O mundo de hoje certamente precisa da confiança que o escritor dos Salmos da Bíblia demonstrou, ao cantar: “Pois do Senhor é o reino, é ele quem governa as nações” (Salmos 22:28). Claramente, esse homem tinha tanta fé no fato de que Deus, a Mente onisciente e onipotente, estava no controle e satisfazendo tanto às nossas necessidades como às da humanidade, que ele se alegrava por meio de cânticos. Que exemplo! Foi o que muito me ajudou, diversos anos atrás.
Em minha profissão anterior, eu ocupava um cargo de gerência em uma empresa onde a ética, a integridade, a justiça e a bondade eram frequentemente ofuscadas pela ganância e pela presunção e orgulho. Minha inclinação natural de obedecer aos princípios éticos e expressar alegria muitas vezes criava atritos com a liderança da empresa. Embora eu fizesse um bom trabalho, tivesse contribuído de forma significativa para a margem de lucro, e chefiasse uma equipe leal, com frequência eu era duramente criticada.
Por bastante tempo, as críticas pareciam ser muito pessoais. Não conseguia compreender a razão disso e muitas vezes me queixava desse tratamento injusto com colegas, quando nos encontrávamos nos intervalos, e com familiares e amigos. Repetir minhas insatisfações só piorava as coisas.
Então, finalmente, um dia voltei minha atenção para o Salmo mencionado acima. Comecei a compreender que eu também podia confiar no fato de que Deus, e somente Deus, estava governando, protegendo e estimulando a todos, naquela organização. Independentemente do cargo, nós todos éramos filhos de Deus igualmente amados e valorizados, criados para a glória dEle. Pude substituir as frustrações e a raiva com minhas próprias canções de gratidão pela oportunidade de apoiar aquelas pessoas, reconhecendo que elas, e eu mesma, éramos todos filhos de Deus, puros e retos por natureza. Foi necessária muita persistência para manter e realmente fazer uso dessa linha mais elevada de pensamento, mas valeu o esforço. Tornei-me uma pessoa mais feliz e, consequentemente, a relação com meus superiores tornou-se mais harmoniosa.
Quando relembro essa experiência, ao longo dos anos, três lições fundamentais se destacam. A primeira, é que aprendi que o problema nunca havia sido eu ou os meus superiores. O mal nunca é pessoal. A desarmonia entre nós era o resultado de uma visão falsa acerca da nossa verdadeira natureza espiritual. Como filhos de Deus, governados por Ele, nós todos éramos inocentes. A oração eliminou essa falsa maneira de ver e trouxe harmonia à situação.
A segunda, foi que aprendi a não cair na tentação de participar das proverbiais conversas entre colegas na hora do café. Sentir o controle de Deus e usar meu tempo e energia para ver o bem em meu próximo, em vez de ficar comentando sobre personalidades e opiniões, provou ser muito mais benéfico, tanto para mim mesma como para os outros.
A terceira lição que aprendi, de suma importância, foi compreender que se eu desejo ver a harmonia manifestada de forma mais constante, tenho de amar da maneira que Cristo Jesus ensinou: “Que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros” (João 13:34). Além disso, ele também ordenou: “Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão” (Mateus 7:5).
Falando sobre essa exigência, a Descobridora da Ciência Cristã escreveu: “Ele [Jesus] insistia na regra e demonstração da Ciência divina: isto é, que primeiro lançasses fora tua própria aversão e ódio pela ideia de Deus — a trave em teu próprio olho, que te impede de ver claramente para tirar o argueiro do mal dos olhos dos outros” (Mary Baker Eddy, Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896, p. 336).
Quer seja nas empresas ou no governo, se desejamos ver a Deus, o bem, como o único poder verdadeiro, nós podemos. Precisamos apenas recorrer à ajuda do Pai que temos em comum com todos e estar dispostos a fazer nossa parte, praticando a fraternidade e a bondade para com todos. À medida que fizermos isso, tal como o Salmista, sentiremos a confiança no controle do Amor divino. Também podemos encontrar aquela paz de que fala outro hino inspirador:
Vivamos sem temor,
Bem perto Deus está;
É escudo, fé, canção,
Vigor e salvação.
Seu reino é eterno.
(Frederic W. Root, Hinário da Ciência Cristã, 10, tradução © CSBD)
Tradução do original em inglês publicado no jornal The Christian Science Monitor em 19 de janeiro de 2017.
 
    
