Chegou um dia em que eu caí em mim e pensei: aqui estou eu, um homem de família, com uma esposa maravilhosa, duas filhas pequenas, uma boa casa e um ótimo emprego, mas que, sem perceber, havia perdido o controle sobre o próprio corpo. Eu mal me reconhecia no espelho. Comia tudo o que queria, sempre que queria. Não conseguia mais subir escadas sem ficar sem fôlego. Evitava até mesmo brincar com as meninas no quintal.
Contudo, eu havia tido recentemente um grande crescimento espiritual com o estudo da Ciência Cristã, e esse crescimento havia resultado em cura permanente de enxaquecas recorrentes, um emprego melhor e mais confiança ao falar em público. Portanto, vi que esse problema com o peso era uma oportunidade a mais para orar.
Minhas orações começaram com uma ideia que está no primeiro capítulo do Gênesis, na Bíblia, quando Deus cria o homem à Sua própria imagem, completamente bom. Visto que Deus é o Espírito, a imagem de Deus tem de ser espiritual. Isso significa que Deus não nos vê como matéria, mas como Seus filhos, Seu reflexo espiritual: equilibrados, completos, até mesmo bonitos. Eu tinha o desejo sincero de também ver esse homem espiritual.
Nessa mesma época, um colega de trabalho sugeriu que participássemos de uma maratona, embora nem eu nem ele tivéssemos o hábito de correr. Comecei a ver isso como uma resposta às minhas orações. Justamente quando comecei a orar mais profundamente sobre minha identidade espiritual, surgiu essa oportunidade de explorar minha habilidade dada por Deus de pôr em prática a liberdade de movimentos, a energia, o dinamismo, a alegria e o equilíbrio. Então, me inscrevi na Maratona de Houston.
Comecei um programa de treinamento intensivo, que ofereceu muitas oportunidades de enfrentar minhas limitações. Eu orava diariamente para lembrar que não se tratava de um exercício para perder peso, nem era a vontade pessoal de me forçar a correr, mas era, isso sim, uma maneira de glorificar a Deus.
Em questão de um mês, comecei a ver mudanças. Parei de me olhar no espelho e examinar meu corpo. Concentrei-me mais em moldar meus pensamentos à concepção que Deus tem de mim. Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã, explica em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Despojar o pensamento daquilo em que erradamente confia e das evidências materiais, para que os fatos espirituais do existir possam aparecer — esse é o grande triunfo por meio do qual expulsaremos o falso e daremos lugar ao verdadeiro. Assim, poderemos alicerçar na verdade o santuário, ou seja, o corpo, do qual ‘Deus é o arquiteto e edificador’ ” (p. 428).
Meu foco não está em uma dieta ou em manter determinado peso.
Logo, comecei a naturalmente fazer refeições mais normais. E, em vez de almoçar diariamente em restaurantes, eu aproveitava o horário para uma corrida rápida. Isso me dava tempo para orar tranquilamente. A cada passo, eu me lembrava das qualidades espirituais — como alegria, equilíbrio e integridade — que compõem o verdadeiro existir de todos nós, como filhos espirituais de Deus.
“Exercitar” minha energia espiritual se traduzia em mais resistência nas atividades físicas — e isso geralmente significava correr de manhã cedo, trabalhar muitas horas e depois passar um tempo com minha família. Essas atividades não me cansavam, pelo contrário, me davam energia enquanto via minha vida alinhar-se com a visão que Deus tem de mim.
Consegui correr a Maratona de Houston e continuei meu treinamento para muitas outras competições.
Mas então, vi-me escorregando para o outro extremo. Comecei a dar mais e mais atenção a como determinados alimentos afetavam meu desempenho na corrida. Ironicamente, essa dieta me deixava com menos energia e eu perdi mais peso do que seria considerado saudável. Acima de tudo, meu foco deixou de ser o espiritual e voltou a uma visão material de mim mesmo.
Humildemente, pedi a Deus que guiasse meus passos em todas as coisas, inclusive em relação ao que eu comia e como pensava a respeito da alimentação. Compreendi que minha alegria em correr não dependia da comida ou da ingestão de calorias, mas provinha das qualidades espirituais que eu estava reconhecendo mais plenamente na minha vida. Por exemplo, eu me havia sentido mais bem estruturado, disciplinado e alegre do que antes. E essas qualidades haviam se refletido em toda a minha vida pessoal, beneficiando perceptivelmente a minha família e a mim.
Com esse desejo de deixar que Deus me guiasse, acabaram-se a rígida contagem de calorias e o policiamento das porções. Meu peso também se estabilizou rapidamente.
Hoje, anos depois, continuo gostando de estar ativo. Mas meu foco não está em uma dieta ou em manter determinado peso. Em vez disso, aos poucos vou percebendo como cada faceta do meu dia a dia pode estar em conformidade com Deus. Minha meta é ver a mão divina em todas as coisas. E essa é a linha de chegada que tenho orgulho em cruzar.
