Apresentamos abaixo trechos de um bate-papo ao vivo entre Rosalie Dunbar, Redatora Sênior do Christian Science Sentinel, e Bruce Fitzwater, Praticista e Professor de Ciência Cristã de Portland, Oregon, EUA, realizado pelo site www.spirituality.com.
Rosalie Dunbar: Olá a todos. Bem-vindos a este bate-papo realizado em áudio ao vivo pelo site spirituality.com. Meu nome é Rosalie Dunbar e ficarei com vocês durante a próxima hora. Hoje vamos falar sobre como podemos orar pelo governo de nossos países, estados e municípios. Nosso convidado é Bruce Fitzwater, Praticista e Professor de Ciência Cristã em Portland, Oregon, EUA. Bruce desenvolve esse trabalho de cura há mais de trinta anos, tendo visitado muitos países durante os onze anos em que foi membro do Conselho de Conferências da Ciência Cristã e mesmo depois desse período. Bruce, você gostaria de compartilhar algumas de suas ideias conosco?
Bruce Fitzwater: Claro! Eu aprendi muito ao me preparar para essa nossa conversa, e espero que, com a nossa troca de ideias, possamos dar alguns passos de progresso. Eu acho que a oração dos cristãos pelo governo começa com uma declaração do apóstolo Paulo a Timóteo, que diz: "Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito" (1 Timóteo 2:1, 2). A nossa oração certamente começa com esse conselho da Bíblia que, evidentemente, não é uma mensagem isolada. Ele combina perfeitamete com a Regra Áurea, com o amor que Cristo Jesus ensinou e também com o amor que é ensinado em outras religiões do mundo. Tenho um amigo que, certa vez, escreveu: "Esse mundo seria muito melhor se mais de nós orássemos para isso e agíssemos de acordo com nossas orações".
Rosalie: Isso nos faz refletir sobre a importância da oração pelo governo, pois ela é a nossa oportunidade de reconhecer que, não importa o que esteja acontecendo, sabemos que Deus cuida do nosso governo, do nosso mundo, de tudo.
Bruce: Sem dúvida.
Rosalie: Temos uma pergunta do Caleb, de Chestnut Hill, Massachusetts, EUA, que, de alguma forma, se relaciona com o que você acabou de falar: "Somos tentados a nos sentir oprimidos pelos problemas nacionais e internacionais com os quais nos deparamos, porque eles parecem enormes e muito além da nossa capacidade de resolução. Como podemos vencer essa sensação que leva à apatia"?
Bruce: Eu acho que a primeira coisa com a qual temos de lidar nesse tipo de situação é a sensação de medo. O medo muitas vezes é sutil. Às vezes, as pessoas ficam indiferentes a ele e, outras vezes, simplesmente se submetem, sentindo-se dominadas por ele. Eu acredito que nos aproximarmos ou nos volvermos ao todo-poder de Deus é certamente o primeiro recurso de que devemos lançar mão para vencer o medo. Dessa forma, eu consigo entender o amor que Deus tem por mim e o amor que Ele tem pelo mundo, pela beleza e pela harmonia. Penso na maravilhosa declaração que aparece no primeiro capítulo do Gênesis em que Deus vê tudo o que Ele havia criado e eis que é muito bom. Com a força dessa convicção, começo a compreender que o sentido pessoal que eu tenho das coisas está equivocado, e percebo que é exatamente isso o que precisa ser transformado. Mary Baker Eddy forneceu uma maravilhosa interpretação espiritual da Oração do Senhor. Nela, a frase "Venha o Teu reino" é interpretada como "O Teu reino já veio; Tu estás sempre presente" (Ciência e Saúde, p. 16). A frase seguinte "Faça-se a Tua vontade, assim na terra como no céu" ela interpretou como "Faze-nos saber que—como no céu, assim também na terra—Deus é onipotente, supremo". Acho que o anseio contido em "faze-nos saber" deve ser exatamente o foco da nossa oração, pois ajuda a abrir nossos olhos. Não é Deus que precisa mudar. Não é o Seu reino que precisa mudar. É o sentido humano que precisa se abrir para a maravilhosa consciência da bondade e da harmonia de Deus.
