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As mudanças no Oriente Médio podem abençoar

Da edição de setembro de 2011 dO Arauto da Ciência Cristã


Corre o ano de 1979...

Um jovem idealista vibra à medida que assiste ao avanço da revolução iraniana. O regime a que todos se opõem é autocrático e o jovem se rejubila com a sensação de ter um lugar na primeira fila para assistir ao que parece ser uma marcha de progresso rumo à liberdade. Entretanto, com o desenrolar dos acontecimentos, ele sente como se estivesse assistindo à dramatização do romance de George Orwell "Animal Farm" ["A Revolução dos Bichos"]. Tal como os "revolucionários" que invadem a fazenda no romance de Orwell, também as ações dos revolucionários, ao obterem o controle no Irã, começam a seguir o mesmo exemplo do regime anterior. À medida que o rigoroso conservantismo religioso volta agressivamente ao passado com relação aos direitos das mulheres, o jovem idealista fica desolado. Sua esperança de que a marcha do tempo inevitavelmente traria progresso está destruída.

De volta a 2011...

Esse mesmo desiludido idealista vem acompanhando os noticiários no Oriente Médio. Desde que um jovem, um frustrado vendedor de frutas, ateou fogo em si mesmo como um ato de protesto contra o regime ditatorial e repressivo da Tunísia, os ventos de mudança começaram a soprar. Nos casos da Tunísia e do Egito, um novo espírito revolucionário, trazendo uma esperança genuína de renovação, parece ter chegado. Enquanto isso na Líbia, um recrudescimento repressivo tem varrido o país com violência. As súbitas manifestações em outros países parecem situar-se mais ou menos nessa mesma linha.

Como o idealista responderá? Como um "gato escaldado" cínico? Ou com um novo tipo de perspectiva, fundamentada na oração? Definitivamente essa última.

Podia contribuir com minhas orações, de forma compassiva, em prol das áreas em conflito no mundo

Talvez alguns possam ter imaginado que me tornei esse idealista político profundamente decepcionado, quando a revolução iraniana deu lugar a uma teocracia, ao invés de a uma democracia plena. Entretanto, essa decepção me ajudou a ser receptivo a uma espécie de "idealismo espiritual" muito bem fundamentado na praticidade. Logo após a revolução iraniana, fui apresentado aos ensinamentos da Ciência Cristã, contidos em Ciência e Saúde. Nas ideias desse livro, encontrei uma explicação para as palavras, a vida e as obras de cura de Jesus, as quais repercutiram em mim.

Essas ideias não apenas ofereceram soluções às minhas próprias questões angustiantes, mas também me proporcionaram recursos espirituais que podiam ser aplicados à minha percepção das crises globais. Descobri que podia contribuir com minhas orações, de forma compassiva, em prol das áreas de conflito no mundo, quando tomava conhecimento delas por meio do jornal The Christian Science Monitor, ou de outras fontes de notícias, e não apenas me resignar ao que as notícias diziam, ou ignorar as duras circunstâncias por considerá-las difíceis demais para que eu pudesse ajudar.

Podia ouvir os detalhes sobre o que estava acontecendo e, em seguida, aplicar a oração à situação, plenamente consciente de que o que eu estava compreendendo espiritualmente era universalmente verdadeiro, ou seja, que um Deus todo-bom amava Sua criação, que O expressava em sua inteireza, sem nenhum calcanhar de Aquiles, ou ponto fraco; medo ou vulnerabilidade.

Tal oração continua em minha vida hoje. Ela não me impediu de dar certos passos, como contribuir financeiramente para causas humanitárias quando necessário. Mas, como alguém que não se sentiu chamado a viajar para aquelas áreas de conflito para prover uma assistência especializada, percebi-me, no entanto, capacitado a estar a postos por meio da oração silenciosa.

Deus mesmo é livre e, por conseguinte, Ele não concede nada menos do que a plenitude dessa qualidade a toda Sua criação

Mas, com que tipo de oração podemos contribuir para a solução de uma situação que está se desenvolvendo, como os recentes acontecimentos no Oriente Médio?

Ao focar na ideia de liberdade, a oração pode nos ajudar a refutar a impressão de que teremos pela frente um caminho acidentado, como uma montanha-russa, com a situação constantemente à mercê de circunstâncias materiais. Ao contrário, aquele que busca a espiritualidade permanece firme na certeza de que somente Deus governa, mantendo Sua criação universal sempre em perpétua liberdade.

