Existe um desenho animado em que dois peixinhos estão nadando, e um deles diz: “Não entendo uma coisa: O que é essa tal de água de que tanto falam?”
Faz bastante tempo que eu estudo a Ciência Cristã, e quando leio O Arauto sempre me identifico com essa historinha. Ouvimos muitas vezes que só existe o bem, e podemos ficar tão acostumados com essa verdade, quanto um peixe com a água. Por isso é necessário que façamos esta pergunta: “Será que não presto atenção à gloriosa realidade de que o bem é a única coisa que verdadeiramente está acontecendo à nossa volta?”
Afinal, a eterna presença e onipotência do bem é a base dos ensinamentos de Cristo Jesus e das curas que ele realizou, e é também o que a Bíblia ensina logo no primeiro capítulo: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom...” (Gênesis 1:31).
Pode parecer que a tarefa de admitir em nossa consciência apenas o que é bom seja uma exigência muito difícil de cumprir; mas, não é isso mesmo que o Primeiro Mandamento exige de nós? “Não terás outros deuses diante de mim” (Êxodo 20:3). A palavra Deus se refere ao fato de que o bem é tudo, por isso podemos interpretar esse mandamento com este significado: “Não negarás a infinitude do bem, nem admitirás na consciência coisa alguma que alegue que o mal seja real”.
Manter o bem como a única realidade em nossos pensamentos, palavras e ações, é expressar nossa inata espiritualidade de filhos e filhas de Deus, o Espírito divino. Esse é nosso dever de cada dia e cada hora, além de ser até mesmo a defesa de nossa verdadeira individualidade.
Ora, se achamos que temos de fazer com que o bem se torne real, ou que temos de fazer com que o bem aconteça em nossa vida, essa tarefa pode ser um fardo pesado. Mas criar o bem não é responsabilidade do homem. Tudo o que Deus criou é verdadeiramente espiritual e bom, agora mesmo, e toda a criação, toda a obra de Deus, está completa e é completa. Nosso papel é reconhecer a presença desse bem espiritual sempre ao nosso alcance; e cultivar em nós esse bem continuamente, confiando e nos apoiando nele, tão naturalmente quanto os peixes nadam, respiram, comem e vivem na água que os circunda. Quanto mais desenvolvemos em nós a consciência de que Deus é o bem no qual verdadeiramente vivemos, e quanto mais nela confiamos, tanto mais a vivenciamos; ao voltar nossos pensamentos continuamente para o bem, desmascaramos e eliminamos a “presença” do mal, que nada mais é do que a suposta ausência do bem.
Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã, declara na página 206 de Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896: “O verdadeiro Cientista Cristão realça constantemente a harmonia, em palavras e em obras, mental e verbalmente, repetindo em perpetuidade este diapasão celestial: ‘O bem é meu Deus, e meu Deus é o bem. O Amor é meu Deus, e meu Deus é o Amor’ ”. E na página 277 ela revela seu modo de orar ante as sugestões do mal, e essa maneira de orar é uma lei a ser aplicada por nós: “Nenhuma evidência apresentada aos sentidos materiais pode fechar meus olhos para a prova científica de que Deus, o bem, é supremo”.
É essencial compreendermos que o bem é a única realidade, visto que é mais fácil rejeitar o mal como uma mentira sem fundamento, do que combatê-lo como se fosse algo legítimo e poderoso.
Na vida de Cristo Jesus, o qual nos mostrou o caminho, temos muitas provas de que ele nunca viu o pecado, a doença ou a morte como se fossem reais. Não será esse um padrão para adotar, quando estivermos diante de desarmonias de qualquer tipo? Mesmo se temporariamente estivermos enganados, nada nos pode impedir de despertar para reconhecer o fato de que Deus é o imenso bem que tem todo o poder. Isso se alcança por meio do raciocínio ponderado e da demonstração da lei da harmonia perpétua; e com um profundo reconhecimento de que o reino dos céus sempre está exatamente aqui, exatamente agora.
Se tivermos nos afastado desse importante reconhecimento incondicional do bem, geralmente é por termos sido levados pelas sutis tentações de impulsos humanos, como a curiosidade fora do normal, a justificação do ego, o senso pessoal, a vontade do ego e o egotismo, além da atração advinda do modo pelo qual o mundo aceita as condições materiais como se fossem dotadas de poder.
