Lemos e ouvimos muito sobre “sustentabilidade” com referência aos ecossistemas da terra, tanto humanos como naturais. Esses ecossistemas são considerados como desordenados e em conflito uns com os outros. Ouvimos reportagens sobre o aquecimento dos oceanos, o recuo das geleiras e o nível do mar, que está subindo. Alguns estudos climáticos publicados sobre esses problemas analisam o conceito de se haver chegado a um ponto irreversível, do qual já não há retorno.
Será que nossas orações podem curar tais desordens? Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy escreveu: “Qualquer que seja a crença, se são usados argumentos para destruí-la, tal crença tem de ser repudiada, e a negação tem de se estender à suposta doença e a tudo que determine seu tipo e seus sintomas” (p. 418).
Essas instruções foram dadas com relação à cura do corpo humano. Mas não será a biosfera um complexo de sistemas vivos integrados, efetivamente, um “corpo”? E não é o que acontece ali o resultado do pensamento humano coletivo? Em A Unidade do Bem, a Sra. Eddy escreveu: “Aquilo que vês, ouves e sentes é uma modalidade de consciência e não pode ter nenhuma outra realidade, a não ser o conceito que dele tenhas” (p. 8).
Grande parte da humanidade considera o poder de cura de Cristo Jesus como uma intervenção especial. No entanto, Jesus rejeitou o conceito de um bem pessoal, declarando categoricamente que Deus era a fonte e a definição do bem (ver Marcos 10:18), e que ele, Jesus, por si mesmo, não podia fazer nada (ver João 5:30). Isso significa que suas obras de cura não eram intervenções especiais, nem provenientes de seu poder pessoal. Em vez disso, elas exemplificaram uma Ciência eterna. Essa Ciência, que é divina e cristã, pode ser aprendida e praticada por outras pessoas por meio do estudo da Ciência Cristã, independentemente de quanto tempo tenha passado desde que Jesus andou pela terra.
Jesus alimentou uma multidão com apenas cinco pães e dois peixes; ele também caminhou sobre as águas, acalmou uma tempestade, ressuscitou mortos e realizou outras obras maravilhosas por meio de sua consciência humilde e pura acerca daquilo que é cientificamente real. Ele compreendia a realidade científica de Deus, o Espírito e a Verdade divinos, como o Tudo-em-tudo, onde os outros só viam a limitação material e o mal. Seu reconhecimento poderoso dessa realidade divina efetuava mudanças na situação humana. Ele também disse que tais obras, até mesmo maiores do que as por ele realizadas, seriam feitas por aqueles que acreditassem nele e o seguissem, confiando na compreensão de Deus que haviam adquirido por meio de suas palavras e obras. “...para Deus tudo é possível”, disse Jesus (Mateus 19:26). Então, temos grandes tarefas a realizar, ou seja, em tudo o que fizermos, nós também podemos reconhecer que o governo de Deus, o bem, é a única realidade
Examinemos o relato de Jesus, ressuscitando a Lázaro da morte, e vejamos o que isso poderia nos ensinar sobre a cura da biosfera (ver João 11:1–46). O relato da Bíblia contém muitos detalhes importantes, que nos ajudam a compreender o pensamento de Jesus. Também, como Mary Baker Eddy assinalou, Jesus enfatizou a importância fundamental do pensamento. Por exemplo, quando seus discípulos lhe perguntaram a razão pela qual eles não haviam curado um menino, ele disse: “...Por causa da pequenez da vossa fé” (Mateus 17:20).
A ação de Deus não pode levar ao desperdício, à ignorância, à falta de inteligência; ela não polui, não pode poluir.
O pensamento materialista considera o caos e a desordem completa como o estado natural, primordial, da criação. Além disso, a crença humana afirma que todos os processos materiais, ou seja, a combustão, a operação de máquinas, até mesmo o ato de viver, devem, inevitavelmente, criar o desperdício, o lixo e a desordem.
A Ciência Cristã ensina que a Mente, Deus, conhece tudo; a Mente é infinita. Na Mente existe um conjunto infinitamente contínuo de ideias espirituais que a Mente conhece e expressa como um todo; essas ideias existem no eterno presente, no agora; não existe nenhum começo e nenhum fim. A Sra. Eddy escreveu: “A eternidade, não o tempo, é o que expressa a ideia da Vida, e o tempo não faz parte da eternidade. O tempo cessa na proporção em que a eternidade é reconhecida” (Ciência e Saúde, p. 468).
A oração reconhece a presença infinita da Vida, Deus, e assim a presença da ordem espiritual é um fato estabelecido, independentemente do que a constatação material de desordem e de lixo acumulado possa sugerir. Paulo escreveu: “...nele [Deus] vivemos, e nos movemos, e existimos” (Atos 17:28). A “biosfera” real, então, existe de fato na Mente, Deus, o grande Eu Sou. Apesar dos relatos dos sentidos, toda a vida vive no Eu Sou e, portanto, deve manifestar a ordem do Eu Sou.
