A prática da cura pela Ciência Cristã inclui a compreensão de que a Mente divina, isto é, Deus, é a única Mente real, e de que nossa única identidade real é a expressão dessa Mente. Isso significa que nós não temos uma mente pessoal ou uma identidade impulsionada por um ego separado de Deus, a Mente divina, que é una e única, e inclui tudo.
Todavia, nunca temos de renunciar à nossa verdadeira identidade ou individualidade, que existe por ser a imagem e semelhança de Deus, o Espírito, visto que ela é espiritual, não material.
O ponto de vista de que nossa individualidade é material, em vez de espiritual, é o resultado daquilo que a Bíblia chama de “pendor da carne” ou mente carnal, que “é inimizade contra Deus” (ver Romanos 8:7). Mas, levando-se em conta que a mente carnal não é uma mente real, ela na verdade não pode nos influenciar, fazendo-nos aceitar um senso material equivocado a respeito do que é a identidade. Nem pode ela nos impedir de aceitar a verdade a respeito do nosso existir espiritual, que é a própria imagem de Deus. Quando realmente abraçamos essa verdade, começamos a encontrar incríveis bênçãos espirituais.
Foi depois que minha vida começou a desmoronar que aprendi mais sobre minha verdadeira identidade espiritual e confiei em Deus para que cuidasse de mim e me orientasse. Subitamente fui perdendo, uma a uma, várias coisas que eu estimava muito, e minha vida se transformou em uma espiral descendente. Sentia-me impotente, sem esperança e com o coração partido. Eu não sabia como começar a reconstruir tudo.
Eu vinha estudando a Ciência Cristã havia muitos anos, mas, francamente, a colocava em prática nem a compreendia de maneira realmente profunda. No entanto, essa experiência me forçou a estudar muito mais a fundo.
Tenho a sensação de ter nascido de novo no sentido mais verdadeiro e espiritual.
Naquela época, eu mal sabia que já estava realmente em “solo sagrado”. A minha situação era sagrada por causa da verdade com que Cristo Jesus iniciou seu Sermão do Monte: “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mateus 5:3). Na ocasião, eu não entendi muito bem essa bem-aventurança ― a primeira de muitas com que Jesus nos presenteou ― mas, uma paráfrase dela na Bíblia em inglês, versão The Message [A Mensagem], de Eugene Peterson, calou fundo em mim: “Vocês serão abençoados quando estiverem no limite de suas forças. Quando há menos de vocês mesmos, há mais de Deus e seu governo”. À medida que comecei a orar para compreender por que Jesus considerava uma bênção essa qualidade de ser “humilde de espírito”, passei a me dar conta de que todas as perdas que eu sofrera indicavam uma espécie de limpeza, de purificação. Eu não tinha mais nada do meu senso anterior de ego para onde eu pudesse me arrastar de volta, e também já não tinha energia, desejo ou esperança humanos. Foi então que fui forçada a me apoiar de todo o coração em Deus, o Amor divino, em busca de ajuda.
Um dedicado Praticista da Ciência Cristã, a quem eu havia pedido que orasse por mim, falou comigo das boas-novas de que eu estava pronta para nascer de novo. No início, eu não tinha a menor ideia do porquê isso seria necessário, mas fiquei grata por ele ter me sugerido a leitura de um artigo intitulado “O Novo Nascimento”, de autoria de Mary Baker Eddy. Algumas frases no início do artigo me causaram uma forte impressão: “O novo nascimento não é obra de um momento. Começa com momentos e continua com os anos; momentos de entrega a Deus, de confiança como a dos pequeninos e de jubilosa aceitação do bem; momentos de renúncia ao ego, consagração de si mesmo, esperança celestial e amor espiritual” (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896, p. 15).
Aí estava meu ponto de partida para reconstruir minha vida, ou nascer de novo. Eu estava pronta para começar com “momentos de entrega a Deus”. Dia após dia, eu orava por um novo nascimento e comecei a buscar em Deus a única fonte real do meu existir e de todo o existir. Comecei a compreender que Deus, a Alma, é a origem de tudo o que realmente sou e possuo, dando-me felicidade, segurança e completude. Compreendi que, em realidade, eu pessoalmente não possuía nada disso; mas que tudo isso simplesmente pertencia a mim e a todos. Minha alegria e satisfação vinham de Deus e, portanto, sempre estavam seguras sob a guarda do Amor divino.