Uma vez que, por natureza, Deus mesmo é livre, Ele não pode conceder nada menos do que a plenitude dessa qualidade a toda Sua criação. Isso inclui o homem, isto é, todos os homens, mulheres e crianças, em sua identidade atemporal como o eterno reflexo do Criador plenamente livre. Essa liberdade refletida é a condição espiritual de todos, agora e para sempre! Isso é irrevogavelmente verdadeiro, mesmo para aqueles que vivem em regimes repressivos, onde estar em uma prisão não é necessariamente um sinal de culpa. O Apóstolo Paulo provou isso quando esteve encarcerado injustamente. Ele e seu companheiro cristão, Silas, declararam seu senso espiritual de liberdade incondicional, ao orar e cantar louvores a Deus, apesar de sua situação precária. Eles foram libertados quando um terremoto despedaçou suas correntes e abriu as portas da prisão (ver Atos 16:16-40).

O Cristo traz liberdade ao corpo político, tal como o faz ao corpo humano durante uma cura

O que estava realmente tentando aprisionar Paulo e Silas? Não seria a ação dos proprietários macedônios da escrava adivinhadora, os quais conspiraram para que Paulo e Silas fossem presos? Seriam os magistrados que os condenaram à prisão? Ou seria aquilo que a Bíblia chama de mente carnal, a mentalidade material que tenta agir por meio de cada um de nós, para que reverenciemos alguma versão de nossa história de vida, em vez daquela que foi delineada pela totalidade de um Deus que é inteiramente bom? Seria, talvez, essa mente mortal estimulando-os a dar o consentimento mental à ideia de que eles podiam ser tudo menos livres? Eles não cederam a essas sugestões. Consequentemente, foi a intransigência em ceder a essa proposição invertida que os libertou.

Se reconhecermos que toda perda de liberdade começa com a autodeclarada influência dessa repressiva mente carnal, o oposto da Mente divina, sussurrando sua versão pervertida do destino individual e coletivo, então estamos chegando à raiz causadora de toda repressão humana. As orações pelo reconhecimento da totalidade e unicidade da única Mente podem certamente ajudar a desarraigar essa influência destrutiva.

É a mente carnal que constantemente quer que perguntemos e verifiquemos "como vai indo a liberdade", com base naquilo que vemos, ouvimos e avaliamos intelectualmente acerca da situação. Em vez disso, podemos perguntar como a graça da liberdade, concedida por Deus, está sendo progressivamente revelada. A liberdade de Deus é autoassertiva, se autoestabelece e se autoperpetua. O Cristo, a atividade do amor de Deus, que traz luz espiritual à consciência humana, traz liberdade ao corpo político tal como o faz ao nosso corpo humano, na cura. Portanto, embora a liberdade pareça estar ameaçada, podemos tomar a firme atitude mental de olhar para além da crença em uma luta, até a prova reveladora, por meio do Cristo, de que "o céu aqui—a luta terminada, e a vitória do lado da Verdade" (Mary Baker Eddy, Message to The Mother Church for 1902 [Mensagem para a Igreja Mãe para 1902], p. 6).

O progresso político não é, em si mesmo, uma promessa de um resultado que imediatamente beneficie a todos igualmente

À medida que oramos pelo Oriente Médio e por outras regiões do mundo em necessidade, podemos observar o que Mary Baker Eddy se refere como a "corrente que corre para o céu" (Ciência e Saúde, p. 106), trazendo a revelação mental da inerente liberdade espiritual do homem para perceber e evidenciar a bondade de Deus. Uma importante evidência são as liberdades políticas emergentes, como a ponta visível do iceberg mais profundo de liberdade absoluta, para sempre estabelecida sob o governo de Deus. Mesmo as melhores democracias em total atividade têm apenas arranhado a superfície daquilo que a liberdade divina plenamente inclui.

É devido ao fato de que tais mudanças são a evidência emergente de uma realidade espiritual imutável, que a manifestação apropriada de liberdade política não pode ser permanentemente barrada, da mesma forma que uma rocha em uma correnteza não impede que a água, que nela bate, siga rio abaixo. A rocha produz uma turbulência passageira, talvez até mesmo cause uma reviravolta temporária no fluxo da água, mas não consegue alterar a direção final daquele fluxo.