No caso de Lázaro, que havia morrido fazia quatro dias, Marta, uma das irmãs de Lázaro, expressou incredulidade quando Jesus propôs reverter a condição de Lázaro (ver João 11:39). Ela ressaltou a condição de decomposição e deterioração do corpo e o intervalo de tempo durante o qual a decomposição estivera ocorrendo. É como se ela tivesse dito: “Mestre, a situação já se tornou irreversível e a recuperação é impossível”.
Entretanto, Cristo Jesus foi “o homem mais científico que já andou neste mundo. Ele penetrava por baixo da superfície material das coisas e encontrava a causa espiritual” (Ciência e Saúde, p. 313). Jesus sabia que Lázaro nunca havia “vivido ou morrido no corpo” (Ciência e Saúde, p. 75). A oração de Jesus ressuscitou a Lázaro, que saiu da tumba intocado e incólume.
Para o ponto de vista humano, essa era uma inversão de uma desordem inevitável, permanente. Mas, na verdade, foi tudo muito diferente. A ordem não foi simplesmente reconstituída a partir da desordem, como se se tratasse de organizar um espaço no escritório. Jesus tinha uma maneira espiritual de ver, que reconhecia somente a ordem, e assim ele revelou que havia ordem onde a desordem e a disfunção pareciam estar. E assim ficou provado que a chamada desordem inevitável, e o suposto poder do tempo para torná-la irreversível, eram falsos. O conhecimento compassivo, puro e humilde de Jesus revelou a vida de Lázaro como estando intacta, presente, e não em decomposição, ou seja, não havia sido perdida, mas sim era uma expressão individual do Eu Sou.
Toda cura realizada pelo Cristo, a Verdade, é uma prova da irrealidade da crença em desordem. Aqueles que oram, ou seja, aqueles que “conhecem a verdade” (ver João 8:32), compreenderam, até certo grau, a natureza de Deus, subjacente a tudo, a qual está em ordem e sem atritos. Esse tipo de oração reconhece a eterna presença da Vida, Deus, e, consequentemente, a eterna presença da ordem espiritual, que é verdadeira e permanente, independentemente do que possam ter sido as observações materiais feitas ao longo do tempo. A ação do Espírito, a ação do Amor, que o homem expressa, é perfeita, ela é completamente eficiente e realiza-se sem esforço. Ela não é apenas recuperável. Ela nunca foi perdida. Tornar-se consciente da eterna presença do Amor aniquila tudo o que se opõe à ordem do Amor. Como poderia a menor desordem existir na presença do Amor?
A compreensão da Ciência Cristã nos capacita a orar com convicção sobre qualquer problema material que possa nos confrontar, como também a ter confiança no fato de que o resultado será a cura. No caso da chamada mudança climática irreversível, podemos também confiar no fato de que nossas orações sobre esse assunto nos levarão a soluções humanas que podem ser postas em prática, tais como novas maneiras de utilizar o lixo e de tornar a produção de energia mais eficiente.
Mais de sete bilhões de humanos habitam na biosfera e a mantêm no pensamento. Será que isso significa que é preciso mudar a maneira de pensar de sete bilhões de pessoas, a fim de curar a biosfera? Não. A Sra. Eddy disse o seguinte, em uma de suas classes sobre a cura: “Nós, hoje, nesta sala de aula, somos suficientes para converter o mundo se tivermos uma única Mente; pois assim o mundo inteiro sentirá a influência dessa Mente, como quando a terra estava sem forma, e a Mente falou, e a forma apareceu” (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896, pp. 279–280). Cada um de nós que trabalha sinceramente para ter “uma única Mente”, para ter um único Deus e conhecer somente Seu Tudo-em-tudo infinito, está ajudando a provar o caráter intacto da realidade espiritual em toda a sua perfeição.
A ação de Deus não pode levar ao desperdício, à ignorância, à falta de inteligência; ela não polui, não pode poluir. Quanto mais reconhecermos e aceitarmos esse fato, tanto mais evidente será o bem e, portanto, mais estreitamente nossa vida, nosso ecossistema e todos os processos na biosfera da Terra se aproximarão da realidade do Espírito, infinitamente complexa, mas, apesar disso, perfeitamente ordenada e sem atritos. A passagem do tempo não pode aumentar a dificuldade de compreendermos essa revelação.
Como na ressuscitação de Lázaro por Jesus, a prova da plenitude e harmonia da vida depende somente da qualidade do nosso conhecimento. Como Jesus disse: “...Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível” (Mateus 17:20).