Rosalie: A Sarah, de North Kingston, Rhode Island, EUA, diz: "Você poderia falar sobre o problema da corrupção nos governos, que observamos no mundo todo?"
Bruce: Claro! Esse também é um problema a ser tratado. Tenho um amigo na África, que me escreveu quando eu estava me preparando para este nosso bate-papo. Ele está orando pelo governo de seu país. Em sua mensagem ele destacou três situações nas quais estava focando sua oração. Uma delas é o fato de que há lugares em que simplesmente não existe governo. Ele comparou essa situação com o que está escrito no Gênesis, de que a terra era "vazia" e "havia trevas sobre a face do abismo". Ele ponderou e orou para saber que Deus está realmente pairando "por sobre as águas". Ele relatou que, devido a essa oração, ele começou a perceber que as pessoas estão procurando se organizar, rapazes estão criando organizações em diversas ruas e postos para vigilância noturna visando à proteção da comunidade contra a ação de criminosos. Meu amigo também começou a pensar na questão da corrupção que você mencionou. Esta declaração que aparece no Evangelho de Lucas e em Isaías Ihe foi muito útil "Todo vale será aterrado, e nivelados todos os montes e outeiros; os caminhos tortuosos serão retificados, e os escabrosos, aplanados" (ver Lucas 3:5 e Isaías 40:4). Para mim, isso quer dizer que todo vale de pecado será retificado, ou seja, corrigido. Eu acho que nós temos realmente de apoiar nossos políticos a fim de ajudá-los a vencer a tentação de ceder a coisas como a corrupção. Houve um político da América do Sul, do Brasil, que escreveu para os periódicos da Ciência Cristã e fez questão de abordar esse ponto. Sem dúvida, trata-se de uma espécie de manifesto de esperança. Ele citou a frase de um famoso político local, ex-governador de São Paulo, chamado Mário Covas, que calou fundo em seu coração, e que dizia que é possível conciliar política, ética e honra.
Rosalie: Que maravilha ouvir isso!
Bruce: O homem que me escreveu disse que, para corrigir a situação, a política deve ser feita com integridade, eficiência e moralidade. Nós devemos apoiar os políticos para que eles se libertem desse tipo de tentação. Estive lendo outro artigo, escrito por um Cientista Cristão que é membro do Congresso americano. Ele relatou que, certa ocasião alguém veio até seu gabinete e lhe recomendou que votasse um projeto de lei de uma determinada maneira; caso o fizesse, receberia uma significativa doação. O articulista respondeu que ele já havia decidido votar daquela maneira, e foi o que ele fez. Alguns dias mais tarde, a doação chegou e ele a devolveu. Ele disse que era muito importante, não apenas não ser corrupto, mas também não dar a impressão de estar agindo com corrupção.
Rosalie: Claro!
Bruce: Eu acho que orar para ajudar os políticos a vencer a tentação da corrupção ou qualquer outro tipo de desvio moral é uma maneira de abençoar nossos semelhantes e de amar nosso próximo. Consequentemente, isso não pode ser feito com ódio ou ressentimento. Deve ser feito como um apoio, com amor, compreendendo que eles não podem se beneficiar com a corrupção. O mundo não se beneficia com a corrupção, e ela não faz parte do ser real dos políticos, porque eles também são filhos de Deus.
Rosalie: É verdade.
