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Original para a Internet

Toda verdadeira comunicação começa com Deus

Da edição de junho de 2018 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 26 de abril de 2018.


A intercomunicação se faz sempre de Deus para Sua ideia, o homem.
—Mary Baker Eddy, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 284 

Pessoas que precisam ou simplesmente gostam de falar outras línguas, frequentemente anseiam por falar esses idiomas com pouco ou nenhum vestígio de sotaque, isto é, sem a sobreposição das inflexões e ritmos de sua própria língua nativa.

Há, porém, outra maneira de interpretar a ideia de se comunicar sem nenhum sotaque. Podemos considerá-la como a capacidade de transmitir uma mensagem de forma eficaz, seja qual for o assunto, para pessoas de toda e qualquer faixa etária, qualquer que seja sua origem, cultura, ambiente ou história pregressa, em uma “língua” que elas possam entender. Isto é, comunicar-se de tal forma que não dê margem a resistência, mas que alcance, e até mesmo abençoe, os ouvintes, exatamente onde eles se encontrem em sua experiência de vida. A capacidade de fazer isso com mais eficácia provém da compreensão de que toda verdadeira comunicação começa com Deus, o Amor que inclui a todos, e que está eternamente revelando, desdobrando e interpretando Sua vontade e Seu plano em prol da harmonia da criação.  

Minha própria experiência sobre “sotaques estrangeiros”, tanto no sentido literal como em sentido figurado, começou há muitos anos, quando optei pelo francês como curso obrigatório de língua estrangeira, no ensino médio. Francamente, nada corria bem, tanto academicamente como em outros aspectos. No entanto, o cerne do problema não eram minhas notas, estas apenas refletiam o fato de que eu não gostava de aprender outras línguas e, obviamente, esse era o problema que eu precisava resolver. Por experiência, sabia que eu só encontraria a solução se recorresse a Deus.

Eu tinha o hábito de ler uma seção da Lição Bíblica semanal do Livrete Trimestral da Ciência Cristã, toda manhã, antes de ir para a escola. Em uma determinada semana, a Lição incluía o relato sobre o Dia de Pentecostes, quando os apóstolos e alguns outros seguidores de Cristo Jesus estavam reunidos, depois da ascensão dele. O livro de Atos relata que: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem” (ver capítulo 2).

Todos os que falavam eram galileus e, contudo, quando muitos outros chegaram à reunião para ouvir sobre “as maravilhosas obras de Deus”, eles disseram: “Como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna?”

Em um simples lampejo de inspiração, compreendi que a resposta para a pergunta deles estava inserida na passagem anterior: “...segundo o Espírito lhes concedia que falassem”, indicando que Deus, não o homem, é o ponto de partida, a origem, da verdadeira comunicação, aqui mesmo e agora mesmo, em nossa experiência humana.

Logo após essa percepção, começaram a se abrir para mim oportunidades surpreendentes para falar francês fora da sala de aula. A língua francesa ganhou vida para mim. Passei a amá-la e a me destacar no curso.

Temos a oportunidade vital de nutrir e praticar as qualidades do Cristo em nós mesmos, as quais possibilitam uma comunicação mais harmoniosa.

Mas o resultado mais interessante foi que eu parecia ter apenas um leve sotaque americano ao falar francês, e esse desapareceu, vários anos depois, quando passei um ano em Paris como estudante de arte. 

Para onde foi o sotaque? A resposta estava no relato do Dia de Pentecostes que eu havia lido anos antes: toda verdadeira comunicação começa com Deus, não com o homem. Sem me dar conta, naquele momento de inspiração eu havia tido um vislumbre de que o Princípio divino, Deus, e Sua ideia, o homem, são um, e essa união se manifesta humanamente na coincidência da divindade com a humanidade. Eu havia vislumbrado também o porquê daquela coincidência: o Espírito Santo.

