Eu servia como zelador em uma pequena igreja filial da Ciência Cristã, da qual era membro. Eu trabalhava meio período, como autônomo. Após estar desempenhando essa função por três anos, fui eleito Primeiro Leitor e comecei a receber um pagamento honorário, semanal. Não era uma grande quantia, mas essa renda adicional alertou a Receita Federal do Canadá. Depois de examinarem as contas da igreja e os meus impostos, a Receita Federal concluiu que o total da renda obtida com os dois cargos na igreja, mais o fato de que eu negligenciara submeter notas fiscais e recibos pelos meus serviços como zelador, faziam com que minha categoria passasse a ser de “empregado” em vez de “autônomo”. Como resultado, cobraram da igreja uma pequena multa. Além disso, eu devia à Receita Federal anos de impostos atrasados, devido a deduções que não se aplicavam à condição de trabalhador autônomo.
Não me preocupei, pois, embora eu estivesse também me dedicando à arte, ainda não estava estabelecido nessa atividade. Então, imaginei que, se a multa fosse proporcional ao meu rendimento, não poderia ser tão alta. Aliás, um auditor da Receita Federal, o qual deu uma olhada nas minhas declarações de renda comentou: “Não sei como consegue sobreviver com esse dinheiro que você ganha!” Portanto, fiquei bastante chocado quando me disseram que a soma que eu devia era igual a dois terços da minha renda anual, mais três anos de juros acumulados sobre o valor devido! Parecia algo impossível de pagar e comecei a entrar em pânico.
Raciocinei, como autojustificação, que a igreja tinha de pagar o valor que eu devia, porque eu havia me constituído como funcionário autônomo para poupar dinheiro aos membros e eximi-los de complicações no preenchimento de formulários. Para chegar a uma solução, tivemos uma reunião de emergência na igreja, para resolver essa questão. Imediatamente percebi que a maioria achava que eu é que devia esse valor. Houve confusão e desacordo quanto a como, do ponto de vista legal, eles justificariam pagar minha multa, mesmo que quisessem.
No decorrer da reunião, comecei a ver que os meus argumentos eram fracos, pois se baseavam principalmente no medo. Mary Baker Eddy escreve em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “O Cristo é a ideia verdadeira que proclama o bem, a mensagem divina de Deus aos homens, a qual fala à consciência humana” (p. 332). O Cristo, esse “cicio tranquilo e suave” (p. 323) de Deus, me impeliu a desistir do meu argumento e a aceitar minha dívida. Portanto, obedeci e parei de falar. Ao mesmo tempo, os membros da igreja decidiram que era justo eles pagarem quaisquer juros acumulados sobre a multa. Quando terminou a reunião, voltara a boa vontade entre os membros, houve um sentimento de acordo entre ambas as partes, e fiquei confiante em que todos nós seriamos abençoados de alguma forma.
Quando comecei a orar nos dias que se seguiram, várias passagens do livro Ciência e Saúde surgiram no meu pensamento, para me guiar. Por exemplo: “A honestidade é poder espiritual. A desonestidade é fraqueza humana que fica desprovida da ajuda divina” (p. 453). Eu sabia que de maneira nenhuma a igreja ou eu pretendíamos deixar de pagar ou de cumprir nossas obrigações para com o governo. Não tentamos esconder coisas nem inventar recibos ou encontrar desculpas para evitar os impostos devidos. Sem dúvida, éramos amadores em questões de contabilidade, mas éramos honestos. Eu estava orando diante de Deus, o Princípio divino, com a consciência limpa.
Estas passagens de Ciência e Saúde também me deram força e inspiração: “As experiências difíceis comprovam que Deus cuida de nós” (p. 66). E também esta: “O propósito e o motivo de viver corretamente podem ser alcançados agora. Conquistado esse ponto, terás começado como devias. Terás começado pela tabuada da Ciência Cristã, e nada, a não ser a intenção errônea, poderá impedir teu progresso. Se trabalhares e orares com motivos puros, teu Pai abrirá o caminho. ‘Quem vos impediu de continuardes a obedecer à verdade?’ ” (p. 326).
E de fato o Pai abriu o caminho. Alguns meses antes de vencer o prazo para pagar o valor total que eu devia à Receita Federal, recebi um pedido de trabalho artístico para decorar um restaurante. O total dessa remuneração foi mais que suficiente para pagar a multa. Com base nesse serviço que fiz, deram-me mais trabalho nesse restaurante nos anos seguintes.
Fazendo um retrospecto, essa “experiência difícil” me preparou para organizar-me profissionalmente em minha carreira artística e me permitiu testemunhar como Deus, o Amor divino, atende a todas as minhas necessidades. Isso determinou um ótimo começo para meu cargo como Primeiro Leitor e meu futuro como Cientista Cristão.
Herb Jung
Port Hope, Ontário, Canadá