Bruce: Você sabe, o conceito de mídia é interessante. Media é uma palavra que vem do latim e que significa meio. Acreditamos que a mídia constitui o meio de ligação entre nós e um acontecimento. Dessa forma, obtemos um conceito que se restringe ao que a mídia traz até nós. Na página 115 do livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy apresenta o homem como a ideia de Deus. Ela considera o termo ideia com base na definição que consta do dicionário que ela usava, o Noah Webster. Ou seja, o homem é a expressão imediata ou direta de Deus, a expressão imediata da Mente. Acho que é importante que o homem compreenda que não precisa de intermediários. O termo imediato não tem apenas o significado de "rápido". Ele significa "sem mediador". Nós podemos reivindicar esse relacionamento direto com a Mente, com a Verdade e com o Amor. Podemos desejar e orar por esse relacionamento. Então, nós precisamos fazer um esforço efetivo para discernir quais as expressões humanas de mídia que nos prestam melhor serviço, e qual é a combinação delas que nos ajuda a compreender o mundo. Aqui, certamente, posso registrar meu reconhecimento pelo valioso trabalho realizado pelo Christian Science Monitor. O Monitor é um jornal internacional extraordinário, que pode ser assinado tanto na versão semanal como na versão diária on-line. Depois de lê-lo por algumas décadas, posso afirmar que ele é a fonte mais confiável e mais equilibrada de informação sobre o que está acontecendo no mundo. Ele não é, de maneira alguma, minha única fonte de notícias, porque existem outras ótimas fontes na mídia. Eu mesmo tento encontrar fontes que não sejam, por assim dizer, mesmerizantes. Se eu achar que alguém está tentando me convencer ou apenas me manter preso a eles, eu usualmente descarto essas fontes. Por isso, acho que sou um pouco antiquado. Eu confio mais na mídia escrita do que nas informações transmitidas pelo rádio ou pela televisão. Mas eu acredito que todas as pessoas podem ser levadas, devido ao seu direito de ter esse relacionamento imediato com a verdade, a encontrar fontes que lhes forneçam uma ideia bastante clara, que lhes permitam agir e orar a partir das informações que transmitem.
Nós precisamos fazer um esforço efetivo para discernir quais as expressões humanas de mídia que nos prestam melhor serviço, e qual é a combinação delas que nos ajuda a compreender o mundo.
Rosalie: Recebemos uma pergunta um pouco mais complicada, de uma pessoa da Califórnia: "Quando existe um hábito de longa data de pessoas com informações privilegiadas gerindo o governo nos bastidores, e líderes usando métodos antiéticos para alcançar seus objetivos, como podemos ajudar a mudar e eliminar esses hábitos de dominação pessoal"? Essa é uma questão universal, quando pensamos no que acontece no Afeganistão e em outras partes do mundo.
Bruce: Veja, eu acho que devemos pensar no que a palavra ganância realmente significa. Seu significado certamente inclui obter mais, querer mais, sentir que você precisa mais do que já tem e, então, buscar alcançar seu objetivo a qualquer custo, de maneira ética ou, principalmente, antiética. Penso que devemos estabelecer em nosso pensamento que até mesmo nossos legisladores já são cuidados e supridos e, portanto, não há nenhuma necessidade de depositarem milhões de dólares em contas bancárias de países com economia mais estável. À medida que nos tornamos mais éticos por meio da nossa compreensão de Deus a prática desses atos fica mais difícil, percebemos que surgem pessoas mais honestas, capazes de influenciar e interromper a corrupção daqueles que estão pensando em entrar para o governo, visando ao benefício próprio com o dinheiro público. O político do Brasil que eu mencionei anteriormente, diz em seu artigo no Christian Science Sentinel que entrou para a política com o objetivo de tratar do problema de envio de dinheiro para contas bancárias em paraísos fiscais, contas numeradas, em que o sigilo do titular é preservado, e outras práticas ilegais. Creio que as culturas estão mundando, eu sei que estão, por meio da verdade e do amor. Deus é real e nada mais o é. Só Deus e a ideia de Deus são reais. Esta declaração do Antigo Testamento nos proporciona uma esperança de mudança: "Destruição! Destruição! Sim! Destruirei a cidade. Mas isso não acontecerá até que venha aquele a quem vou entregar a cidade." (Ezequiel 21:27 conforme a Nova Tradução na Linguagem de Hoje). Não sei exatamente como essa "destruição", ou mudança acontecerá, mas penso que, de alguma maneira, podemos viver de forma harmoniosa e segura, mesmo enquanto a mudança estiver ocorrendo. O sentido humano do mundo é um lugar justo? Não. Poderá vir a ser logo? Não sei. Mas tenho certeza de que as pessoas ainda podem encontrar a harmonia, elas ainda podem se sentir realizadas, orar para que o bem surja e ser participantes do surgimento desse bem. Agora mesmo todos podem fazer isso.