Uma declaração da Sra. Eddy no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, se destacou para mim: “Esta é a doutrina da Ciência Cristã: que o Amor divino não pode ser privado de sua manifestação, ou objeto; que a alegria não pode ser convertida em tristeza, porque a tristeza não tem domínio sobre a alegria; que o bem jamais pode produzir o mal; que a matéria jamais pode produzir a mente, nem a vida resultar na morte” (p. 304).
Compreendi que, levando-se em conta que Deus, o Amor, não pode ser privado de nada que seja bom, eu também, como imagem de Deus, tampouco poderia ficar privada de algo bom. Cada um de nós sempre inclui e reflete todas as qualidades do ser de Deus, as qualidades do Amor divino. Foi para mim um consolo compreender que nada de bom estava realmente perdido ― nem minha paz, nem minha alegria nem minha segurança.
Passei a compreender-me a mim mesma como emanação da Alma. Levando em conta que a Alma estabelece minha identidade e é a fonte do meu existir, em realidade minha vida não era uma catástrofe; em vez disso, eu era o reflexo brilhante do amor e do bem de Deus. Essa compreensão acalmou o medo e me proporcionou a disposição de abandonar a vontade ou o desejo pessoal, e a confiar no fato de que todas as coisas são governadas por Deus, o Princípio divino. No entanto, isso nem sempre foi fácil. Renunciar a um forte senso de ego pessoal exigiu oração, paciência e um profundo desejo de ver a vontade de Deus sendo feita. Mas, mesmo assim, ficara óbvio que o senso errôneo de ego havia me atirado para fora da estrada e me havia jogado na sarjeta, mas eu estava feliz em abandonar esse senso equivocado.
Também necessitava de humildade para deixar de lado a tendência de perpetuamente ficar me denegrindo como indigna. Fui abandonando muitos traços de caráter humano, à medida que progredia. Eu sabia que a vontade de Deus para mim sempre fora boa e me guiaria para as respostas certas.
Vários anos se passaram, mas a cada dia eu fazia progressos ao entregar a Deus meus desejos e o meu ego pessoal. Houve lágrimas e contratempos, mas também uma renovação espiritual momento a momento, enquanto eu cedia à vontade de Deus e recorria a Ele em busca de orientação. A disposição de me tornar como uma criancinha, e estar com o pensamento aberto e receptivo à orientação de Deus, capacitava-me a dar passos diários para fora do medo, dos maus pressentimentos e do terror. O senso de desamparo, desesperança e de desgosto por fim se dissolveu.
Finalmente compreendi e passei a amar profundamente a primeira bem-aventurança que fala sobre sermos pobres de espírito. Ela não defende uma fraqueza vacilante ou a autodepreciação, mas sim uma receptividade humilde e confiante à maravilhosa bondade que Deus está sempre concedendo a todos os homens e mulheres de Sua criação. Pouco a pouco e a cada dia, eu percebia melhor que Deus estava derramando Seu amor em meu coração, até ele ficar novamente satisfeito.
Ao compreender que não possuo nenhuma capacidade pessoal própria, mas que possuo capacidade ilimitada, por eu ser o reflexo de Deus, percebi que estava prosperando com uma energia recém-descoberta e estava me empenhando na prática da Ciência Cristã. Cada dia se tornava uma oportunidade de abrir mais espaço para Deus em minha vida e menos espaço para um senso pessoal falso e irreal. A compreensão destas palavras de Cristo Jesus: “Eu nada posso fazer de mim mesmo; ... não procuro a minha própria vontade, e sim a daquele que me enviou” (João 5:30), finalmente penetrou em minha mente e se tornou meu “novo nascimento”. Tenho a sensação de ter nascido de novo no sentido mais verdadeiro e espiritual. Sinto-me imensamente abençoada.