De acordo com o relato de Atos, o prelúdio do dom de falar em outras línguas fora a descida do Espírito Santo, definido no Glossário de Ciência e Saúde, em parte, como: “A Ciência divina” (p. 588), que é a lei de Deus, o Espírito. É essa dinâmica lei espiritual que constitui e mantém nossa união com Deus, a Mente, a fonte de toda verdadeira comunicação. Visto que a fala e a compreensão se originam somente na Mente divina e são transmitidas e interpretadas pela Mente, a necessidade humana de falar e compreender os idiomas (às vezes aqueles que nunca aprendemos) é satisfeita mediante a coincidência da divindade com a consciência humana, tanto individual como coletiva, como no Dia de Pentecostes, quando “o Espírito lhes concedia que falassem”.    

Ao longo do tempo, cheguei à conclusão de que a razão pela qual as línguas estrangeiras são frequentemente faladas com o sotaque da nossa língua nativa é o fato de que, em vez de ver toda verdadeira comunicação como a coincidência da divindade com a humanidade, tendo apenas uma origem virginal, sem nenhum antecedente ou intermediário humano, acredita-se que o idioma tenha uma origem humana. Isso automaticamente liga o idioma à genética, ao meio ambiente, à educação, ao condicionamento, à geografia e à história pessoal. O idioma é geralmente considerado como algo que passa de pai para filho, de uma mente humana para outra.

Sob a influência dessa crença, qualquer que seja nossa chamada “língua nativa”, nossa tentativa de falar uma língua estrangeira tende a ficar mais ou menos sobrecarregada com a “base”, o resíduo, da nossa língua materna, com todas as suas inflexões e ritmos.

No entanto, quando nós, de forma consciente, humilde e paciente, descartamos o mito, a ilusão, da causalidade física, ou seja, a ilusão de que a mente e o homem tenham uma origem material, genética, fisiológica, psicológica e emocional, conseguimos alcançar vislumbres da nossa origem no Espírito. Conseguimos discernir o fato de que nenhum elemento, função, atividade ou aspecto do nosso existir pode ter início em qualquer outro lugar.

Mas que prova temos nós de que o nosso existir real, com tudo o que a ele pertence, se origine, aqui e agora, no Princípio divino de toda existência real? Temos o nascimento virginal de Jesus Cristo. Sua concepção virginal em Maria destruiu a ilusão de causalidade física e abençoou o mundo com o exemplo definitivo da origem e da identidade espirituais de toda a criação. Ela eliminou para sempre a crença de que tenhamos qualquer outra fonte, aqui e agora, a não ser o Espírito, ou de que sejamos, aqui e agora, qualquer outra coisa que não os filhos e as filhas de Deus.

Em realidade, na Ciência divina, nós não temos nenhuma história mortal, portanto, não temos nenhuma herança genética. Então, na verdade, não temos nada que possa deixar um resíduo em qualquer aspecto do nosso existir, inclusive em nossa comunicação. Esse é o fato espiritual e, portanto, o ponto de partida do raciocínio correto para cada um de nós, exatamente agora. Cada um de nós, como o reflexo que o Amor cria de si mesmo, realmente representa o Amor e sua mensagem para a humanidade, mensagem de bem e harmonia universais. Assim sendo, quanto mais nos afastamos da ilusão da história mortal e nos rendemos à nossa identidade espiritual original, tanto mais nos sentimos incluídos na divindade e ficamos mais capacitados a expressar a mensagem do Amor. De fato, por meio da oração consistente e da prática paciente, compreendemos que o Cristo, a divina manifestação da Verdade, está falando a toda consciência humana. Essa presença divina em nós é a realidade de toda identidade individual, aquilo que unifica a humanidade e destrói as ilusões dos sentidos materiais que causam divisão.

Então, quando “de Cristo nos revestimos”, de acordo com o Apóstolo Paulo, “não pode haver grego nem judeu, ...bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos” (ver Gálatas 3:27, 28 e Colossenses 3:9–11). É claro que isso não é uma negação, nem da diversidade que caracteriza a criação divina, nem da individualidade única e singular que diferencia cada uma das ideias infinitas da Mente. É, isso sim, a negação do senso, ou ponto de vista, pessoal, corpóreo e material, desses elementos espirituais, ponto de vista esse que se baseia na crença em mais de uma mente, ou seja, a crença que nos separa de Deus e uns dos outros.

