o fim de alguma esperança muito acalentada, uma decepção arrasadora, talvez a perda de um emprego ou a aposentadoria de uma atividade envolvente e significativa, ou até mesmo o rompimento de um relacionamento, de algum negócio ou organização. Pelo contrário, podemos estar plenamente comprometidos com a Vida e com seu potencial contínuo, em tudo aquilo que somos e fazemos. A própria Verdade não muda. Entretanto, falando de um ponto de vista humano, temos de ser gradualmente despertados para a Verdade, ou aprendê-la de forma gradual.

Sempre apreciei a referência que Eddy faz à "escola preparatória da terra". Ela diz que deveríamos "tirar o máximo proveito" (ver Ciência e Saúde, p. 486). Ela também insiste em que nenhuma mentalidade material "...tem poder, direito, ou sabedoria, para criar ou para destruir. Tudo está sob o controle da Mente única, ou seja, Deus" (Ibidem, p. 544). O que isso quer dizer para mim é que a crueldade, barbaridade, ridicularização, tirania e opressão dessa suposta mentalidade material, até mesmo as tentativas de influenciar ou manipular mentalmente o pensamento de alguma maneira egoísta, negativa ou voluntariosa, estão sempre predestinadas ao fracasso. A Mente divina, que fez e governa tudo, aniquilará qualquer coisa que ela não sancionou, ou aquilo que se oponha à natureza benigna de Deus.

Não há nenhum fim para a Vida, mas somente para aquilo que, para começar, nunca realmente existiu

Deus não é a causa do mal. O bem não sanciona nada desonesto ou debilitante. A Vida não termina na morte, nem está o Amor à mercê do ódio. Há de fato um "padrão de retidão que regula o destino humano" (Miscellaneous Writings 1883-1896, p. 232), e esse padrão não pode ser violado nem abolido pela ilusão que chamamos morte, ou, aliás, por qualquer outra ilusão de pecado ou de desarmonia destrutiva. É útil lembrar que toda a escuridão do mundo não pode extinguir uma única luz. Nunca é pela nossa própria mão que somos salvos, tal como Gideão aprendeu (ver Juízes, capítulo 7). Em realidade: "... para o Senhor nenhum impedimento há de livrar com muitos ou com poucos" (1 Samuel 14:6).

Conquanto seja verdadeiro que o divino age no reino humano para salvar, podemos também nos regozijar no aspecto preventivo da lei de Deus e aprender a expulsar um pensamento maligno ou uma emoção incapacitante, antes que ela se manifeste externamente como um corpo doente ou com mau funcionamento. Portanto, nossa responsabilidade é governar nosso pensamento, ou seja, "[Montar] guarda à porta do pensamento..." e admitir somente o que desejamos se concretize no corpo (ver Ciência e Saúde, p. 392). Então, não seremos tentados a prolongar o que se tornou uma existência material, sem sentido, isto é, nos apegando "à terra por não [termos] provado o céu" (Ibidem, p. 263). Podemos ser um exemplo, e ajudar outros a vencer um pavor arrasador daquilo que a morte não é. Não há nenhum fim para a Vida, mas apenas para aquilo que, para começar, nunca realmente existiu. Desejaremos tirar o máximo proveito de todas as oportunidades que Deus nos dá, e nossos momentos e nossos dias serão "Um tributo em Teu louvor" (Frances R. Havergal, adaptado para o Hinário da Ciência Cristã, 324).

Deus é a própria Vida

Através da janela da frente de minha casa, vejo as montanhas em toda sua glória. Cada dia elas captam os primeiros raios do sol e refletem seus últimos raios coloridos visíveis. Até mesmo se os raios estiverem obscurecidos por uma nuvem ou cobertos por uma camada de névoa marinha, sei que eles ainda estão lá.

Na noite em que meu marido faleceu, sentado silenciosamente junto à sua escrivaninha, depois do jantar e de um dia produtivo, havia uma lua cheia brilhando em toda sua glória. Para mim, isso quis dizer: "A lua está sempre cheia e sempre presente, mesmo que não seja vista ou só parcialmente vislumbrada. Da mesma maneira são todas as ideias de Deus; elas são sempre belas, grandiosas, completas e brilham "com luz emprestada" (ver Retrospecção e Introspecção, de Mary Baker Eddy, p. 57), refletindo toda a plenitude e glória de Deus. A alegria de saber isso não pode ser tirada de nós.

Desde essa época, passei a reconhecer que aqueles cujo passamento é igualmente livre de qualquer luta e cuja missão terrena talvez tenha sido concluída, ou cujas lições preparatórias tenham sido aprendidas, são aqueles que não têm medo, mas estão confiantes em que a promessa de Deus de vida eterna será cumprida. Não poderíamos então presumir que as vitórias que alcançaram e o progresso que fizeram continuam presentes? Eles agora sabem que Deus é a própria Vida e que cada uma das ideias de Deus sempre manifestará essa Vida, sempre estará a salvo, completa e amada. Podemos também reconhecer essa existência espiritual e plena, e nos sentir confortados, consolados e em paz.

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