No complexo "caldeirão" do Oriente Médio, é provável que a liberdade de uma nação represente um pesadelo para outra nação. Ou a liberdade nacional concedida a todos talvez resulte em uma redução dos direitos de alguns (por exemplo, se um governo fundamentalista for eleito democraticamente, como muitas vezes é a preocupação de mulheres e da minoria cristã em países predominantemente muçulmanos). O progresso político não é, em si mesmo, uma promessa de um resultado que imediatamente beneficie a todos igualmente.

À medida que orarmos para que as mudanças temporais se equiparem ao governo eterno de Deus, podemos também reconhecer que algo mais profundo está ocorrendo

Entretanto, existe na metafísica uma lei nesse sentido, uma lei que explica: "Na relação científica entre Deus e o homem, descobrimos que tudo o que abençoa um, abençoa todos, como Jesus o mostrou com os pães e os peixes—sendo o Espírito, não a matéria, a fonte do suprimento" (Ciência e Saúde, p. 206).

Essa é a razão pela qual é crucial que, enquanto as revoluções são telvisionadas e transmitidas pela Internet, nosso conceito sobre os fatos seja espiritualizado. Se, em oração, nós interpretarmos aquilo que parece ser um processo humano entre pessoas como sendo a indicação de uma revelação divina da bondade de Deus ao homem, então veremos que a bênção universal e uniforme de Deus beneficia a todos sem parcialidade. Então, à medida que essa perspectiva espiritual for fielmente nutrida, poderá apoiar a evolução dos governos que melhor refletirem esse ideal mais elevado.

Conforme orarmos para igualar as mudanças temporais com o governo eterno de Deus, podemos também reconhecer que algo mais profundo está ocorrendo, além dos sucessivos ajustes em quem governa quem e como. Há uma necessidade mais abrangente que Deus, o bem, vem atendendo para toda a humanidade, muçulmanos, judeus e cristãos no Oriente Médio: a necessidade que a humanidade tem da vinda do Consolador, a Ciência divina revelada no livro Ciência e Saúde.

Nesse momento, existem poucas pessoas no mundo que conscientemente reconhecem que o Consolador prometido por Jesus veio como a Ciência Cristã, ou seja, que o conhecimento e a demonstração da Ciência divinas estão presentemente cumprindo a profecia do Salvador. Mas sua promessa foi para toda a humanidade. Passo a passo, então, a humanidade universal está sendo conduzida por Deus para despertar para o reconhecimento dessa disponibilidade já presente da Verdade eterna, que Jesus provou de forma tão poderosa. Se uma conscientização universal do Consolador for o destino inevitável da humanidade, então as atuais condições da humanidade, tanto os episódios de progresso quanto a aparente resistência a eles, têm muito a ver com a atual necessidade de abrir o caminho para essa eventualidade futura. Deus ama muitíssimo as pessoas de todas as convicções religiosas e origens étnicas para permitir que uma única delas seja privada do acesso consciente à harmonia celestial da consciência pura do Espírito que a Ciência divina propicia.

O Cristo está revelando a liberdade universal do homem para conhecer, amar, adorar e expressar o Deus vivo

Em sua descrição sobre vento no Glossário de Ciência e Saúde, Eddy inclui a frase: "governo espiritual de Deus". No lado positivo, isto é, na sua implicação espiritual, ela escreve que "VENTO" é "aquilo que indica o poderio da onipotência e os movimentos do governo espiritual de Deus, que abrange todas as coisas". No lado negativo, na articulação do oposto a isso, e de uma aparência contrária, "VENTO" é "destruição; raiva; paixões mortais" (p. 597).

Esses dois tipos de ventos de mudança parecem estar justapostos no Oriente Médio de hoje, quando assistimos aos noticiários, lemos os jornais, seguimos as mídias sociais ou observamos o cotidiano nos países em questão. Esse é o efeito montanha-russa!

Entretanto, não importa o trajeto no momento, o destino é inevitável. O Cristo revela a liberdade universal do homem para conhecer, amar, adorar e expressar o Deus vivo. Ele está levando a consciência humana a se alinhar com o próprio conhecimento que Deus tem sobre Seu governo eterno e perfeito e a manifestação desse governo em toda criação.

A liberdade inerente ao Consolador já é de todos. Podemos orar para vermos um governo mais justo no mundo todo, insistindo em que a liberdade e a segurança são o direito de todos, eternamente!

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