Nada nos pode impedir de despertar para reconhecer o fato de que Deus é o imenso bem que tem todo o poder.
Existem incontáveis artigos publicados nos periódicos da Ciência Cristã, que falam de recusar-nos a reconhecer o mal como se fosse real. Acho interessante que dois artigos diferentes, com o mesmo título, “Thou shalt not know evil / Não conhecerás o mal,” ambos de autoria de Gladys C. Girard, foram publicados no Sentinel, com um intervalo de 18 anos entre eles, nos exemplares de 25 de janeiro de 1947, e 27 de março de 1965. Vale a pena ler e refletir sobre o conteúdo de ambos.
Fiquei impressionada com esta declaração, no primeiro artigo: “O pensamento humano que toma conhecimento do mal vê sua própria falsa crença. Se os mortais, por meio da vontade humana, persistem em viver em um reino de crença falsa, em vez de viver na realidade, vivenciam resultados desarmoniosos que não são bons nem naturais. O modo errado e material pelo qual os mortais veem a existência opõe-se diametralmente ao que Mary Baker Eddy diz em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras (pp.19–20), ‘Não terás crença alguma de que a Vida seja mortal; não conhecerás o mal, porque só existe uma única Vida — a saber, Deus, o bem’ ”.
O que é a “vontade humana” citada no artigo, a qual insiste em “viver em um reino de crença falsa”? É o estado hipnótico que a Ciência Cristã denomina mente mortal, que definitivamente não é uma mente verdadeira, e, com certeza, não é tampouco nossa Mente única, que é Deus, o bem. Mary Baker Eddy explica: “A mente mortal é uma ilusão; tanto nos momentos em que estamos despertos como nos sonhos, quando dormimos. A crença de que a inteligência, a Verdade e o Amor estejam na matéria e separados de Deus, é um erro; pois não há mal inteligente e não há outro poderalém de Deus, o bem” (Miscellaneous Writings,p. 36).
Não faz muito tempo, passei por um desafio em dar-me conta do fato de que Deus, o bem, é tudo. Em abril de 2016 acordei uma manhã com muita dificuldade para me movimentar. Levantei-me lentamente e com muita dor. Meu estado era debilitante e assustador, mas devido às incontáveis curas que vivenciara no passado, achei que logo estaria bem. Em vez disso, foram necessários meses de confiança inabalável no que eu havia aprendido a respeito da verdadeira existência do homem.
Naquele período, minhas juntas ficaram inflamadas, e minhas mãos incharam. Em várias ocasiões me disseram que o problema era incurável, mas eu sabia que Deus podia me curar. Confiei somente na oração, com a ajuda dedicada, em diferentes ocasiões, de diversos praticistas da Ciência Cristã.
Após um dia em que me sentira muito melhor e mais livre, acordei de noite passando mal e me movimentando com extrema dificuldade. Levantei-me e comecei a lutar mentalmente com a crença de que existisse algum poder que pudesse se opor a Deus. A certa altura adormeci em uma cadeira, e acordei me sentindo como se tivesse levado uma surra. Logo depois, decidi dar as costas ao problema completamente, e viver minha vida da melhor forma que eu pudesse, dando ao corpo o mínimo possível de atenção.
Todos os dias eu me tratava por meio da oração, conforme aprendemos na Ciência Cristã, declarando que o Espírito, o bem, é a única realidade, e ao mesmo tempo eu rejeitava completamente a existência da matéria. Além disso, louvava a Deus por todo pouquinho de liberdade conseguida. A melhora foi gradativa, mas constante, à medida que eu somente admitia que o bem dominasse meus pensamentos. Ao final do verão de 2017 todos os sintomas desapareceram e nunca mais retornaram.
Nada bom ou mau, harmonioso ou desarmonioso, existe na matéria, nem na crença de que haja realidade na matéria, nem ainda na aceitação de um estado da matéria. As Escrituras nos asseguram que Deus é o bem, completamente, e que o homem é a imagem e semelhança de Deus. Essa é a base de toda cura pela Ciência Cristã.
O caráter natural do bem como a expressão de Deus é sugerido em uma frase de Sojourner Truth, (uma abolicionista norte americana) que foi citada em um testemunho na página 442 de Miscellaneous Writings: “Deus é a grande morada que abriga todos os Seus filhos; nós habitamos nEle, como os peixes habitam no mar”.
