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Original para a Internet

A justiça e as filhas de Zelofeade

Da edição de abril de 2020 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 6 de janeiro de 2020.


Na Bíblia, lemos relatos sobre sociedades em que as mulheres geralmente não tinham nenhuma autoridade e não conseguiam fazer quase nada sem a permissão dos homens da família. No entanto, algumas das histórias mais queridas da Bíblia retratam mulheres que, corajosamente, se defenderam e conseguiram fazer com que a justiça fosse feita.

A história das filhas de Zelofeade é um exemplo inspirador. O livro de Números nos diz que Zelofeade teve cinco filhas, mas não teve filhos. Quando ele morreu, a lei hebraica determinava que seus bens fossem transferidos a seus irmãos, em vez de serem herdados por suas filhas. Para proteger a herança que lhes cabia, essas mulheres desafiaram a lei, apresentando o seu caso perante Moisés e toda a comunidade.

Moisés, por sua vez, levou o caso a Deus. E Deus disse: “As filhas de Zelofeade falam o que é justo...” (Números 27:7). A lei injusta foi corrigida, e as mulheres receberam a herança que por direito lhes pertencia.

Essa história ensina lições importantes. Primeiro, mostra que a autoridade de Deus é suprema. Quando recorremos a ela, em espírito de oração, a lei espiritual prevalece sobre as leis humanas e os costumes sociais, os quais só têm legitimidade e poder na medida em que estejam fundamentados na justiça divina.

A história também nos encoraja a sermos firmes ao buscar justiça, sabendo que só as leis de Deus são imutáveis. As crenças e opiniões humanas, as políticas injustas e até mesmo as promulgações do governo podem ser modificadas e, em última análise, têm de ceder ao poder de Deus.

Recentemente, tive oportunidade de refletir profundamente sobre o exemplo das filhas de Zelofeade. A coragem que elas demonstraram na defesa de seus direitos inspirou-me, quando, desprevenida, fui vítima de golpistas.

Um dia recebi um telefonema de uma pessoa que se identificou como representante da empresa que fornecia software para o meu computador. Ele me deu seus dados para contato e suas credenciais, que pareciam legítimas, portanto, confiei nele.

Esse homem informou-me que meu computador havia sido atacado por um vírus, o que parecia de fato estar acontecendo, e que a sua empresa poderia restaurá-lo. Embora de início não se falasse em dinheiro, logo ficou claro que era isso o que ele queria. Ele e outros que ligaram ao longo das seis horas seguintes afirmaram que eu perderia todo o conteúdo do meu computador, se não fizesse o que eles diziam que precisava ser feito.

Fiquei com medo das previsões assustadoras, cedi às exigências dessas pessoas e deixei que retirassem muito dinheiro, tanto da minha conta bancária, como também da minha conta de pagamento on-line. Os golpistas disseram que ligariam novamente no dia seguinte, quando precisariam receber mais dinheiro antes de restaurar meus dados. Eles me advertiram para não entrar em contato com o meu banco.

Foi aí que ficou muito claro para mim que eu havia sido enganada. Mais tarde, constatei que a libertação estava a apenas um clique de distância e que teria bastado eu desligar meu computador. Mas naquela ocasião eu estava com tanto medo, que não conseguia ver uma saída. Eu me senti impotente e presa em uma trama de maldade.

Minha situação me fez lembrar o que Mary Baker Eddy escreve sobre os métodos enganosos do mal: “As vítimas perdem sua individualidade e se prestam a cooperar na execução dos desígnios de seus piores inimigos, até mesmo daqueles que visam a induzir à sua autodestruição” (“Caminhos que são vãos”, The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Vários Escritos], p. 211).

Apelar, em espírito de oração, à lei mais elevada — o Princípio divino — pode levar a modificações na lei humana.

Depois de reler esse artigo, fui despertada do meu estupor mental. Senti a convicção de que Deus estava governando a situação e que eu podia confiar nEle para assegurar que a justiça fosse feita. Afirmar minha liberdade de pensar corretamente ajudou a restaurar meu senso de autoridade divina.

Veio-me imediatamente ao pensamento que telefonasse para o meu banco e cancelasse os meus cartões de crédito. Quando fui informada de que o banco não restituiria o dinheiro roubado, momentaneamente tive uma grande surpresa. No entanto, relembrando a confiança das filhas de Zelofeade na defesa de seus direitos, senti-me encorajada a persistir.

Vinha-me repetidamente ao pensamento que não adiantava tentar lidar com essa gente; “eles são mais fortes do que eu”, era o que eu achava. Mas continuei a contestar essa sugestão com a afirmação de que a lei de Deus prevalece, porque em realidade não há nenhuma outra lei. Visto que Deus é infinito, o bem é o único poder. O aparente poder do mal é uma mentira, que a Verdade divina põe a descoberto.

Lembrei-me da ocasião em que a Sra. Eddy estava enfrentando um processo judicial, quando ela aconselhou um de seus alunos que estava orando sobre esse caso a afirmar “que a Verdade prevaleceria e que a Mente divina dirigiria o veredicto” (Yvonne Caché von Fettweis e Robert Townsend Warneck, Mary Baker Eddy: Uma Vida Dedicada à Cura, p. 224). Isso foi muito reconfortante para mim e me libertou de tentar sozinha encontrar todas as respostas. Tive a convicção de que, ao confiar em Deus, eu seria levada à resolução correta.

Decidi procurar a ajuda de uma agência do governo, que me aconselhou a respeito da maneira apropriada de entrar em contato com o banco e solicitar que meu caso fosse investigado mais a fundo. Cerca de dois meses depois, fiquei muito feliz por receber um telefonema de um representante do banco, que disse que todo o dinheiro que eu havia perdido seria restituído — além de um pequeno bônus pelo tempo que eles levaram para resolver o caso. A empresa de pagamentos on-line também restituiu todo o dinheiro que eu havia perdido.

Os golpistas continuaram a me ligar pelo menos duas ou três vezes por dia durante as seis semanas seguintes. No entanto, suas mentiras astutas não conseguiram me enganar. A essa altura eu estava mais alerta e menos temerosa, compreendendo que quando o mal é posto a descoberto diante das leis superiores de Deus, ele perde o poder de enganar e controlar. Eu passara a ter domínio espiritual; eu não era uma vítima.

Alguns meses mais tarde, fiquei muito satisfeita quando ouvi no noticiário que quase todos os bancos do Reino Unido haviam alterado seus regulamentos e que haviam passado a restituir dinheiro obtido de forma fraudulenta, por golpistas.

Percebi que havia apenas mais uma questão a tratar, ou seja, eu precisava incluir os golpistas em minhas orações. Sabendo que Deus é o Criador de todos nós, reconheci que a verdadeira natureza de todos eles, como filhos de Deus, era espiritual e que, portanto, não incluía nenhuma influência do mal — só incluía a atração à Verdade e ao Amor. Como a Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “A genuína identidade do homem só pode ser reconhecida naquilo que é bom e verdadeiro” (p. 294).

Apelar, em espírito de oração, à lei mais elevada — o Princípio divino — pode levar a modificações na lei humana, fazendo com que seja um reflexo mais justo e correto da lei divina. As filhas de Zelofeade fizeram isso há 3.500 anos, e nós podemos fazê-lo também.

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