“O Espírito diversifica, classifica e individualiza todos os pensamentos”, explica Ciência e Saúde, “os quais são tão eternos como a Mente que os concebe; ...” (p. 513). “Revestir-se de Cristo” é realmente revestir-se da verdade sobre a identidade que temos em comum como filhos do mesmo Genitor celestial, vivendo no mesmo reino celestial, falando a mesma língua celestial das ideias espirituais. “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus...”, escreveu Paulo (Efésios 2:19).

Todos os membros da família de Deus, embora nunca perdendo a singular individualidade, falam a mesma “língua”, aquela que a Sra. Eddy descreve como “a linguagem da Alma, não dos sentidos” (A Cura Cristã, p. 7). Na realidade, visto que nada é desconhecido para Deus, nem Lhe é estranho, nada pode ser desconhecido ou estranho para o homem à semelhança de Deus. Isso significa que nós temos uma base espiritualmente científica para falar línguas estrangeiras mais facilmente e sem sotaque.

O mais importante, porém, é que isso também significa que incluímos em nossa consciência a capacidade de nos comunicarmos e nos entendermos uns com os outros, em maneiras que abençoarão a todos, onde quer que estejamos em nossa experiência de vida. Isso é de grande importância em um mundo onde falar outras línguas e comunicar-se com pessoas de outras culturas está se tornando cada vez mais vital na diplomacia, no comércio internacional, nas transações financeiras e na segurança nacional de cada país, bem como em nossa vida diária.

Estamos realmente destinados a vivenciar essa comunicação mais sagrada, exatamente aqui, neste plano de existência, na proporção em que abandonamos a crença de que existam muitas mentes que nunca conseguem alcançar o fato de que somos um. Quando os motivos para a comunicação ficam, desde o início, sobrecarregados com coisas tais como: vontade própria, justificação do ego ou irritação, isso pode produzir algo como um “sotaque estrangeiro”, que leva a obstruir ou interromper completamente a comunicação saudável e produtiva. É necessária uma grande humildade para receber o Espírito Santo e ceder ao influxo do Amor universal que proporciona uma comunicação sob medida para atender à necessidade humana de forma precisa e abençoar, como no Dia de Pentecostes.  

Meu exemplo bíblico favorito desse tipo de comunicação “sob medida” está no Segundo Livro de Samuel. Deus enviou o profeta Natã para repreender os terríveis pecados que Davi havia cometido, tanto na sua relação adúltera com Bate-Seba, como no esquema que ele havia arquitetado para causar a morte do marido dela, Urias (ver 2 Samuel, capítulos 11 e 12).

Natã chegou a Davi com um relato sobre certo homem rico que possuía ovelhas e gado em grande quantidade e outro homem pobre, que tinha somente uma “cordeirinha” que vivia na família e “comia do seu bocado e do seu copo bebia; dormia nos seus braços” e era tida por ele como filha. Então, ele contou a Davi que, a fim de dar de comer a um viajante, esse homem rico havia matado a ovelha do homem pobre, ao invés de pegar uma ovelha de seu próprio rebanho.

É essa dinâmica lei espiritual que constitui e mantém nossa união com Deus, a Mente, a fonte de toda verdadeira comunicação.

A essa altura, “o furor de Davi se acendeu sobremaneira contra aquele homem”. Ele declarou que “o homem que fez isso deve ser morto. E pela cordeirinha restituirá quatro vezes, ... porque não se compadeceu”.

“Então, disse Natã a Davi: Tu és o homem.”

Davi recebeu a repreensão com notável humildade. Ele disse: “Pequei contra o Senhor”. Como Natã conseguiu lidar com uma repreensão à qual provavelmente qualquer rei teria resistido? Como ele conseguiu mostrar claramente ao rei Davi o ponto crucial de sua mensagem?

Será que Natã conseguiu comover Davi, que havia sido um dedicado pastor do rebanho de seu pai, tocando-o talvez no ponto mais terno e vulnerável, no ponto mais receptivo de seu coração: o amor protetor que um pastor tem por todas suas queridas ovelhas? (Ver 1 Samuel 17:34, 35.) Se Natã tivesse vindo a Davi acusando-o dogmaticamente de seus pecados, provavelmente não teria sido muito eficaz. Mas Natã, claramente movido pelo Amor universal, falou com perfeição a “língua” de Davi, sem qualquer “sotaque” estranho ao Amor.

Muitos anos atrás, fui convidada a escrever a palestra principal para um grande encontro que incluiria uma vasta gama de grupos etários, desde crianças de doze anos até adultos. Pediram-me que cuidasse para levar em consideração todas as faixas etárias.

Em meu preparo, compreendi que, se eu escrevesse a palestra tentando agradar humanamente muitas faixas etárias diferentes, eu estaria me intrometendo entre o Amor todo-abrangente e sua expressão. Isso provavelmente poderia resultar em uma mensagem incongruente, desarticulada e superficial. Eu precisava deixar que o Amor se expressasse através de mim, focando somente no fato de que todos somos um com o Amor, o Genitor de todos, que é a origem de toda comunicação real. Então, como no Dia de Pentecostes, eles todos ouviriam o conteúdo em sua “própria língua”, designada pelo Amor para satisfazer as necessidades específicas de todos os presentes na reunião. Após a palestra, os comentários, vindos dos participantes, desde os mais jovens até os mais maduros, mostraram-me que a simplicidade e a profundidade são um, quando cedemos à Mente que é o Amor se comunicando. Na verdade, as preciosas parábolas de Jesus, tão simples e, ainda assim, tão infinitamente profundas, exemplificam perfeitamente essa verdade.

Ao mantermos no pensamento o ideal puro de que a comunicação se origina na Mente, que é o Amor, também conseguiremos reconhecer, negar e excluir os elementos mentais que impediriam a comunicação harmoniosa, elementos tais como: a vontade do ego, o medo, o dogmatismo, o preconceito, a manipulação, a presunção de uma retidão pessoal, a hipocrisia, o orgulho, o ressentimento e a condenação.

Além disso, temos a oportunidade vital de nutrir e praticar as qualidades do Cristo em nós mesmos, as quais possibilitam uma comunicação mais harmoniosa, qualidades tais como: tato, paciência, mansidão, compaixão, pensamento original, integridade, coragem moral, cortesia, desprendimento do ego, apreço e sabedoria.

A falha ou a confusão na comunicação são responsáveis pela maior parte de tantos mal-entendidos, discórdias e tragédias do mundo. Em escala mundial, quando compreendemos que toda comunicação e intercomunicação, em realidade, se originam no Amor universal, a Mente una e única, que expressa a si mesma através de homens e mulheres receptivos, as nações se comunicarão de maneira mais inteligente com outras nações, políticos com políticos, diplomatas com diplomatas, colegas com colegas, professores com alunos, adultos com crianças (e vice-versa), maridos e esposas uns com os outros, seres humanos com outras criaturas.

Sem dúvida, a linguagem humana como a conhecemos é claramente limitada em sua capacidade de expressar ideias espirituais. Mas a questão não é o limite da linguagem humana. A questão é melhorar, avançar, refinar, purificar, elevar e aperfeiçoar a comunicação entre todos os habitantes da terra. Trata-se do Amor ilimitado, todo-abrangente, que satisfaz a necessidade humana de uma comunicação eficaz, por meio da energia dinâmica do Espírito Santo, a lei de que somos um, lei essa que origina, delineia, ordena e governa todas as conversas, da primeira à última palavra.

À medida que desenvolvemos nossa capacidade de praticar nossa união com o Amor, do qual flui toda verdadeira comunicação, a “linguagem da Alma”, mencionada pela Sra. Eddy, permeará nossa comunicação e então a compreensão mútua, não a desarmonia, prevalecerá.

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